Perdido em Marte

No fim-de-semana passado fui ver o filme The MartianPerdido em Marte.

Gostei bastante!

É um filme realista sobre a exploração de Marte, que faz uma celebração extraordinária da ciência.

Acho que está ao nível de um Gravidade e Interstellar.
Mas está abaixo do Relatório Europa.
Só para referir os filmes mais recentes…

Mas o filme não é original. É uma mistura de Robinson Crusoe com MacGyver, com a particularidade de ser num cenário diferente.

Em 2035, durante uma missão tripulada a Marte, o astronauta da NASA, Mark Watney, é dado como morto após uma violenta tempestade marciana.
Assim, é deixado para trás pela tripulação da missão espacial.

Mas Mark sobreviveu!
Ele fica preso e sozinho num planeta hostil para a vida humana.

Como ele é botânico, torna-se agricultor em Marte.
Ele aproveita os seus resíduos sólidos para cultivar o solo – com terra e poeira de Marte.
Com isto, consegue cultivar batatas em Marte.

Gostei:

– do título em português: Perdido em Marte. Em oposição ao título original em inglês: The Martian (O Marciano).

– das paisagens deslumbrantes, de Marte e do Vale da Lua (Jordânia).

– de utilizarem uma região real: Acidalia Planitia.

– do interior da nave Hermes, que é estupendo.

– das piadas e da camaradagem entre membros da tripulação. É realista.

– das más condições dadas no JPL – NASA aos empregados (cientistas!) que têm de trabalhar continuamente. Mas se querem o trabalho feito, tem de ser assim. É realista.

– das politiquices da NASA e de outras grandes instituições. É realista, já que é preciso gerir, pesar, ponderar diversas variáveis.

– de utilizarem para contagem do tempo em Marte, os sols. É realmente assim que se contam os dias em Marte.

– do astronauta utilizar a ciência para resolver os problemas. E por ter explicitamente dito isso mesmo: “I’m gonna have to science the shit out of this.”
Aliás, o filme contém bastante ciência.
Ele consegue resolver os diversos problemas com ciência e matemática.

– de ter sido mostrada bastante matemática, como forma de assegurar que só assim se podia sair daquela situação (e não com “energias místicas desconhecidas“).

– de utilizarem a ajuda em Terra, como aconteceu na Apollo 13, e que foi crucial para o salvamento.

– da colaboração com a China, já que cada vez mais missões humanas no espaço dependerão de cooperações entre países.

– dos fatos espaciais, bastante realistas.

– de ter sido desenterrado e utilizado o módulo Pathfinder (que levou o rover Soujourner).

– das actrizes, que fazem sempre bem aos olhos…

– de terem alimentação com barras de proteína/energéticas e suplementos vitamínicos.

– de ele plantar batatas em Marte, como única forma de sobreviver (sem passar fome).

– de ele produzir água a partir da (queimando) hidrazina (combustível de satélites).

– de ter ficado muito lixo em Marte. É bastante realista, apesar de ser péssimo para o ambiente.

– de o ver a desmontar o MAV (Mars Ascent Vehicle).

– de utilizarem a assistência gravitacional para o salvamento.

– de ilustrarem a Segunda Lei de Kepler: quanto mais perto do planeta (centro de massa), mais rápido a nave se deslocaria.

– de ilustrarem a Terceira Lei de Newton, acção-reacção no sentido oposto, quando rebentaram uma bomba para abrandar a nave.

– da referência ao Iron-ManHomem de Ferro.

– do humor, em tom ligeiro, que existiu por todo o filme.

Adorei várias citações no filme:

– “Every human being has a basic instinct: to help each other out. If a hiker gets lost in the mountains, people will coordinate a search. If a train crashes, people will line up to give blood. If an earthquake levels a city, people all over the world will send emergency supplies. This is so fundamentally human that it’s found in every culture without exception. Yes, there are assholes who just don’t care, but they’re massively outnumbered by the people who do.”

– “If the oxygenator breaks down, I’ll suffocate. If the water reclaimer breaks down, I’ll die of thirst. If the Hab breaches, I’ll just kind of implode. If none of those things happen. I’ll eventually run out of food and starve to death. So yeah. I’m fucked.”

– “At some point, everything’s gonna go south on you and you’re going to say, this is it. This is how I end. Now you can either accept that, or you can get to work. That’s all it is. You just begin. You do the math. You solve one problem and you solve the next one, and then the next. And If you solve enough problems, you get to come home.”

– “I’m gonna have to science the shit out of this.”

– “Do the math. Solve the problem.”

– “If I want water, I’ll have to make it from scratch. Fortunately, I know the recipe: Take hydrogen. Add oxygen. Burn.”

– “They say once you grow crops somewhere, you have officially colonized it. So, technically, I colonized Mars. In your face, Neil Armstrong!”

– “I don’t want to come off as arrogant here, but I’m the greatest botanist on this planet.”

– “I’m the first person to be alone on an entire planet.”

– “It’s a strange feeling. Everywhere I go, I’m the first. Step outside the rover? First guy ever to be there! Climb a hill? First guy to climb that hill! Kick a rock? That rock hadn’t moved in a million years! I’m the first guy to drive long-distance on Mars. The first guy to spend more than thirty-one sols on Mars. The first guy to grow crops on Mars. First, first, first!”

– “I wanna be like Iron Man.”

– “I’ve been thinking about laws on Mars. There’s an international treaty saying that no country can lay claim to anything that’s not on Earth. By another treaty if you’re not in any country’s territory, maritime law aplies. So Mars is international waters. Now, NASA is an American non-military organization, it owns the Hab. But the second I walk outside I’m in international waters. So here’s the cool part: I’m about to leave for the Schiaparelli Crater where I’m going to commandeer the Ares IV lander. Nobody explicitly gave me permission to do this, and they can’t until I’m on board the Ares IV. So I’m going to be taking a craft over in international waters without permission, which by definition… makes me a pirate. Mark Watney: Space Pirate.

– “I love what I do and I’m really good at it.”

– “I’m dying for something big and beautiful and greater than me. I can live with that.”

Não Gostei:

– da tempestade, por ter sido forte demais. A fina atmosfera de Marte nunca poderia criar tempestades com aquela força.

– de não haver atrasos nas comunicações. As comunicações deveriam demorar entre 4 a 24 minutos, dependendo da distância a que Marte estava da Terra. Nunca seriam em “tempo-real”, com poucos segundos de diferença.
É verdade que este problema de comunicações é referido, quando Mark tenta falar com a NASA utilizando a câmera do rover; nessa altura é dito que o tempo de comunicação total (pergunta – resposta – recebimento da resposta) é de 32 minutos; no entanto, no resto do filme, parece que as coisas (comunicações) estão a acontecer em simultâneo.

– de na nave Hermes, os astronautas não estarem a voar em microgravidade, mas percebia-se que deviam estar a ser puxados por cabos (devido à posição das pernas ligeiramente mais descaídas)

– do motim na nave Hermes. Na realidade, isso nunca poderia acontecer, até porque os astronautas não eram burros para tomarem decisões quando não estavam na posse de todas as informações. Existe uma hierarquia.
Apesar desta situação não ser credível, tem que se reconhecer que os astronautas – tal como os militares – escolheriam ir recuperar o seu amigo/membro da equipa.

– de ele não ter sofrido com a radiação, que até poderia provocar-lhe cancro.

– das caminhadas dele, que não tiveram em conta que Marte tem menos massa, e por isso o astronauta teria menos peso que na Terra.

– de ele estar quase sempre bem disposto. Não é realista.

– de não ter sido mais explorada a solidão (emocional e real) dele naquele enorme planeta.

– do final. Seria muito mais realista se ele tivesse morrido.

– de algumas partes mais chatas, mas realistas, do filme.

– de existirem pessoas a acreditar que se trata de um filme baseado em acontecimentos reais!

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22 comentários

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    • Dinis Ribeiro on 15/01/2016 at 07:59
    • Responder

    Gostei do filme, e penso que tem (inúmeras?) “indirectas” (umas mais subtis do que outras) sobre vários “temas da actualidade” na exploração espacial, desde a colaboração com a China, a utilização da energia nuclear, a irreverência das novas gerações, etc, etc…

    O tema dos náufragos é verdadeiramente universal, e gostei em particular de outras “referências marítimas” talvez menos óbvias, desde a questão sobre os Piratas e as “Águas Internacionais”, até ao esvoaçar do pára-quedas antes da descolagem, que me lembra bastante o agitar das velas num veleiro…

    Acima de tudo, penso que aborda algumas questões de fundo, justamente em áreas em que eu estou a trabalhar.

    Sugestão:

    NASA’s Cady Coleman on the necessity of circular economy thinking
    http://www.greenbiz.com/video/nasas-cady-coleman-necessity-circular-economy-thinking

    Closing the loop – An EU action plan for the Circular Economy
    http://ec.europa.eu/environment/circular-economy/index_en.htm

    Um ideia mais “moderna” é a existência de “Nutrientes Tecnológicos”, por exemplo…

    The circular economy is a generic term for an industrial economy that is producing no waste and pollution, by design or intention, and in which material flows are of two types, biological nutrients, designed to reenter the biosphere safely, and technical nutrients, which are designed to circulate at high quality in the production system without entering the biosphere.

    https://en.wikipedia.org/wiki/Circular_economy

    Cradle to Cradle design (also referred to as Cradle to Cradle, C2C, cradle 2 cradle, or regenerative design) is a biomimetic approach to the design of products and systems.

    It models human industry on nature’s processes viewing materials as nutrients circulating in healthy, safe metabolisms. It suggests that industry must protect and enrich ecosystems and nature’s biological metabolism while also maintaining a safe, productive technical metabolism for the high-quality use and circulation of organic and technical nutrients.

    https://en.wikipedia.org/wiki/Cradle-to-cradle_design

  1. Se bem me lembro do Robinson Crusoe, a personagem passa o livro todo a agradecer ao “Criador” ou Deus (versão Yahweh) por tudo e mais alguma coisa. O Watney só agradece por o Martinez ser religioso…

    E a referência ao Senhor do Anéis?????? A modos que o Sean Bean esteve presente naquela reunião!!!!!!!!!!!!!!!!!!

  2. Uma viagem de ida e volta a Marte com a tecnologia atual utilizando propulsores de foguetes a base de combustível sólido ou líquido, é muito deficiente e limitado para longas viagens. Não tem como garantir o seu fornecimento quando esgotado o seu estoque se houver necessidades imprevisíveis. Além disso, ainda é muito lento para as dimensões do espaço. Mas se assim for, para reduzir os riscos, o ideal seria um conjunto de três espaçonaves, todas dotadas de recursos para a sobrevivência da tripulação em caso de panes em algumas delas. Uma das espaçonaves seria uma oficina e supridora de energia elétrica por microondas ( sem cabos) proveniente de geradores nucleares que ficariam a uma distância segura das demais para evitar radiações. E em caso de reparos o uso de robôs telecomandados. Mas mesmo esta, os reatores poderiam ser destacados e afastados temporariamente por controle remoto caso haja a necessidade da presença física dos astronautas em situações de emergência. Acredito que somente quando dominarmos a tecnologia de propulsores a base de eletricidade com o uso de reatores nucleares ou que seja aproveitado energia solar, já que é abundante em qualquer lugar, aí sim teremos viagem segura.

  3. Plantar batatas em Marte?!!!

    1. Sim, o Matt Damon tentou comprar um terreno aqui na Terra mas estava muito caro 😛

  4. Complementando o que Carlos escreveu:

    1) O filme também lembra o excelente “O Náufrago” com Tom Hanks.

    2) Pontos fortes: Excelente a maneira pela qual o astronauta explica o que vai fazer, gravando o log da viagem, sempre didático.

    3) Pontos que ‘não gostei’, questionáveis:

    Manuseio da Hidrazina é muito perigoso, não vejo cuidados no filme. Fora da realidade…

    A estrutura de plástico e fita adesiva usada para tapar o rombo no habitat é frouxa e fraca em demasia para suportar a pressão interna de 1 atm.

    Embora a atmosfera de Marte seja muito rarefeita (1% da Terra) retirar a parte superior da nave da missão Ares 4 para poupar peso é incompreensível. A nave ficaria instável (mesmo na tênue atmosfera de Marte) aerodinamicamente e tenderia ao desvio na trajetória no início do percurso.

    O esquema ‘homem-de-ferro’ de usar o ar da pressão interna do traje espacial é inviável tecnicamente, há muito mais chances de ‘errar o alvo’ que se encontrar com a astronauta-chefe que o está resgatando. Em suma, o final ‘a la gravidade’ estraga um pouco o filme. Na distância em que o astronauta estava da nave mãe o resgate seria inviável, a não ser que a astronauta líder usasse os jatos do traje espacial dela para ir até lá e pegá-lo (é o que eu usaria se tivesse escrito o roteiro…).

    No final, o filme mostra o que aconteceu com cada personagem da história. O ponto questionável é que o astronauta latino segue na nova missão Ares 5. Isso é um absurdo, pois ele já esteve exposto a radiação em níveis perigosos por anos na missão anterior. Não há sentido em ser alocado em mais uma missão espacial de longo prazo.

    []s

    1. Excelente complemento! 😀

    • Vergílio Bueno junior on 18/10/2015 at 12:49
    • Responder

    Sim latino se nao me engano o foguete q levou a sonda era chinês

  5. Escapou-te a cena, onde um dos Astronautas da Hermes, no momento da acoplagem com a sonda Chinesa, começou a dar sinais tipo: “podes vir, um pouca à direita, vem, vem… alto que já bateu”!!!

    Bom filme, bem humorado e muito próximo da realidade. A prova que não é necessário ‘super-poderes’ para ser herói!!!

    Abraços

    1. Não me lembro… 🙁

      Ou melhor… foi com o astronauta latino?

      abraços

        • abidos on 20/10/2015 at 03:53

        O Martinez, ficou a fazer a manobra de acoplagem ‘normal’ com o Joystick, controlando o veiculo Chinês; o Beck foi para o exactamente para o modulo onde a veiculo Chinês ia acoplar (algo que nunca se faz por motivos de segurança…), e começou a fazer sinais com os braços…!!!!
        A cena é tão disparatada, que penso mesmo ter sido um trollanço propositado do Ridley…!!!

        Abraços

      1. Juro que não me lembro da cena 🙁
        Eu tenho uma memória fraca, e se não escrevo as coisas… esqueço-me 🙁

        Lembro-me de estarem dois na “portinhola” e depois um deles ser chamado para fazer a bomba…

        Mas se estava a fazer sinais com os braços… talvez pensasse que estava num aeroporto e ia aterrar um avião! ehehehehe 😀

        • abidos on 20/10/2015 at 15:07

        Não foi na cena da Bomba, é quando a Hermes se aproximou da Terra, e recebeu o veiculo de reabastecimento Chinês!

        Abraços

    • Vergílio Bueno junior on 17/10/2015 at 19:54
    • Responder

    VC se daria bem perdido em marte? De todas as questões científicas apontadas por VC a única do filme q não ficou explicada e de onde ele tirou tanto oxigênio pra respirar e ainda fabricar água.

    1. Vergílio, se reparar melhor, verá que eu falo de ele produzir água a partir da queima de hidrazina 😉

      Mas não, eu não me daria bem lá. Eu não saberia fazer nada daquilo. Talvez por isso eu não seja astronauta 😉 ehehehe

      abraços

        • Vergílio Bueno junior on 17/10/2015 at 21:34

        Sim mas no filme ele comenta em passar a hidrazina em um catalizador de iridio para obter hidrogênio e a queima do hidrogenio com oxigênio se obtém agua a questão mesmo e de onde ele tirou todo o oxigênio pra produzir água e respirar.

        • paulo santos on 18/10/2015 at 07:25

        Carlos la nao existe pseudo ciencia 😛

      1. Não sabes Paulo… quem te disse que os Marcianos não são todos astrólogos? ihihihihiihih 😛

    2. Olá,

      No livro está tudo bem mais claro do que no filme. Ele possui no Hab um oxigenador e outro de curto prazo para emergências, pelo que entendi o oxigenador captura o CO2 e o divide e, assim, recaptura o oxigênio.

      No mais, estava apreensivo esperando a crítica de Carlos Oliveira deste filme, pois gosto muito nas informações apresentadas por ele, bem como por todos os colaboradores, neste site!

      1. Espero que a crítica ao filme tenha sido bem aceite 🙂

    3. Assistir o filme neste final de semana e gostei muito. Como se trata de um filme de ficção científica não ouso fazer críticas comparando com as possibilidades reais atendendo os aspectos tecnológicos possíveis da nossa ciência. É evidente que no filme não dá para mostrar todas as dificuldades que certamente iriam aparecer se fosse uma viagem real. Ao contrário da posição de Carlos Oliveira de que o filme deveria terminar com a morte do astronauta como sempre acontece nestes cenários, me sentir feliz por não ter havido, pois sempre me choca quando isso acontece. O que eu achei curioso é que as instalações no solo marciano foram muito espaçosas e confortáveis, de forma que teria que se utilizar de muitas viagens para enviar muito material e equipamento considerando as distancias imensuráveis e muita energia para os transportadores. Em uma viagem real o peso é um dos maiores obstáculos para atender as instalações dos astronautas que pousarem em Marte já que requer muito mais espaço e equipamentos para a manutenção da vida. Acredito que uma das soluções seria a construção de estruturas infláveis de substâncias plásticas. Elas poderiam ser facilmente transportadas ocupando pouco espaço e antes do pouso serem estendidas ainda em órbita formando imensas placas que poderia ser preenchida com o próprio oxigênio transportado, em uma espécie de um gigantesco ultraleve que pousaria suavemente na superfície do planeta. Chegando ao solo o oxigênio seria substituído por espumas de poliuretano que após secar formariam rígidas placas para a construção das paredes dos laboratórios e aposentos. Simultaneamente o oxigênio seria bombeado para os reservatórios vazios de poliuretano para uso da tripulação.

      1. Em qualquer filme, tem que existir sempre uma forma da audiência se sentir ligada ao filme de forma positiva… é o caso da salvação do astronauta 😉 . Na vida real, isso seria muito improvável.
        Por outro lado, apesar de improvável, a tripulação da Apollo 13 foi salva… e isso foi vida real 😉

        Quanto ao resto do comentário, excelente 😉

        abraços

  1. […] dispostos a pagar. Que sejam um exclusivo para a malta que pensa que a história do filme «Perdido em Marte» é baseada em factos […]

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