Siga uma caçada de planetas em direto

Lançada campanha Pálido Ponto Vermelho.

Acaba de ser lançada uma campanha única de divulgação científica que permitirá ao público seguir cientistas por todo o mundo enquanto procuram exoplanetas do tipo terrestre em torno da estrela mais próximo de nós, a Proxima Centauri.

A campanha de observação decorrerá de janeiro a abril de 2016 e será acompanhada de posts em blogues e atualizações nas redes sociais.

Ninguém sabe qual será o resultado nesta caçada; nos meses a seguir às observações, os cientistas analisarão os dados recolhidos e submeterão os resultados a uma revista da especialidade com júri de pares.

Pálido Ponto Vermelho. Crédito: ESO/Pale Red Dot

Pálido Ponto Vermelho.
Crédito: ESO/Pale Red Dot

A uma distância de apenas 4,2 anos-luz do Sol e situada na constelação do Centauro, a Proxima Centauri é a estrela mais próxima do Sol que conhecemos. Observações anteriores mostraram pistas interessantes, se bem que mínimas, de uma pequena companheira em órbita desta anã vermelha. Esta nova campanha fará uma busca mais detalhada e sensível dos desvios do movimento orbital da estrela anã que podem revelar a presença de um planeta do tipo terrestre em sua órbita.

As observações serão feitas com o HARPS (High Accuracy Radial velocity Planet Searcher), montado no telescópio de 3,6 metros do ESO no Observatório de La Silla. Os dados HARPS complementarão as imagens obtidas por uma quantidade de telescópios robóticos situados por todo o mundo.

(A equipa de astrónomos que lidera as observações e a campanha de divulgação é constituída por: Guillem Anglada-Escude, Gavin Coleman, John Strachan (Queen Mary University of London, RU), James Jenkins (Universidad de Chile, Chile), Cristina Rodriguez-Lopez, Zaira M. Berdinas, Pedro J. Amado (Instituto de Astrofisica de Andalucia/CSIC), Julien Morin (Universite de Montpellier, França), Mikko Tuomi (Centre for Astrophysics Research/University of Hertfordshire, RU), Yiannis Tsapras (Heidelberg/LCOGT, Astronomisches Rechen-Institut – Heidelberg & LCOGT) e Christopher J. Marvin (Universidade de Goettingen).)

Os telescópios que fazem parte do sistema BOOTES (Burst Optical Observer and Transient Exploring System) e a rede LCOGT (Las Cumbres Observatory Global Telescope Network) darão um contributo importante a este projeto medindo o brilho da Proxima Centauri todas as noites durante os dois meses e meio de duração do projeto. Estas observações ajudarão os astrónomos a determinar se as variações detectadas na órbita da estrela são causadas por um planeta em sua órbita ou serão antes devidas a efeitos na sua atmosfera turbulenta.

Após a obtenção dos dados pelos diversos telescópios, os astrónomos começarão a analisá-los e, nos meses que se seguirem, os métodos de investigação e as conclusões obtidas serão descritas num artigo científico que será submetido a uma revista da especialidade com júri de pares. Quando a comunidade científica tiver validado o trabalho de investigação, os resultados serão publicados, concluindo assim um longo e substancial programa de investigação científica.

Para além de seguir as observações científicas à medida que forem chegando, a campanha de divulgação Pálido Ponto Vermelho dará ao público a oportunidade de ver como é que se faz ciência nos observatórios modernos e como é que as diferentes equipas de astrónomos com diferentes especialidades trabalham em conjunto para colectar, analisar e interpretar os dados que podem, ou não, confirmar a presença de um planeta do tipo da Terra em órbita da nossa estrela vizinha mais próxima.

(A campanha de divulgação é coordenada pela equipa do projeto com apoio dos departamentos de divulgação científica do ESO, Queen Mary University of London, Instituto de Astrofisica de Andalucia/CSIC, Université de Montpellier, Universidade de Goettingen, Universidad de Chile e Las Cumbres Observatory Global Telescope Network.)

“É um risco envolver o público antes de sabermos o que é que as observações nos dirão — não podemos analisar os dados e tirar conclusões em tempo real. Quando publicarmos o artigo científico sumariando os resultados é perfeitamente possível que tenhamos que dizer que não conseguimos encontrar evidências da presença de um exoplaneta do tipo terrestre em torno de Proxima Centauri. Mas o facto de estarmos à procura de objetos tão pequenos com uma precisão tão extrema é verdadeiramente alucinante,” disse Guillem Anglada-Escude, o coordenador do projeto.

“Queremos partilhar o entusiasmo da busca com as pessoas e mostrar-lhes como é que a ciência funciona nos bastidores, o processo de tentativa e erro e os esforços continuados que são necessários para conseguir fazer o tipo de descobertas que as pessoas ouvem normalmente nas notícias. Ao fazê-lo, esperamos encorajar mais pessoas para os temas ligadas à ciência, tecnologia, engenharia e matemática e à ciência de uma maneira em geral,” acrescenta Guillem.

A campanha de divulgação Pálido Ponto Vermelho irá iluminar o lado geralmente desconhecido da procura de exoplanetas com artigos de base colocados nas redes sociais. Uma grande quantidade de posts em blogues sobre muitos assuntos — incluindo técnicas de busca de exoplanetas, o European Extremely Large Telescope do ESO (E-ELT) e a vida das estrelas — estão planeados e serão escritos por astrónomos, cientistas e engenheiros dos observatórios envolvidos na campanha, assim como por escritores de ciência, observadores e outros peritos nestes campos do conhecimento.

Haverá atualizações diárias nas redes sociais, mostrando ao público como é que as observações estão a decorrer e que eventos estão a acontecer nos três observatórios envolvidos. Para receber as atualizações, convidamos as pessoas a seguir a conta Twitter do Pálido Ponto Vermelho com a hashtag #PaleRedDot.

O nome da campanha inspirou-se na famosa imagem do “pálido ponto azul” obtida em 1990 pela sonda Voyager 1 a caminho do espaço interestelar. A frase foi mais tarde usada por Carl Sagan no seu artigo, Pálido Ponto Azul: Uma Visão do Futuro da Humanidade no Espaço. Como a Proxima Centauri é uma estrela anã vermelha, os astrónomos pensam que um exoplaneta em sua órbita terá uma cor avermelhada. Ao mesmo tempo, tal como a imagem da Terra obtida pela Voyager foi um feito notável para a humanidade, encontrar um exoplaneta do tipo da Terra em torno da estrela mais próxima de nós seria um outro passo em frente para responder à maior questão da humanidade: Estaremos sós?

A campanha Pálido Ponto Vermelho terá início a 15 de janeiro de 2016 com as observações a começarem apenas três dias depois no Observatório de La Silla do ESO, situado na periferia do deserto chileno do Atacama, e prosseguindo até à primeira semana de abril. Espera-se que todos dos dados científicos obtidos no âmbito do projeto estejam no domínio público na segunda metade de 2016, de modo a poderem ser explorados por todos.

Este é um artigo do ESO, que pode ser lido aqui.

4 comentários

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  1. Então, alguma notícia nova sobre o Planeta 9 ou continua sendo apenas uma hitpótese?

    1. É só uma hipótese.

      Dentro de algumas horas, esse artigo deverá ser publicado automaticamente aqui 😉

      abraços!

        • arsenio capelo on 13/04/2016 at 20:09

        ora que chatisse…hoje 13 de abril de 2016 estando no luxembourgo vejo 3 planetas e não sei os nomes….corro a net em tudo o que é sitio e só os brasileiros é que dão dicas que para mim não valem nada porque estão no emisfério sul e eu no norte o que é visto de maneira diferente…será que só os brasileiros é que teem respostas pra tudo ? é que qualquer coisa que eu procuro lá vem os brasileiros com a resposta….vindo á janela pelas 5 horas da manhã locais ( 4 hora em portugal e olhando na direção sul eu vejo bastante á direita a oeste um planeta brilhante….á minha meia esquerda quase na posição sueste vejo outro planeta brilhante visto a olho nu quase igual ao outro em tamanho…logo encostado ao segundo mais para a esquerda vejo outro que é metade dos primeiros e metade de brilho tambem…sei que são planetas porque não cintilam mas que porra…sou curioso e não sei os nomes…alguem por ai me diz como e onde posso saber ????… tudo os graficos que procuro aqui e que contem as posições são de 2015 e isso já foi…muito obrigado e um abraço a quem ler esta mensagem..

      1. Sempre que quiser saber isso, vá a Heavens-Above, escolha a localização onde está, escolha uma data e uma hora, e olha para o Sky Chart, para assim saber o que está no seu céu na data e hora que quer 😉

        Tem Marte e Saturno a sul. Para Oeste tem Júpiter.

        http://www.heavens-above.com/SkyChart.aspx?lat=49.8153&lng=6.1296&loc=Luxembourg&alt=306&tz=CET

        heavens

        abraços

  1. […] 15 de janeiro de 2016, através de uma iniciativa internacional do ESO (European Southern Observatory), denominado Pale Red Dot project, uma equipa de astrônomos […]

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