Sistema de exoplanetas Kepler-223 tem 4 mini-Neptunos

O que podemos aprender com outros sistemas planetários? Basicamente, quase tudo, para que possamos traçar uma analogia do que aconteceu, acontece ou acontecerá com o nosso próprio Sistema Solar.

Sean Mills e Daniel Fabrycky, investigadores da Universidade de Chicago, descrevem a complexa estrutura orbital do sistema extrasolar Kepler-223. Crédito: Nancy Wong / University of Chicago

Sean Mills e Daniel Fabrycky, investigadores da Universidade de Chicago, descrevem a complexa estrutura orbital do sistema extrasolar Kepler-223.
Crédito: Nancy Wong / University of Chicago

Um sistema muito interessante e que tem sido estudado em detalhe pelos astrônomos da Universidade de Chicago, é o Kepler-223. Esse sistema é formado por 4 exoplanetas que orbitam a sua estrela, numa configuração semelhante àquela que Júpiter, Saturno e Urano e Netuno devem ter orbitado o Sol no início da história do Sistema Solar há cerca de 4.6 bilhões de anos atrás.

Os astrônomos analisaram as variações no brilho da estrela causados pelo trânsito dos exoplanetas usando os dados obtidos pelo Kepler e pela sua missão K2. E de acordo com simulações numéricas do processo de migração planetária, eles mostraram que é muito semelhante ao que aconteceu com o Sistema Solar até que os planetas atingissem a configuração atual.

Os exoplanetas do sistema Kepler-223 são do tipo sub-neptunianos, consistindo de um núcleo rochoso e de um envelope de gás, e orbitam a estrela entre 7 e 19 dias.

Além disso, os planetas estão no que os astrônomos chamam de ressonância orbital, ou seja, enquanto o planeta mais longe da estrela completa uma órbita, o segundo completa duas e assim sucessivamente. Esse fenômeno existe no Sistema Solar, nas luas de Júpiter onde ele foi descoberto. Mas com certeza, o Kepler-223 é o exemplo mais extremo desse tipo de fenômeno. Neste caso, por cada 3 órbitas do planeta mais exterior, o segundo orbita 4 vezes, o terceiro 6 vezes e o mais interior 8 vezes.

Ressonância Orbital 8:6:4:3 dos quatro exoplanetas mini-Neptunos no sistema Kepler-223. Crédito da Animação: W. Rebel, Wikimedia Commons. Via AstronomyNow

Ressonância Orbital 8:6:4:3 dos quatro exoplanetas mini-Neptunos no sistema Kepler-223.
Crédito da Animação: W. Rebel, Wikimedia Commons. Via AstronomyNow

Uma questão importante é, como os planetas se formaram e como eles migraram para suas posições atuais. Provavelmente, no sistema Kepler-223, os primeiros planetas migraram pelo disco de poeira, encontraram o terceiro planeta, os 3 então migraram juntos, pararam, encontraram o quarto exoplaneta, migraram e pararam no que seria a configuração atual.

Esse processo é bem diferente, por exemplo, da formação dos planetas do Sistema Solar interno, Mercúrio, Vênus, Terra e Marte, que se formaram pela colisão entre planetesimais, e não migraram: eles se encontram hoje onde eles se formaram. Porém, pode ser que os gigantes gasosos tenham se movido bastante pelo disco, desde a sua formação, mas não estão em ressonância, pois esse é um fenômeno extremamente frágil, e no início, o Sistema Solar não era tão calmo como é hoje, de modo que choques com cometas, asteroides e planetesimais, podem ter tirado os planetas da ressonância.

Estudar sistemas de exoplanetas é de fundamental importância para que possamos entender cada vez melhor como foi a formação e a evolução do nosso Sistema Solar, a nossa vizinhança cósmica.

Fonte: NASA, Comunicado de Imprensa

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