Hubble estuda pela primeira vez atmosfera de exoplanetas do tamanho da Terra

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Em Maio de 2016, uma notícia vinda do ESO dizia que um novo projeto chamado TRAPPIST havia descoberto 3 exoplanetas ao redor de uma estrela localizada a cerca de 40 anos-luz de distância da Terra.
Certos meios até deram a notícia de maneira sensacionalista, dizendo que esses exoplanetas poderiam abrigar vida.

Agora, o Telescópio Espacial Hubble foi usado para pesquisar os exoplanetas conhecidos como TRAPPIST-1b e TRAPPIST-1c. O objetivo principal é de pesquisar a atmosfera dos exoplanetas. Os resultados iniciais foram excelentes para quem quer encontrar vida em outro lugar do universo.

O Hubble não encontrou um envelope de hidrogênio e hélio ao redor dos planetas, o que aumenta muito a chance de habitabilidade dos exoplanetas. Lembre-se: um envelope de hidrogênio e hélio faria com que os exoplanetas experimentasse um grande efeito estufa, o que diminuiria muito a chance de ter vida.

Os astrônomos usaram a Wide Field Camera 3 do Hubble para através da espectroscopia, decodificar a luz e revelar assim a química da atmosfera dos exoplanetas.

Embora não se tenha ainda a resolução necessária para uma definição completa e detalhada da atmosfera, o facto de terem identificado uma baixa concentração de hidrogênio e hélio animou muito os cientistas em relação à habitabilidade dos exoplanetas.

Os planetas orbitam uma jovem estrela, anã vermelha, com 500 milhões de anos de vida, na direção da constelação de Aquário.
O TRAPPIST-1b completa uma órbita ao redor da estrela a cada 1.5 dias e o TRAPPIST -1c completa uma órbita a cada 2.4 dias.
Os planetas estão entre 20 e 100 vezes mais próximos da estrela do que a Terra está do Sol, mas pelo fato da estrela ser muito mais apagada que o Sol, isso coloca os planetas na zona habitável da estrela, ou seja, onde a água pode existir em estado líquido na superfície deles.

Obviamente a pesquisa não acabou. Os pesquisadores esperam usar o Hubble para realizar uma observação mais precisa da atmosfera mais fina, composta de elementos mais pesados que o hidrogênio, como as atmosferas da Terra e Vênus.

Com mais dados talvez eles possam achar assinaturas de metano ou de água na atmosfera, o que ajudaria na estimativa da profundidade da atmosfera.

Mas claro que um trabalho mais completo só acontecerá mesmo com o Telescópio Espacial James Webb. Ele sim será capaz de buscar até mesmo por bioassinaturas na atmosfera, além de determinar a composição completa dela. O James Webb será também capaz de analisar a temperatura e a pressão na superfície dos planetas, parâmetros cruciais para o desenvolvimento da vida como a conhecemos.

Esses planetas fazem parte do projeto SPECULOOS, que procura por planetas do tamanho da Terra em estrelas anãs vermelhas próximas do nosso planeta. A ideia é que esse projeto pesquise cerca de 1000 estrelas. Até agora somente 15 foram estudadas.

Assim, o Hubble tem um papel crucial, pois ele poderá ir selecionando exoplanetas, que depois serão estudados em detalhe pelo James Webb e pelos outros grandes telescópios. Trabalhos como esse só fazem a ansiedade pelos novos telescópios aumentar significativamente.

Fontes: Hubblesite, Artigo Científico

6 comentários

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  1. Experiência semelhante é ter vários dias e noites, num dia/noite bem terráqueo. Tal será a experiência durante meses de qualquer astronauta (cosmanauta) da estação espacial.
    Cumprimentos
    António

    • Reinaldo da Silva on 23/07/2016 at 00:27
    • Responder

    Professor já imaginou como seria estranho ter um ano em apenas um ou dois dias?

    Mais uma conquista do Hubble, este telescópio que tanto contribui para a ciência.

    1. Seria muito estranho para nós… 😉

      Mas supondo que existe “eles” por lá, para eles também seria muito estranho pensarem em anos de 365 dias 😉

      abraços! 🙂

  2. Professor, como seriam as cores e a visão em um planeta como estes, em órbita de uma anã vermelha?

    1. Os potenciais seres complexos, se tiverem visão, provavelmente utilizam o comprimento de onda do infravermelho (calor).
      Como no filme Predator 😉

      http://www.astropt.org/2014/06/03/planetas-em-orbita-de-anas-vermelhas-podem-ter-condicoes-nefastas-para-a-vida/

      As plantas, a existirem, poderão ser negras…
      http://www.astropt.org/2011/04/29/plantas-negras/

      abraços

      1. Eu já discordo que as folhas seriam negras.

        Se folhas negras teriam melhor eficiência, teríamos elas por aqui também.
        As plantas poderiam ter folhas menores e mais eficientes.
        Sobraria recursos para um caule maior e mais raízes.

        Existem algumas plantas com folhas escuras no nosso planeta, mas elas não são muito eficientes e a eficiência delas é relacionada as partes verdes que existem mas quase não se vê.

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