[ET #2] – Estaremos sós no Universo?

2. ET_Frank

Frank Donald Drake é um astrónomo e astrofísico americano, conhecido como um dos pioneiros na procura de inteligência extraterrestre.

Em 1961, Frank Drake tentou responder à questão formulada pelos nossos antepassados sobre estarmos sozinhos no Universo e para tal desenvolveu uma expressão hipotética; agrupou 3 fatores: astronómicos, biológicos e sociológicos e calculou o seu produto (tal como apresentado na figura de cima):

  • Os primeiros são de natureza astronómica e relativamente fáceis de estimar: a taxa de nascimento de estrelas na galáxia (R*), a fração destas estrelas que tem planetas (fp), e quantos destes estão em zonas habitáveis (ne). A estatística produzida pelo telescópio espacial Kepler ajuda-nos a concretizar estas variáveis, nomeadamente a supor que existe em média um planeta por estrela e que a nossa galáxia alberga entre 100 a 200 mil milhões de estrelas.
  • Os fatores relacionados com a vida são: n.º desses planetas que desenvolveram vida simples – unicelular (fl) e desses quantos desenvolveram vida inteligente – multicelular (fi).
  • Por fim, os fatores civilizacionais: quantos planetas com vida inteligente desenvolveram capacidade tecnológica (fc) para comunicar através de ondas rádio e qual o tempo (L) dessa comunicação (ou tempo de vida dessa civilização).

O fator L é de extrema dificuldade de concretização. Os principais motivos são:

  • ausência de termo de comparação, sendo nós a única espécie que conhecemos com capacidade tecnológica; neste contexto, o nosso L é de ~100 anos, altura em que produzimos as primeiras comunicações rádio/televisão.
  • catástrofes naturais, nomeadamente com origem num asteroide em rota de colisão com a Terra que poderá exterminar mais de 90% da sua vida; já aconteceu no passado, acontecerá no futuro. Uma supernova próxima poderá também atingir-nos com radiação gama; o próprio movimento orbital do Sol oscilando no plano galático poderá conduzir-nos para regiões sem gás e poeira, e mais expostas a raios gama.
  • causas humanas, como é o exemplo do crescimento exponencial da população mundial que, a não ser travado, irá resultar num esgotamento das reservas energéticas e alimentares; o aquecimento global do planeta e a possibilidade de um conflito nuclear são outros cenários a considerar.

A nossa evolução tecnológica poderá minimizar os problemas relacionados com as catástrofes naturais, mas em simultâneo irá separar-se da evolução Darwiniana através da manipulação do ADN humano e implantes para aumento da performance corporal (os óculos e as lentes de contacto são um exemplo). Estas melhorias não irão alterar o fator L, no entanto serão o ponto de partida para nos dispersarmos, primeiro pelo sistema solar e depois pelas estrelas mais próximas, e diminuir em simultâneo a nossa exposição à ocorrência de catástrofes naturais e de causas humanas. Existem contras: a manipulação genética levará à reengenharia das espécies e ao desenvolvimento de máquinas inteligentes e também à comunicação com outras sociedades galáticas, inevitavelmente.

Atualmente, a equação de Drake é ponto obrigatório (como se fosse um ponto de partida) nos livros de astronomia que abordam a existência de vida extraterrestre. É uma expressão maravilhosa para quantificar a nossa ignorância mas muito útil para estreitar determinados parâmetros. O que se pretende não é obter uma solução numérica mas sim focalização no processo de sistematização de procura de vida ET.

Na série The Big Bang Theory, Sheldon Cooper descreve a equação de Drake relativa à probabilidade de se contactar com extraterrestres, enquanto Howard Wolowitz, adapta à possibilidade de se conhecer mulheres numa noite de 5ª feira, num bar, ver aqui.

O engraçado desta equação é que quando a usamos, temos tendência a obter sempre resultados diferentes (talvez por aplicarmos novos conhecimentos à expressão), mas que nos dizem quase sempre o mesmo: não estamos sozinhos. A BBC disponibiliza esta página para efetuarmos os nossos cálculos; eu obtive 7 civilizações na Galáxia e os fatores que utilizei foram R*=7; fp=60%; ne=2; fl=80%; fi=1%; fc=1%; L=10.000.

Por agora, a questão filosófica formulada desde o tempo dos nossos antepassados, sobre estarmos sós no Universo vai continuar a aguardar resposta da ciência.

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