Mapeando a Via Láctea de dentro para fora

Crédito: NASA / JPL-Caltech / R. Hurt (SSC/Caltech)

Crédito: NASA / JPL-Caltech / R. Hurt (SSC/Caltech)

Imagine você tentando criar um mapa da sua casa, enquanto está dentro do seu quarto. Você pode até conseguir ver alguma coisa pela porta, espiar nos outros quartos, ou ver alguma coisa pela janela. Mas, no final, as paredes e todos os outros obstáculos, evitam que você tenha uma ideia geral da sua casa.

O trabalho de mapear a nossa Via Láctea, desde a Terra, situada a cerca de dois terços do caminho do centro da nossa galáxia, é algo que tem a mesma dificuldade. Nuvens de poeira permeiam a Via Láctea, bloqueando nossa visão das estrelas na galáxia. Hoje, os pesquisadores possuem um mapa razoável da estrutura espiral da galáxia, mas, como os primeiros exploradores tinham que mapear um novo território, eles continuam seu trabalho minucioso e meticuloso de preencher os vazios.

Recentemente, os pesquisadores estão usando um novo método de mapeamento que usa a vantagem dos dados obtidos pelo Wide-field Infrared Survey Explorer (WISE), da NASA. Usando o WISE, a equipa de pesquisa descobriu mais de 400 berçários empoeirados de estrelas, que traçam a forma dos braços espirais da galáxia. Sete desses aglomerados, são descritos num estudo publicado no Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.

“A localização do Sol dentro do disco galáctico obscurecido pela poeira é um fator complicador para se observar a estrutura galáctica”, disse Denilso Camargo, principal autor do artigo, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul no Brasil.

Crédito: NASA / JPL-Caltech / Federal University of Rio Grande do Sul

Crédito: NASA / JPL-Caltech / Federal University of Rio Grande do Sul

Os resultados suportam o modelo de quatro braços da estrutura espiral da nossa galáxia. Nos últimos anos, vários métodos de mapear a Via Láctea têm levado à imagem atual de quatro braços espirais. Os braços estão onde a maior parte das estrelas na galáxia nascem. Eles estão repletos de gás e poeira, os ingredientes fundamentais para formar as estrelas. Dois desses braços, chamados de Perseus e Scutum-Centaurus, são mais proeminentes e repletos de estrelas, enquanto que os braços Sagittarius e Externo têm muito gás e menos estrelas.

O novo estudo do WISE descobriu aglomerados estelares mergulhados nos braços de Perseus, Sagittarius e Externo. Dados do Two Micron All Sky Survey (2MASS), um observatório baseado em Terra e precursor do WISE da NASA, ajudou a definir com maior precisão a distância para esses aglomerados e apontar sua localização correta.

Aglomerados estelares embebidos são uma ferramenta poderosa para visualizar o paradeiro dos braços espirais, pois os aglomerados são jovens, e suas estrelas não derivaram ainda para fora dos braços. As estrelas começam suas vidas nas vizinhanças densas e ricas em gás dos braços espirais, mas elas migram para fora com o tempo. Esses aglomerados estelares embebidos complementam outras técnicas para mapear a nossa galáxia, como as usadas pelos rádio telescópios, que detectam as nuvens densas de gás nos braços espirais.

Crédito: NASA

Crédito: NASA

“Os braços espirais são como engarrafamentos em que o gás e a poeira se juntam e movem-se mais vagarosamente nos braços. À medida que o material passa através dos densos braços espirais, ele é comprimido e dispara mais formação de estrelas”, disse Camargo.

O WISE é ideal para encontrar os aglomerados estelares embebidos Devido à sua visão infravermelha, ele pode ver através da poeira que preenche a galáxia e esconde os aglomerados. Além disso, o WISE observa todo o céu; assim, ele é capaz de realizar uma pesquisa geral sobre a forma da Via Láctea. O Telescópio Espacial Spitzer da NASA também usa imagens em infravermelho para mapear a Via Láctea. O Spitzer observa ao longo de linhas específicas de visão e conta as estrelas. Os braços espirais terão as maiores densidades de populações estelares.

Outros autores do estudo são: Charles Bonatto e Eduardo Bica, também da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, no Brasil.

Fonte: JPL – NASA

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