Passageiros

O filme Passageiros tem uma premissa simples: 5.258 humanos (5000 passageiros e 258 tripulantes) estão em hibernação dentro da nave espacial Avalon, a caminho do planeta terrestre Homestead II. A viagem demora 120 anos terrestres.

Apesar do escudo protector que envolve a nave, ao passar por um cinturão de asteróides, um enorme asteróide colide com a nave, levando a que uma cápsula de hibernação sofra uma avaria. Nessa cápsula está James Preston, hibernado.
Jim acorda 90 anos mais cedo.

Jim tenta consertar a sua cápsula de hibernação, mas não consegue.
Seguidamente, tenta entrar na zona da tripulação, mas também não consegue.
Após muito tempo sozinho, ele começa a dar em maluco, e pensa em suicidar-se.

Ao ver cápsulas de hibernação com as pessoas lá dentro, ele fica impressionado com a beleza de Aurora Lane – uma outra passageira que está hibernada.
Ele fica obcecado com a desconhecida Aurora.

Após 1 ano acordado, e como se sente muito sozinho, Jim decide acordar a bela Aurora.
Aurora tenta tudo para voltar a hibernar, mas não consegue.

Os dois passageiros acordados começam a conhecer-se.
O mecânico Jim queria ir para o novo planeta porque era uma oportunidade de ser útil, de poder consertar coisas, de ajudar a construir um mundo novo.
A escritora/jornalista Aurora queria ir para o novo mundo, ficar lá 1 ano, e depois voltar para a Terra. Ela voltava para a Terra, mas no futuro: 250 anos depois.

Jim começa a seduzir Aurora.
Ele conquista-a com pequenos gestos (de coisas que ela gosta) e com o extraordinário spacewalk.

Quando ela fica a saber que não saiu de hibernação por acidente, mas que foi Jim que a acordou, ela fica furiosa com ele!

Entretanto acontecem várias avarias pela nave.
A cápsula de hibernação do Chefe do Convés, Gus Mancuso, também avaria. E ele acorda. Mas as avarias na cápsula provocam-lhe danos fatais. Ele acaba por morrer.

Jim e Aurora conseguem, finalmente, perceber qual é o problema da nave: um meteorito (parte do asteróide que colidiu com a nave) atravessou a nave, colocando vários sistemas cruciais com falhas críticas.
Jim consegue consertar a nave.

Eles percebem que a cápsula médica pode ser utilizada como cápsula de hibernação, interrompendo a atividade metabólica da pessoa.
Mas só dá para um.
Jim quer que Aurora volte a hibernar. Mas ela não aceita deixá-lo sozinho.
Ficam ambos a desfrutar da nave durante as próximas dezenas de anos.

88 anos depois, a nave chega a Homestead II.
A tripulação acorda da hibernação e vê que a nave sofreu muitas mudanças.

O início é excelente.

Visualmente, é um filme sensacional.
As imagens espaciais são belíssimas.
As imagens da nave são maravilhosas.
A piscina tem vistas espantosas.
As cenas sem gravidade (ex: na piscina) são visualmente impressionantes!

A tecnologia da nave é excelente.

Os pequenos robôs de limpeza, semelhantes aos aspiradores Roomba mas mais avançados, são interessantes e divertidos.

O barman robô/andróide é fabuloso.

O slingshot (movimento de gravidade assistida) pela estrela Arcturus é visualmente fantástico.

Gostei da comparação feita no filme: Jim e Aurora são como dois náufragos, sozinhos numa ilha perdida.

Vi também uma comparação com a história da Bela Adormecida. Aurora é a Bela Adormecida, por quem o “príncipe” Jim fica obcecado e quer fortemente que ela acorde.

Adorei a citação: “De tanto querermos estar noutro sítio, esquecemo-nos de aproveitar o sítio onde estamos!”

A escritora/jornalista Aurora queria ir para o novo mundo, ficar lá 1 ano, e depois voltar para a Terra.
Ela voltava para a Terra, mas no futuro: 250 anos depois.

Ou seja, na Terra teriam passados cerca de 250 anos, enquanto para ela só teria passado pouco mais de 1 ano – devido à velocidade da nave, 50% a 60% da velocidade da luz, e ao facto de estar hibernada, com diminuição da atividade metabólica.

Assim, ela viveria na Terra no futuro.
Ela perderia todas as pessoas que conhece (porque elas morreriam), mas poderia conhecer pessoas novas.
Basicamente, para ela, será sempre uma viagem só de ida, para o futuro.

A primeira parte do filme é excelente, com uma história apelativa.

É sociologicamente interessante ver Jim ser creepy e um stalker enquanto Aurora está hibernada.

É intelectualmente muito interessante pensar no dilema que Jim teve sobre o que deveria fazer (em relação a Aurora): se deveria acordá-la ou não.
Se a acordar, condena-a a ela nunca chegar ao planeta-destino (arruinando-lhe a vida que ela quer).
Se não a acordar, ele ficará sozinho até morrer…

Mas será ético acordá-la?
O filme – e o dilema dele durante tanto tempo – mostram que acordá-la não é ético.

Se fossemos nós, na mesma situação, o que faríamos?

A segunda parte do filme deixa muito a desejar.
A partir do momento em que ela acorda, o filme passa a ser muito pior.

Em algumas partes, é um filme bastante aborrecido.

Aliás, parece-me claramente uma má comédia romântica no espaço, a partir do momento em que ela acorda.

Sinceramente, tinha preferido que ela ficasse ofendida com ele muito mais tempo. Teria sido mais realista. Ela “desculpou-o facilmente”, após ter sido manipulada por ele.
Não sei se é uma boa comparação, mas fez-me lembrar as vítimas do Síndrome de Estocolmo, em que as vítimas ficam do lado dos manipuladores, sem se aperceberem disso.

Existem várias coisas que não entendo no filme.

Por exemplo, um engenheiro mecânico não consegue consertar a cápsula de hibernação, mas consegue consertar facilmente uma nave espacial futurista? É irrealista.

Assim como é extremamente estranho uma cápsula médica não conseguir curar as doenças de Gus, mas conseguir facilmente ressuscitar Jim.

Além disto, se existiam falhas críticas por toda a nave, incluindo no reactor, módulo de comando e sistemas de suporte de vida, porque outras cápsulas não abriram/avariaram?
Muitas mais outras cápsulas deveriam ter avariado, se a nave estava em condições tão fracas…

2 comentários

  1. Já havia lido outra resenha anteriormente, imensamente parecida com esta. Estava em dúvida entre ver logo o filme ou deixar passar; agora estou praticamente optando pela segunda. Mas por via das dúvidas evitei ler o comentário do ROCA na íntegra, que parece ter muitos spoilers.

  2. O filme começa muito bem… mas…

    0. A causa do acidente é contestável. O choque com um asteroide na metade da velocidade da luz (velocidade relativística) causaria uma onda de choque que destruiria muito mais do que se viu.

    De fato, há paradoxos e incoerências graves na história, depois que Aurora acorda.

    1. Por que só há uma unidade médica de suporte em uma nave com tantas redundâncias, deveria ter pelo menos 5 (1 para cada 1.000 passageiros). Eu colocaria 10! Afinal, os passageiros iriam passar 4 meses antes da chegada ao destino final, preparando-se…

    2. Tendo conseguido acesso a todos os níveis com a ‘pulseira’ do comandante que faleceu, por que não liberar técnicos da tripulação para juntos trabalharem na solução do problema que iria destruir a nave???

    2.1. Mesmo depois de ter consertado o problema causado pelo choque com o asteroide, eles poderiam ter acordado membros da tripulação para solucionar o problema da hibernação, não?

    3. Também vejo como um grave problema a falta de pods de hibernação redundantes (backups), afinal qualquer equipamento pode quebrar. São 5.000 Passageiros, deveria ter pelo menos uns 100 pods sobressalentes disponíveis.

    No mais, as cenas são belíssimas tanto do Universo quanto da espaçonave e seu design futurista magnífico. As cenas de gravidade também são excelentes e os atores não deixam a desejar.

    ROCA

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