[ET #8] – Por que motivo os ETs não comunicam connosco?

ALF, o extraterrestre.

ALF, as iniciais de Alien Life Form, um nome que nos transporta para um ambiente familiar humorado dos anos 80.

Podemos questionar se o motivo dos ETs não comunicarem connosco estará relacionado com o seu código de conduta, e por conseguinte, se devemos suspender imediatamente o envio de sinais para o espaço que anunciam a nossa presença.

Por outro lado, estará ao nosso alcance comunicar com civilizações ETs com a mesma facilidade que comunicavam as personagens da série ALF?

Muito mais difícil do que descobrir outras civilizações poderá ser conseguirmos entendê-las e o melhor exemplo é que até hoje ainda não conseguimos comunicar de forma inteligente com nenhuma outra espécie.

Segundo estudos realizados, o que nos separa geneticamente do chimpanzé equivale a 1%. Este resultado é uma generalização baseada na similaridade entre sequências de aminoácidos de 30 a 40 proteínas básicas presentes em seres humanos e também nos chimpanzés, por um método que compara apenas essas poucas proteínas, denominado hibridização do DNA.

Ora, o chimpanzé por vezes faz uns gestos, tal como o ser humano nos primeiros meses de vida. O Homem ainda não descobriu como comunicar com outras espécies (apesar de falarmos com os animais e plantas, não esperamos que nos respondam na mesma linguagem; podemos entender parcialmente expressões corporais de alguns animais mas ainda não alcançámos  o nível de entendimento que eles possuem entre si, nomeadamente sendo da mesma espécie).

Imaginemos agora uma espécie mais evoluída que a nossa, separada também pela equivalência genética de 1% e na mesma proporção de inteligência do chimpanzé para o Homem. Dirigiu os ETs: “O melhor cientista deles consegue fazer uns cálculos de astrofísica de cabeça, tal como o nosso filho nos primeiros meses de vida”.

Talvez não desperdiçassem o seu tempo a comunicar connosco!

Recordemos o seguinte cenário: Los Angeles, em 1997, temperaturas elevadas, na ordem dos 45 graus celsius, traficantes colombianos e jamaicanos lutam pelo poder e os seus líderes acabam por ser violentamente mortos. Uma criatura ET, dotada de um incrível dispositivo de camuflagem que lhe permite ficar totalmente invisível e armamento sofisticado, pratica o seu desporto preferido ao abrigo de um rigoroso código de honra: a caça, colecionando crânios e colunas vertebrais dos seus oponentes como troféus. Uma visão da ficção científica intitulada Predador II.

Neste contexto, é natural existirem preocupações quanto ao envio de mensagens/sinais a anunciar a nossa presença. A ficção científica retrata os nossos maiores receios mostrando que essas transmissões podem pôr em risco a nossa existência; ao serem captadas algures na Galáxia por uma civilização avançada e hostil, poderão constituir um estímulo para que enviem uma frota estelar para nos destruir ou escravizar.

A questão que se coloca é: devemos suspender imediatamente o envio de sinais para o espaço? A resposta intuitiva é sim, mas façamos primeiro a seguinte análise:

  • o número de transmissões por nós efetuadas foram 17, referentes a 5 mensagens (Arecibo Message, Cosmic Call 1, Teen Age Message, Cosmic Call 2, A Message From Earth). Contas por alto, corresponderá a uma área do céu equivalente a 10^-5 steradian;
  • as transmissões de radar planetárias que fazemos para estudar os planetas e asteroides iluminam uma parte do céu equivalente a 10^-2 steradian (não encontrei uma boa referência para este valor, mas o número não me parece absurdo);
  • daqui se conclui que as transmissões de radar dispersam-se por “áreas” (pelo menos) 1.000 vezes superiores às das 17 mensagens enviadas, e se levarmos em conta que as primeiras são mais demoradas (estimamos em 300 x), então a probabilidade de sermos detetados devido às emissões de radar para estudo e nossa defesa será 300.000 maior.

Como é sabido, ninguém vai suspender as transmissões de radar que são importantíssimas para monitorizar asteroides que possam estar em rota de colisão com a Terra.

Contudo, se mesmo assim persistir a dúvida quanto ao envio de mensagens interestelares, o melhor é pensarmos que se uma civilização ET possuir capacidade tecnológica para alcançar a Terra, também possuirá meios de nos detetar e saber da nossa existência muito antes de receber os nossos sinais. E a ser mesmo assim, pergunta-se novamente: por que motivo ainda não comunicaram connosco? Poderão ser vários motivos, como veremos em pormenor num dos próximos artigos…

5 comentários

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    • Ronaldo Bandeira on 18/01/2017 at 14:19
    • Responder

    Entendo que a baixa probabilidade de sermos detetados, relativamente às diversas formas de transmissão existente (de radar, ou de qualquer outra forma) que possam denunciar nossa presença no Universo, não pode ser usada como justificativa de continuarmos a tentar um contato com os ETs, já que há um risco potencial tão grande e talvez inevitável de sermos dominados ou talvez até extintos por eles, tendo em vista os maus exemplos em toda a história humana, ou da própria e dura regra de Predador x Presa existente na natureza em si (que a princípio, fora qualquer prova em contrário, deve ser a mesma em todo o Universo).

    Você não vê um coelho (presa) tentando se “comunicar ou argumentar” com qualquer outro animal na natureza, que talvez possa ser um seu predador em potencial.

    Se eles nos acharem, ok: Vamos tentar conversar com eles – fazer o que, não é? Caso contrário, devemos ficar quietinhos em nosso canto, e torcer para que não nos achem, até que possamos nos defender (ou até nos tornarmos um predador deles)!!!

    O risco é enorme, qualquer cautela ajuda e nós, que não participamos desta decisão unilateral de tentar um contato, agradecemos.

    Eng. Ronaldo Bandeira

    1. Ronaldo, globalmente concordo com essa posição (em caso de dúvidas quanto ao que poderá acontecer, o melhor é estar sossegado). Mas o que pretendi mostrar no artigo foi que as emissões que produzimos para nossa defesa contra asteróides são muito mais expressivas que as mensagens enviadas, e como tal, mais fáceis de serem detetadas por alguma civilização ET. Mas acredito que acabaremos por ser detetados indiretamente (biomarcadores na atmosfera, emissões FM) com relativa facilidade… depois, faltará resolver o problema da deslocação espacial, hipoteticamente mais complexo.
      Abraço.

    • José Carlos do Canto on 16/01/2017 at 20:38
    • Responder

    Qual garantia que voce tem de não terem se comunicado conosco? E as informações de pessoas abduzidas existentes em todo planeta? Quantos de nós ja não teremos leitura genética diferenciada? Um problema enorme do ser humano é o seu egohocentrismo. Achar que o univereso só existe para esse bando de terráqueos ignorantes….

    1. Tem razão! Um problema do ser humano é o seu egocentrismo.

      Um exemplo claro desse egocentrismo é o comentário do José Carlos do Canto.
      Então o José Carlos acha que os terráqueos são tão fantásticos, a melhor coisa que existe no Universo, ao ponto de num universo gigantesco, os extraterrestres terem que se interessar por esta minúscula partícula de poeira?
      Maior egocentrismo do que esse não existe…

      abraços

      P.S.: “Qual garantia que voce tem de não terem se comunicado conosco?” — esta pergunta é uma Falácia, ou seja, está oposta ao raciocínio lógico, oposta à racionalidade. Nomeadamente, esta é a Falácia da Inversão do Ónus da Prova.

    2. José Carlos,

      Ao longo desta série sobre ETs, temos vindo a estreitar alguns caminhos que nos permitam ter um melhor enquadramento da questão, que por si só, tem muitas varáveis e é sujeita a diversas interpretações.

      Começamos por traçar os caminhos de procura de vida ET, perceber a dimensão em termos matemáticos, abranger várias ideias, até que chegamos a este artigo. E a metodologia até ao final da série vai ser a mesma.

      O melhor mesmo será ler os artigos anteriores (links na parte inferior) e talvez o seu pensamento possa vir a convergir um pouco mais com o meu.

      Obrigado pela participação e abraço.

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