Astrónomos Usam Imagens de Arquivo para Identificar Estrela que Morreu

No passado dia 25 de Maio, o astrónomo amador inglês Ron Arbour, descobriu uma supernova na galáxia espiral NGC 3938, situada a cerca de 40 milhões de anos-luz, na direcção da constelação da Ursa Maior. A análise do espectro da AT2017ein, como foi designada, permitiu concluir que se tratava da explosão de uma estrela muito maciça desprovida das usuais camadas mais exteriores de hidrogénio e hélio. A supernova resultante é de um tipo relativamente raro designado por Ic (“um-cê”). A AT2017ein apresentava ainda alguns pormenores peculiares como o seu brilho anormalmente baixo no momento da descoberta e uma velocidade de expansão do remanescente extremamente elevada.

Entretanto, imagens da NGC 3938 obtidas em vários observatórios na Coreia do Sul, Uzbequistão e Estados Unidos, em redor da data da descoberta, mostram que a supernova não era ainda visível no dia 24 de Maio, um dia antes de ter sido descoberta. O primeiro registo da supernova surge numa imagem obtida cerca de 4 horas antes da data oficial da descoberta, com magnitude 17.7. Esta nova informação mostra que a AT2017ein foi detectada muito precocemente e explica em parte a sua baixa luminosidade inicial. Entretanto, a supernova aumentou de brilho em quase 2 magnitudes, atingindo actualmente a magnitude 14.8, sem contar com alguma atenuação da sua luz pela poeira interestelar na NGC 3938.

A supernova AT2017ein em 28 de Maio de 2017.
Aquisição remota pelo Virtual Telescope. Processamento pelo autor.

A supernova AT2017ein em 12 de Junho de 2017. É notório o aumento de brilho relativamente à imagem de 28 de Maio.
Aquisição remota pelo Virtual Telescope. Processamento pelo autor.

Entretanto, imagens obtidas com a câmara WFC3 do telescópio Hubble em 12 de Junho de 2017 permitiram determinar a posição da supernova com muita precisão. Munidos desta informação, os astrónomos analisaram imagens de arquivo da NGC 3938 à procura de uma imagem da estrela progenitora. E encontraram-na. Em imagens obtidas pela WFPC2 em 11 de Dezembro de 2007, no visível e infravermelho, é visível uma estrela de magnitude 25 numa posição consistente com a da AT2017ein. A análise das imagens mostra que a provável progenitora era muito luminosa nas duas bandas — cerca de 30 mil sóis. As imagens permitem também inferir que a cor da estrela era azul, consistente com a ideia de que as progenitoras das supernovas de tipo Ic são estrelas maciças que perderam as camadas exteriores e, portanto, têm expostas camadas interiores de temperatura mais elevada (mais azuis). A estrela poderá ser mesmo mais quente do que o inferido pelas observações porque não foi tida em conta a provável absorção da sua luz por poeira interestelar na NGC 3938. Esta absorção faria a estrela parecer mais vermelha do que seria na realidade pois a luz azul é absorvida com mais facilidade pela poeira interestelar.

Referências: Descoberta da Supernova AT2017ein.

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