Ondas de Lava registadas na maior cratera vulcânica de Io

O satélite Io de Júpiter possui talvez o vulcão mais ativo do Sistema Solar: Loki Patera.

Esse vulcão é tão ativo que os cientistas pensavam que ele poderia gerar eventos de geração de uma nova superfície dentro da sua caldeira.
E isso realmente ocorre, 1 vez a cada 3 anos: toda a superfície é refeita, devido a essa atividade intensa.

Mas os detalhes desse processo estavam ocultos, pois Io foi observado poucas vezes por sonda.

Mas em 2015 os cientistas tiveram uma oportunidade de mapear em detalhe o que acontece em Loki Patera, durante uma ocultação de Io por Europa, outro satélite de Júpiter.

Assim, no dia 8 de Março de 2015, os cientistas se prepararam para usar o LBT (Large Binnocular Telescope) e observar a ocultação.
O uso do LBT tem dois motivos especiais: ele tem um sistema de óptica adaptativa muito moderno e preciso; e por ser um telescópio parecido com um binóculo ele pode usar a interferometria dos seus dois telescópios para melhorar ainda mais as imagens e os detalhes.

Os astrônomos construíram modelos para tentar entender o gradiente de temperatura dentro da caldeira do Loki Patera. Isso gerou um mapa de como a temperatura varia.
A partir daí, eles conseguem estimar a idade dessa lava e definir se ela faz ou não parte de um evento de geração de nova superfície.

Para ajudar na modelagem, os astrônomos usaram dados da sonda Galileo, além de dados históricos obtidos por grandes telescópios em Terra como o Keck e o Gemini.

Com todos os dados e com o modelo, os astrônomos conseguiram identificar duas ondas de remodelagem da superfície graças à lava do Loki Patera, com um intervalo entre 50 e 100 dias.

A presença de dois eventos fez com que os pesquisadores pudessem entender detalhes sobre a crosta de Io, além da composição da lava, ou seja, se a lava tem mais ou menos gás, e a densidade da crosta.

Os pesquisadores conseguiram também entender de onde esses fluxos de lava são oriundos, identificaram a direção das ondas, e calcularam a taxa de progressão desses fluxos.

E o mais importante: com o modelo e com os dados da ocultação, conseguiram reconciliar e deixar todas as outras informações (dados da Galileo e dados do Keck e do Gemini) coerentes.

Por que isso é importante?
Todos sabem que o sistema de Júpiter é muito complexo. O próprio planeta é complexo e está sendo estudado a fundo pela Juno.
Conhecer o que acontece ali perto é sempre importante. Entender o que acontece em um de seus satélites mais importantes, pode ajudar depois, quando for necessário fazer algum tipo de interpretação sobre o próprio planeta.

Além disso você começa a entender a história de Io.
Eventos vulcânicos criam uma atmosfera transiente em Io.
Agora sua superfície pode ser remodelada por conta desses fenômenos.
Ou seja, cada nova informação ajuda a resolver e encaixar uma peça na história do nosso Sistema Solar.

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