Astrônomos Brasileiros descobrem objeto raro na Via Láctea

Crédito: Agência FAPESP

Um grupo de astrônomos brasileiros, usando o telescópio do Observatório de Brazópolis, no Pico dos Dias, do Laboratório Nacional de Astrofísica, e usando dados públicos obtidos pelo Observatório William Herschel, descobriram algo muito raro na nossa galáxia.
Eles descobriram um par de objetos formado por uma anã branca e por uma anã marrom/castanha.

Uma anã branca representa o final da vida de uma estrela que tenha entre 0.5 e 8 vezes a massa do Sol.
Uma anã marrom/castanha é um objeto subestelar com massa intermediária entre uma estrela e um planeta.

Ao analisar o par com mais detalhe, ele ficou mais estranho ainda, já que a anã marrom prematuramente está depletando a anã branca, arrancando sua matéria.

O sistema binário está localizado na constelação de Perseus.
É um sistema com muito pouca massa. Na verdade, é o sistema de menor massa nessa classe já identificado.

A massa da anã branca está entre 2 e 3 décimos da massa do Sol, e a sua temperatura na superfície é de 28500 K.
A massa da anã marrom é de aproximadamente 34 a 36 vezes a massa do planeta Júpiter.

Esses sistemas possuem uma interação interessante.
A anã branca já foi uma estrela normal, que passou anteriormente pela fase de gigante vermelha, e possui uma grande quantidade de energia.
Com essa grande quantidade de energia, ela começa a interagir gravitacionalmente com sua companheira. Ocorre então a transferência de massa do objeto mais massivo, chamado de objeto primário, para o menos massivo, chamado de objeto secundário.
O objeto secundário é atraído e fica dentro do chamado envelope. Nesse processo, o objeto secundário perde momento angular orbital e colide e fricciona com o envelope do objeto primário convertendo em energia cinética para o envelope.
Quando a energia transferida pelo objeto secundário atinge um ponto que excede a força gravitacional para manter o envelope ancorado ao núcleo do objeto primário, ocorre uma grande ejeção de matéria, arrancando matéria do objeto primário e expondo seu núcleo.

Pelo facto da matéria ejetada corresponder a uma grande proporção da massa do objeto primário, ele tem o que se chama de uma morte prematura.
Ele não é mais capaz de queimar o seu núcleo de hélio e produzir sua própria luz, como resultado se torna uma anã branca.

O objeto secundário – nesse caso, a anã marrom -, adquiriu um pouco de massa nesse processo, mas não o suficiente para se tornar uma estrela.

Óbvio que esse tipo de processo só pode ocorrer num sistema binário, mas como 50% das estrelas de pouca massa da nossa galáxia são sistema binários, esse tipo de trabalho é muito importante.
Já no caso das estrelas de muita massa a proporção é de quase 100% e cerca de 75% irão de alguma forma interagir.
Portanto, essa bela descoberta feita pelos astrônomos brasileiros ajudará e muito no entendimento do processo evolutivo das estrelas, principalmente ajudará a entender a fase final de vida dessas estrelas.

Fontes: Phys.org , artigo científico

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