X-Files está de volta!

A série The X-Files (Ficheiros Secretos; Arquivo X) teve um tremendo sucesso na televisão no final do século XX.

A série voltou com 6 episódios no ano passado (2017), tendo tido um primeiro episódio soberbo e um terceiro episódio que se tornou em mais um clássico. Podem ler aqui.

Agora, em 2018, a série voltou novamente, desta vez com mais 10 episódios!

Mais uma vez, promete bastante. Vamos ver se consegue cumprir as expectativas.

O primeiro episódio é bastante confuso. O seu tema é a procura por William, o filho de Mulder e Scully, que faz parte da mitologia predominante. Ou melhor, parece que William é filho de Scully e do Homem Fumador/Canceroso, com DNA de alienígenas. Gostei do twist (do pai ser diferente), mas não gostei do facto de terem incluído os alienígenas. Gostei bastante de ver que desta vez o My Struggle (o mesmo título de episódio, pela terceira vez) fosse sobre o Homem Fumador/Canceroso. Adorei as palavras ditas com as imagens do presidente Trump, muito atual. Detestei o final da abertura, com a conspiração lunar. Vai promover novamente muitos pseudos. É o pior de X-Files. Outra característica que não gosto é que parece que ninguém morre. O Homem Fumador/Canceroso e Jeffrey Spender estão vivos, como já se sabia dos últimos episódios das temporadas 9 e 10. É uma treta as personagens não morrerem. Como já tinha escrito na última temporada, espero que no último episódio da última temporada, Fox Mulder morra; para ao menos no final a série parecer mais realista nesse aspeto (ele está sempre perto de morrer e nunca morre). Por fim, voltou-se à treta da guerra entre humanos e alienígenas. A temporada 10 tinha mudado para uma conspiração melhor, porque era governamental. Agora, esqueceu-se esse pormenor fantástico, e voltou-se à mesma treta de sempre. Esta mudança para pior não se compreende. Em resumo: este é um primeiro episódio de fraca qualidade.

O segundo episódio começa de forma espetacular! O tema deste episódio é alcançar a imortalidade (viver para sempre), ao fazer-se o upload da inteligência/consciência para uma simulação de computador. Richard Langly, assim como todos os grandes génios modernos (como Steve Jobs), está lá. Mas ele descreve aquele espaço como um horrível paraíso virtual, em que as pessoas se tornaram escravos digitais de uma conspiração empresarial. Este episódio é muito melhor do que o primeiro, estando ao nível do que deve ser um episódio de X-Files. Gostei bastante!

O terceiro episódio é mais um dos episódios autónomos (stand alone) que começam e acabam a história num mesmo episódio. Desta vez, com doppelgänger – cópias idênticas de certas pessoas – que se suicidam misteriosamente. O melhor do episódio é quando Mulder e Scully veem os seus doppelgänger; o problema é que o episódio acaba logo 5 minutos depois e de forma parva. Não gostei.

O quarto episódio é brilhante. Ele lida com potenciais realidades alternativas (universos paralelos) e com a noção de memórias coletivas falsas. O episódio também mostra episódios passados de ficheiros secretos, mas de forma cómica. Aliás, o episódio tem bastante humor, tornando-o quase uma paródia de ficheiros secretos. Dentro do tema das memórias falsas, o episódio deixa perceber que os conspiradores tiveram a sua memória manipulada, daí acreditarem em conspirações absurdas. Ou seja, os conspiradores estão certos de que há uma conspiração, mas eles são as vítimas dessa conspiração, imaginando cenários que não existem. Uma das memórias falsas que nos afetam a todos, é que todos pensamos que o presidente dos EUA é o Trump. Na verdade, é só uma falsa memória! E quando aparece o alienígena final, ele faz um discurso similar ao do Trump: os alienígenas vão fazer um muro invisível ao redor do sistema solar de modo aos humanos não poderem sair, já que os humanos não estão a enviar os seus melhores, mas estão sim a enviar drogas, crime e violadores pelo sistema solar; apesar de alguns serem boas pessoas. O discurso do alienígena termina com a frase “Believe me” – Acreditem em mim; tal como faz o Trump! Uma piada no discurso foi o alienígena dizer que podemos visitar Urano à-vontade (Urano, em inglês, diz-se “ióreinus”, o que é uma piada muito americana já que se parece muito com “Your anus”). Tal como o Trump, o alienígena também diz que tem todas as respostas. A conclusão final do Mulder é divertida: “A verdade é que não estamos sozinhos no Universo. O problema é que ninguém gosta de nós.”

O quinto episódio começa muito bem, com paralisia do sono e projeção de visões. Como se fosse um episódio autónomo (stand alone). No entanto, depois cai na mitologia predominante de Mulder e Scully procurarem o filho, William. William tem poderes paranormais, devido a ter ADN híbrido (humano e alienígena).

O sexto episódio lida com o passado de Walter Skinner, nomeadamente a sua experiência na Guerra do Vietname, em que Skinner e os seus camaradas foram expostos a um gás militar experimental que os fazia ver monstros. Fica-se a saber mais sobre o porquê de Skinner desconfiar do governo. O final do episódio é previsível. Pior do que isso, o final é aparvalhado: Scully vai-se embora mas aparece a tempo de salvar Mulder e Skinner, e Skinner está gravemente ferido e dentro de um buraco mas consegue aparecer a tempo de salvar Mulder e Scully. As cenas finais são de promoção à conspiração dos chemtrails.

O sétimo episódio é fantástico. Dos melhores de X-Files. Tem por título: Rm9sbG93ZXJz. Este episódio centra-se no desenvolvimento de inteligência artificial. O episódio começa por descrever a experiência com Tay – um chatbot criado numa conta no Twitter de modo a que aprendesse ao interagir com os humanos. O problema é que em menos de 24 horas, o chatbot aprendeu a ser preconceituosa, ofensiva, odiosa, racista, xenófoba, nazi, e com uma mente conspiradora. Os Humanos foram obrigados a apagar tudo e a desligar Tay em menos de 24 horas. No entanto, o problema são os humanos, que invadem as redes sociais para serem parvalhões. Por isso, adverte o início de X-Files, qualquer dia são os cyborgs que nos “desligam” a nós… O resto do episódio centra-se precisamente nisto: no desenvolvimento de inteligência artificial (incluindo na que já existe) e nos inconvenientes e até perigos para os Humanos. O episódio começa por Mulder e Scully estarem num restaurante de sushi, todo automatizado (sem humanos), e a seguir Scully entra num carro sem condutor. O episódio continua com drones bisbilhoteiros, incluindo aqueles que nos entregam encomendas, como faz a Amazon. A seguir temos um aspirador-robô e um massajador/vibrador na casa da Scully. No episódio, a tecnologia com inteligência artificial (basicamente, tudo o que utilizamos hoje) vira-se contra Mulder e Scully porque eles não deram gorjeta no restaurante de sushi. É curioso que é um episódio brilhante, mas com muito pouco diálogo. Aliás, eles passam tempo a interagir… mas com os seus smartphones – tal como nós todos fazemos atualmente.

O oitavo episódio é mais um episódio autónomo, em que Mulder e Scully investigam a possibilidade de bruxaria/magia negra ter contribuído para o homicídio de uma criança. O episódio é bom, até porque volta aos temas clássicos assustadores de X-Files, desta vez com aterrorizantes personagens de programas infantis, como os Teletubbies.

O nono episódio é similar ao anterior: mais um episódio autónomo, clássico, de X-Files, em que Mulder e Scully têm que lidar com um homicídio com características estranhas. Desta vez, a investigação leva-os a um culto em que os seus membros consomem os órgãos das vítimas de modo a reverter o seu processo de envelhecimento: ou seja, canibalismo para se manterem jovens. Curiosa é a referência inicial à missa Católica, em que os devotos seguem as palavras de Jesus quando diz: “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue, tem a vida eterna”.

O décimo episódio e último da temporada (e possivelmente da série) é uma desilusão. Volta ao tema central deste reavivar da série, que é o de Mulder e Scully encontrarem o seu filho William. A única virtude do episódio é que neste episódio My Struggle (o mesmo título de episódio, pela quarta vez) desta vez é sobre William. A tagline inicial deste episódio é “Salvator Mundi”, igualando William a Cristo, como Salvador do Mundo. Curioso é que ele tem tantos poderes, e nem sequer consegue fugir devidamente das autoridades e de Mulder. No final, William é assassinado pelo Homem Fumador/Canceroso e Mulder mata (será de vez?) o Homem Fumador/Canceroso. Scully diz a Mulder que está novamente grávida (novamente, uma impossibilidade) e que Mulder, mais uma vez, é o pai. Parece um ciclo, em que se dá as cartas e volta tudo ao mesmo. E William afinal ressuscita das águas (tal como Cristo ressuscitou). O final foi um desastre, sem qualquer empatia pelas personagens.

Os melhores episódios desta temporada foram o segundo, o quarto, e o sétimo!

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