Telescópio maior que a Terra mostra detalhes de jatos de Buraco Negro

Créditos: Pier Raffaele Platania INAF/IRA (compilation); ASC Lebedev Institute (RadioAstron image)

Alguns buracos negros supermassivos no interior de galáxias emitem jatos de partículas, em velocidades próximas da da luz.
Esses jatos são formados teoricamente na ergosfera dos buracos negros, por parte da matéria que não cai no buraco negro mas que é aquecida e acelerada.

Embora os astrônomos entendam relativamente os jatos, existe uma grande dificuldade em estudá-los, pois é muito difícil fazer imagens desses jatos no ponto onde se originam.
Sem essas imagens os modelos ficam sem algo para serem comparados.

Mas agora num esforço internacional, pesquisadores de 8 países se reuniram para fazer imagens de alta resolução do buraco negro no centro da galáxia NGC 1275.

A NGC 1275 está localizada a 230 milhões de anos-luz de distância da Terra, e os pesquisadores conseguiram examinar seus jatos a uma distância equivalente a poucos buracos negros de diâmetro, ou 12 dias-luz de distância do centro do buraco negro, o que é realmente impressionante.

As imagens detalhadas só foram possíveis graças à combinação de um rádio-telescópio de 10 metros que está na órbita da Terra com cerca de 20 rádio-telescópios em Terra.

A técnica usada foi a de interferometria, e quando isso aconteceu, era como se os pesquisadores estivessem usando um rádio-telescópio com 350 mil quilômetros de diâmetro, ou seja, uma antena que teria o diâmetro aproximado equivalente à distância da Terra até à Lua.

O nome dado para essa combinação foi de RadioAstron, e ele se transformou no instrumento de maior resolução angular da história da astronomia.

Créditos: Imagem de satélite: Blue Marble Next Generation, NASA Visible Earth. Ilustração: Paul Boven

Com tudo isso, ao observar o buraco negro no centro da galáxia, os astrônomos conseguiram resultados muito interessantes.

A largura dos jatos é bem maior do que eles esperavam encontrar com base nos modelos teóricos.
Nos modelos, os jatos são lançados da chamada ergosfera, o envelope que envolve o buraco negro.
Os resultados foram tão impressionantes que conseguiram separar partes dos jatos que emanam da ergosfera e parte que emana do disco de acreção, que é uma região externa à ergosfera.
Isso dá uma nova ideia de como os próximos modelos de jatos relativísticos devem ser desenvolvidos.

Outro resultado interessante é que a estrutura do jato da NGC 1275 difere do jato da M87, o único até então estudado com um determinado detalhe.
O jato da NGC 1275 começou a se formar novamente há décadas atrás e está em processo de formação. Isso é importante pois pode-se seguir esse crescimento inicial dos jatos.

Fonte: Phys.org

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