Cientistas portugueses à boleia de missão da NASA para caçar exoplanetas

Imagem artística do TESS no espaço. Crédito: NASA/GSFC

Será lançado hoje para o espaço o TESS (NASA), um observatório espacial que conta com a participação do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA). O lançamento, efetuado por um foguetão Falcon 9 da empresa privada SpaceX, está previsto para as 23:32 (hora de Portugal continental), a partir do Centro Espacial Kennedy na Flórida (EUA).

O TESS (acrónimo inglês para Transiting Exoplanet Survey Satellite, ou satélite de pesquisa para exoplanetas em trânsito) irá observar estrelas brilhantes até 300 anos-luz de distância, à procura de planetas a transitar essas estrelas. Para tal vai usar quatro câmaras CCD de grande campo, com 16,8 megapixéis cada, que ao longo de 2 anos irão cobrir cerca de 85% do céu.

Tiago Campante (IA e Faculdade de Ciências da Universidade do Porto) liderou componentes do trabalho que permitiu moldar os requisitos de desempenho da instrumentação. Para este investigador: “O TESS irá realizar um levantamento dos planetas em trânsito de estrelas na vizinhança cósmica do Sol. Não será difícil imaginar que, num futuro longínquo, quando as primeiras sondas não tripuladas deixarem o Sistema Solar rumo a outros mundos potencialmente habitáveis, estas tenham como destino planetas descobertos pelo TESS.

Mas esta missão não irá só procurar exoplanetas. Margarida Cunha (IA e Universidade do Porto), membro do comité executivo do TASC (TESS Asteroseismic Science Consortium, ou Consórcio de Ciência Asterossísmica do TESS) explica: “Um dos objetivos do TASC é usar asterossismologia para determinar propriedades como a massa, o raio ou a idade dos TESS Objects of Interest, isto é, estrelas em torno das quais se suspeita existirem planetas. A caracterização destas estrelas é essencial para a determinação das propriedades dos planetas em causa e também para a caracterização dos respetivos sistemas exoplanetários.

Para além disso, o TASC vai explorar os dados sísmicos obtidos pelo TESS para muitas outras estrelas de diferentes massas e fases de evolução. Cunha acrescenta: “A ideia é estabelecer limites cada vez mais apertados à física das estrelas, para melhorar os modelos de evolução estelar, que por sua vez são utilizados para caracterizar as estrelas, incluindo aquelas em que se suspeita existirem planetas, mas para as quais não há dados sísmicos.

Tiago Campante é também um membro do grupo de trabalho responsável pela seleção e priorização de alvos científicos do TESS. Recentemente recebeu uma bolsa Marie Sklodowska-Curie, para aplicar no estudo da evolução conjunta das estrelas e dos planetas. O projeto, distinguido pela Comissão Europeia com 160 mil euros, visa detetar e caracterizar planetas gasosos em torno de gigantes vermelhas, estrelas mais velhas do que o Sol, usando dados obtidos pelo satélite TESS.

O envolvimento do IA na missão TESS faz parte de uma estratégia mais abrangente para o estudo e caracterização de estrelas e exoplanetas. Nuno Santos (IA e FCUP), líder da linha temática “Deteção e caracterização de outras Terrasdo IA comenta: “O IA está envolvido em vários esforços que vão permitir complementar de forma crucial os dados do TESS. São disto exemplo instrumentos como o ESPRESSO, HARPS, NIRPS ou SPIRou. Esta participação vai ainda ajudar a preparar as missões espaciais CHEOPS e PLATO, da Agência Espacial Europeia (ESA), nas quais o IA está envolvido ao nível do planeamento e da construção”.

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