O que fazer sob céus distantes: Fobos

Em 1971, Alan Shepard, comandante da missão Apolo 14, jogou um pouco de golfe na baixa gravidade do solo lunar. O taco usado está em exposição no museu USGA, em New Jersey (Estados Unidos), e as bolas de golfe usadas continuam lá pela Lua mesmo.

Como serão, no futuro, as práticas rotineiras e até esportes, quando se tornar comum a presença humana em outros mundos do sistema solar?

Essa série de artigos pode ser seu guia de afazeres pelo espaço para aproveitar ao máximo sua estadia em outros planetas e luas do império solar num futuro próximo. Nossa primeira parada é uma das pequenas luas de Marte.

Em Fobos (Phobos)


Satélite natural de Marte
Diâmetro: 22 km
Gravidade: 0,0057 m/s²
Período orbital: 8 horas

Tão perto de Marte que pode ser ocupada como uma estação espacial na conquista do planeta vermelho, a lua Fobos é pequena e irregular como um asteroide, tendo uma gravidade quase insignificante. Em consequência disso, lá pode-se fazer algumas coisas bem divertidas para passar o tempo ou manter a forma…

Levantamento de Peso: O campeão nesta modalidade poderá levantar pesos que na Terra estariam na ordem de centenas de toneladas, o que pode parecer surreal. No entanto, de facto, o peso das coisas é uma consequência da aceleração da gravidade sobre a massa dos objetos, e a gravidade em Fobos é ínfima.

Arremessos orbitais: Talvez vejamos uma nova forma de esporte; algo semelhante ao basebol. Lembrando que, além da baixa gravidade, Fobos é também um mundo muito pequeno. Se tiveres precisão suficiente, podes arremessar uma bola de basebol ao horizonte e ver ela ir cada vez mais longe sem cair, até simplesmente descer o horizonte sumindo de sua vista. Espere um pouco e olhe na direção exatamente oposta a seu arremesso, e verá a bola ressurgir vindo em sua direção, sem nunca ter caído. O que aconteceu de verdade é que tiveste força suficiente para criar uma pequena lua temporária, colocando-a em breve órbita ao redor de Fobos. Na verdade, seria preciso bastante precisão para esse feito; pois mais fácil seria ela encontrar um obstáculo e perder a trajetória – Fobos é bem irregular – ou demasiada força no arremesso a faria escapar da gravidade e se perder para sempre no espaço.

Espeleologia: As evidências apontam que Fobos é um mundo cheio de “vazios” no seu interior, que devem estar na forma de enormes cavernas e galerias. Explorar essa escuridão alienígena saltando entre as paredes valendo-se da baixa gravidade, também seria bem interessante.

Contemple o Céu: aproveite o céu sem atmosfera de Fobos para ver o enorme semblante de Marte no firmamento. Sendo a lua mais próxima ao seu planeta no sistema solar, Marte aparece no céu de Fobos cerca de cento e sessenta vezes maior que a Lua no céu da Terra, literalmente cobrindo uma grande fração do mesmo. Pode-se ver até mesmo a olho nu detalhes da superfície do planeta vermelho, como os enormes vulcões e vertiginosos cânions.

 

O que não fazer em Fobos

 

Caminhar: Nem tente, pois não é possível. A melhor forma de se locomover é dar pequenos impulsos e assim acostumar-se à intensidade necessária para percorrer as distâncias necessárias, flutuando durante dezenas de metros antes de voltar ao chão.

Saltar: se usar força demais, pode simplesmente escapar da gravidade da pequena lua sem ter condições de voltar à superfície, ficando à deriva no espaço até que tenhas a sorte de ser resgatado de alguma forma.

Pisar com força: A superfície é coberta por regolito poeirento e escuro chegando a grandes profundidades. Quando uma baixa gravidade é o que prende os grãos de poeira no chão dum mundo sem ventos nem atmosfera é melhor tomar cuidado. Uma pisada pode levantar uma nuvem enorme e escura de poeira à sua volta, acabando com sua visibilidade por dezenas de metros.

 

Essas são algumas das possíveis experiências no futuro da exploração do planeta vermelho, que certamente passará muitos episódios na superfície dessa pequena lua marciana, protegendo os astronautas da radiação e intempéries da superfície de Marte.

Até mesmo um pequeno asteroide preso na gravidade de um planeta muito mais complexo e interessante pode ter muitos atrativos. De facto, o cosmos contém muitas maravilhas.

Agradecimento: Núrya Ramos, pelo apoio e revisão gramatical

2 comentários

  1. O ideal seria enviarmos androides que pudessem ser controlados remotamente.
    Com a internet quântica seria possível fazer em tempo real.
    Então vestiríamos um ambiente virtual 3D e estaríamos fazendo coisas em Phobos ou qualquer outro lugar.

    1. É uma boa ideia, e acho que assim será no futuro, provavelmente, pra muitos lugares inacessíveis no universo, também.
      Porém, a sensação de sentir aquela diminuta gravidade só indo lá mesmo…
      Abs

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