Opportunity moribundo

Crédito: NASA

Após 14 anos e mais de 45 quilómetros, parece que o rover Opportunity morreu…
Era para durar somente 90 dias, e durou pelo menos 14 anos. Por isso, mesmo que não recupere, a missão é um tremendo sucesso!

Um dos rovers mais famosos da atualidade, deixou de contactar a Terra a 10 de Junho.
Nessa altura, uma tempestade de poeira que englobou o planeta Marte deixou muita poeira sobre os painéis solares do rover. Isso faz com que não receba energia e por isso não consiga contactar a NASA.
Por outro lado, também não tem energia suficiente para se manter quente. O frio crescente pode danificar os seus circuitos eletrónicos.

Esta tempestade de areia foi uma das mais intensas já registadas em Marte.
E parece que o rover Opportunity não lhe sobreviveu.

Note-se que o Spirit “morreu” em Março de 2010, durante um inverno Marciano.
Os engenheiros da NASA tentaram contactar o rover Spirit durante mais de 1 ano, mas sem sucesso.

Créditos: NASA / JPL / Cornell University, Maas Digital LLC

Entretanto, a tempestade de areia dissipou-se, deixando de bloquear o Sol.
A esperança voltou. Pode ser que os últimos ventos retirem alguma da poeira sobre os painéis solares, e permitam ao rover alimentar-se de energia solar, que converte em energia elétrica. Pode ser que consiga recarregar as suas baterias e voltar novamente ao ativo.

Desde 10 de Junho que a NASA já enviou centenas de comandos para recuperar o rover, mas sem sucesso.
Há quase 6 meses que está sem dar notícias…
Mas a NASA continua a tentar reavivá-lo. A próxima atualização da situação será feita em Janeiro de 2019.

Fontes: Opportunity Updates, NASA Updates, Business Insider.

5 comentários

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  1. Dr Carlos, seria possível instalar pequenos compressores de ar, ou algo semelhante que o próprio rover pudesse “assoprar” em suas células solares, para tirar a poeira de cima das mesmas?
    Ficar dependendo de um vento marciano para limpar as células é demais.

    Abraços do Brasil, sou seu fã.

    Ulisses Soares.

    1. Olá Ulisses,

      Como é que os instalava agora? 😉
      Eles não existem, por isso não se pode ir lá instalar 🙂

      A sua pergunta pode ir no sentido dos próximos rovers. É isso?
      Nos próximos rovers, essa pode ser uma ideia interessante. Mas vejo, assim de repente, dois problemas: incluir compressores de ar iria aumentar o peso do rover (em que cada grama está ao peso do ouro), e fazer funcionar os compressores requer energia (onde estaria essa energia se não é possível retirá-la dos paineis solares?).
      Ou seja, como colocaria os compressores a funcionar se não tem energia sequer para ligar o rover?

      O facto do vento solar soprar a poeira de cima dos paineis solares foi uma excelente surpresa que tivemos com o Spirit e precisamente com o Opportunity. Uma das razões para o tempo de vida estimado destes rovers ser tão curto é porque se pensava que iriam acumular muito pó nos paineis solares. O facto do vento marciano limpar esse pó, foi uma agradável surpresa, que fez com que o rover durasse 14 anos mais do que se pensava.
      Assim, só temos que celebrar a vida do Opportunity. Ninguém pensava que ele iria durar tanto 😉

      abraço!

  2. Carlos, uma questão que me saltou aos olhos. A princípio poderia se pensar, eu pensava, que em 14 anos de exploração um rover poderia explorar centenas de quilômetros da superfície do planeta, mas na matéria diz “apenas” 45 quilômetros. Poderia dar mais detalhes, porque ele não explorou uma região maior? Limitação físicas geográficas ou do proprio robo, passo lento para coleta e material? Grato!

    1. Marcos,

      Imagine que está a jogar Doom com um joystick.
      Imagine que a informação que envia do joystick só chega ao jogo 10 minutos depois.
      Quando desse a ordem de “parar”, já o seu jogador tinha ido contra paredes ou tinha sido morto.
      Certo? 🙂

      O mesmo se passa em Marte. Os rovers (todos eles) têm de andar bastante devagar, devido à perigosidade do terreno, muito empedrado.
      Dá-se a ordem a partir da Terra para ele andar um pouquinho. Essa ordem chega lá. Ele anda um pouquinho e vê onde está. Envia a informação para a Terra. Somente 40 minutos depois (por vezes, porque depende da distância de Marte) é que recebemos a informação onde ele está agora.
      Seguidamente, repete-se o esquema de comunicação.

      O objetivo é a segurança. Para, sem querer, não estarmos a enviar o rover contra uma pedra, e imediatamente ficarmos sem funções no rover.

      Por vezes, também é pelo que diz: fica no mesmo sítio muito tempo, para estudar geologicamente o terreno à sua volta, coletar e analisar amostras, etc.

      No caso do Opportunity, como teve por objetivo estudar a cratera Endeavour, deslocou-se para lá, e tem estado a estudar os limites exteriores da cratera com muito cuidado, para não cair lá para dentro.
      https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/4e/Opportunity_rover_lifetime_progress_map.jpg

      abraços!

        • MARCOS on 29/11/2018 at 18:04

        Fantástico! Obrigado pela explicação.

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