Hoje entrei no Facebook, e chamou-me a atenção uma mensagem de um amigo meu, astrónomo, que fazia referência a um PÉSSIMO artigo num blog de ciência.
Fui vê-lo. O artigo é este.
O artigo é de André Levy Martins Coelho, que é biólogo, que tem doutoramento numa especialidade relativa à ecologia e evolução, tem uma página no YouTube, e até tem livros escritos em conjunção com o professor Francisco Carrapiço, conhecido na astrobiologia.
O que me apraz dizer deste péssimo artigo?
1 – Aqui nos EUA há algo a que se chama “accountability“, que se pode traduzir como “responsabilização”, ou assumir responsabilidades pela avaliação que é feita ao seu trabalho. Admira-me BASTANTE que num blog que se intitula “viver a ciência” deixem passar este tipo de artigos a promover e a divulgar a ignorância científica, e que não haja ninguém, sobretudo os outros colaboradores, que chamem à atenção o autor deste texto para imediatamente se retratar e não dar péssima imagem de si e de todos os outros no blog.
Admira-me ainda MAIS que existindo uma associação do mesmo nome, supostamente responsável por este blog, não avalie o que é escrito, e corrija tudo o que seja uma divulgação deficiente e ignorante da ciência.
Supostamente a missão desta Associação “pretende contribuir para a promoção da ciência e dos seus cientistas, ao mesmo tempo encorajando o financiamento privado em investigação científica”. Com estes artigos, e não havendo responsabilização, o que a Associação está a contribuir é para a promoção da pseudo-ciência e a contribuir para a ignorância científica.
Mesmo aqui no astroPT, que fazemos as coisas por carolice, e nem sequer pedimos doações, existe uma “accountability” notória. Quando há erros, são corrigidos. Quando há coisas mal ditas, e nos é explicado com razão, então é mudado. Se forem ver posts da semana passada, até vêem que fizemos isso por 3 ou 4 vezes. É normal. Da mesma forma que no passado, até já tivemos problemas com posts que não tinham uma racionalidade científica por trás, e os posts foram avaliados e retirados. Daí que acho um disparate o artigo, mas penso ser incompreensível que a associação e os outros autores do blog se deixem ser arrastados por esta falta de cultura científica. Ficam todos mal na fotografia!
2 – O astroPT tem inúmeros posts sobre pseudo-ciência, e sobre a falta de literacia científica existente na população.
Por vezes pensa-se que só quem não é de ciência é que é ignorante em assuntos de ciência. Isso não é verdade!
Existe muita iliteracia científica nos próprios cientistas, sobre matérias que saem fora do âmbito das suas pesquisas específicas.
Ou seja, como demonstram alguns estudos nesta área, o que se passa é que os próprios cientistas sentem-se perfeitamente à-vontade para falar de assuntos na sua área científica específica, mas quando saem dela, cometem os mesmos erros, dizem os mesmos disparates, e por vezes promovem a mesma incapacidade de raciocínio crítico das pessoas de áreas não-científicas. Os cientistas têm uma “bolha de conhecimento científico”, e quando falam de outras ciências, “metem água”.
Foi o que aconteceu neste artigo. O autor lembrou-se de escrever sobre assuntos que não domina, e promoveu a divulgação de disparates.
Isso é uma das formas de Iliteracia Científica.
3 – Este ponto 2 explicará também o ponto 1. É que a equipa desta associação, excepto uma pessoa, tem um conhecimento científico limitado à biologia. Daí que tudo o que saia deste âmbito, dão a entender que não conseguem avaliar os disparates.
4 – Os disparates começaram logo pelo título: Newton há mais de 300 anos ligou as leis da Terra às leis do Espaço. Toda a gente percebe que a Terra faz parte do “espaço”, faz parte do Universo, e que as leis científicas se aplicam em todo o lado. Penso que toda a gente percebe que a Terra não passa de uma rocha que mais não é do que a nossa nave espacial, na qual viajamos todos os dias, e que nos permite, por exemplo, dar uma volta ao redor do Sol todos os anos.
Daí que colocar um título em que se tem que escolher OU a Terra OU o espaço, é obviamente um disparate logo de entrada. Ou o autor pensa que é um “iluminado” que será um cientista muito mais inteligente e consagrado que o Newton, ou então é um disparate que visa promover uma PÉSSIMA ciência.
5 – Diz o autor que foi Sagan que lhe despertou o interesse pela ciência há já muitos anos atrás. Aconselho a reler os livros do Sagan. Porque é notório que OU não aprendeu OU já se esqueceu de tudo que Sagan defendia e provava na sua divulgação de ciência.
Sagan era reconhecido por saber de ciência de uma forma transversal, ou seja, era bastante culto em várias áreas científicas. O autor deste texto provou ser a antítese de Sagan.
Numa altura em que se visa ter um conhecimento mais abrangente, com esta suposta “escolha”, o autor visa promover a divisão na ciência!
6 – Realço esta frase: “Mas mesmo esse esforço de exploração do espaço me parece, reitero num contexto de recursos limitados, um desperdício”.
Qualquer pessoa minimamente inteligente (o que neste caso quer simplesmente dizer que tenha um mínimo de informação e que saiba procurar informação), consegue ir ao Google e procurar vantagens da exploração espacial no dia-a-dia das pessoas.
Neste blog, por exemplo, temos este post com centenas de aplicações (estamos a falar SOMENTE de tecnologias, e nem sequer vamos falar de como estudamos a Gravidade terrestre com exploração espacial, entre outras leis e teorias científicas. Ou até da detecção de asteróides em rota de colisão que possam acabar com a vida na Terra!). Leiam o post. E muitas mais temos nesta categoria.
Ou seja, escrever essa frase foi um disparate do autor do texto. Mas ainda se torna pior quando a seguir demonstra desconhecimento de como a exploração espacial também ajuda a saber o que se passa no fundo dos oceanos. Não me apetece estar a colocar aqui como isso acontece; quem tiver pelo menos 2 neurónios, que procure, que eu não ando a ser pago para ensinar “associações de ciência”.
Concluindo, defender que OU tem que se ir ao espaço OU tem que se saber mais do mar, é uma escolha que NÃO FAZ QUALQUER SENTIDO!!! Como o próprio Carl Sagan lhe diria, se o autor tivesse realmente compreendido Carl Sagan, em vez de somente mencionar o seu nome.
7 – Diz o autor: “a Astrobiologia, que em parte se preocupa com a descoberta de formas de vida noutros planetas”. Isto está certo. O problema é que o resto do texto é a assumir que a astrobiologia SÓ se preocupa com vida fora da Terra. E isso é UM ERRO!
A astrobiologia, como qualquer definição em sites científicos, em livros científicos, ou em “papers” da área diz, é o estudo da VIDA NO UNIVERSO. A TERRA está no UNIVERSO. Logo, o estudo da vida na Terra faz parte do âmbito da astrobiologia! E aliás, é isso que se vê na maior parte da investigação de astrobiologia.
Basta ir a conferências de astrobiologia para se perceber, por exemplo, que uma ENORME secção, e normalmente uma das que tem mais “adeptos” é o estudo de extremófilos – estudo da vida em condições extremas na TERRA! Incluindo nos MARES.
Aliás, basta ver quem trabalha com o NAI (NASA Astrobiology Institute), as actividades que o NAI faz, e sobretudo as áreas de financiamento que o NAI promove.
Desde educação, passando por microbiologia, estudo de extremófilos, e acabando em biologia evolucionária (evolutionary biology), não faltam temas promovidos e financiados pelo NAI (pela astrobiologia) para projectos da própria área do André Levy!!!
Ou seja, neste caso, parece-me ignorância donde vem parte do financiamento para a sua própria área. Ou então, é “cuspir na mão” que também dá de comer à sua área.
8 – O que me parece é que o autor imagina que astrobiologia só tem a ver com o espaço, e que só áreas astronómicas são financiadas pela astrobiologia, daí que defende o disparate que a astrobiologia não “merece” tanto financiamento como “a Terra”.
Também me parece, pelo texto, que o autor imagina erradamente que a astrobiologia tem a ver com o que se vê na ficção científica. Ou seja, como qualquer “pessoa normal”, este cientista também imagina que astrobiologia é a procura de vida como aquela que se vê nos filmes.
Apesar de dizer literalmente que “não iremos certamente descobrir as formas de vida que tipicamente surgem nos filmes de ficção científica”, o certo é que por todo o texto demonstra essa mentalidade: de que a astrobiologia anda atrás desse tipo de vida, concluindo esse mesmo texto com esta frase que o comprova: “deixemos a vida extra-terrestre para a ficção científica”.
Ele diz que leu o livro “Contacto” (ou melhor, ele diz que leu o livro “O Contacto”, quando esse NÃO é o título do livro) do Sagan, mas se tivesse percebido alguma coisa do livro, perceberia que neste seu texto defende a mesma coisa que as pessoas de mente pequena que o Sagan critica nesse excelente romance de ficção científica. O André Levy há uns anos atrás também diria aos Irmãos Wright, ou até a engenheiros que quisessem criar naves voadoras: “deixemos os aviões para a ficção científica“.
Ou seja, demonstra a mesma iliteracia científica sobre a astrobiologia do que os não-cientistas. Demonstra a mesma iliteracia científica sobre ciência que não é a sua área que os não cientistas. E vai daí, também escreve o mesmo tipo de disparates que os que não são de ciência.
Demonstra uma visão extremamente limitada da astrobiologia.
9 – Também me parece surpreendente que num blog de ciência, e novamente culpo a associação responsável por não avaliar estes textos, se diga mal de outras ciências! E com tantas “misconceptions”.
Actualmente, o $$ que vai parar à ciência é já tão pouco (e uma missão a Marte custa tanto como SOMENTE 2 dias no Iraque), e no entanto esta associação, com textos destes, promove áreas científicas andarem a “bater” noutras áreas científicas.
Gasta-se tanto dinheiro inutilmente em coisas que em NADA desenvolvem a humanidade, mas este autor e esta associação estão é preocupados com o dinheiro gasto na astrobiologia (e na exploração do espaço), e que parte dele até é para financiar as áreas do autor!
Recomendo novamente a leitura dos pontos 2, 6, e 7.
10 – O autor pode defender que o artigo é sobre os recursos limitados para a ciência, e pode defender que é uma visão pessoal sobre o financiamento da ciência, mas SEJA O QUE FÔR, NADA DESCULPA os argumentos utilizados, e a ignorância demonstrada sobre o assunto em causa.
Como demonstrei nos pontos anteriores, o autor utiliza argumentos errados, demonstra não saber o que faz a astrobiologia, e parte dessa ignorância (como se fosse conhecimento) para tentar discutir outros assuntos. Esta é a técnica utilizada pelos pseudos.
11 – Pelo Facebook também soube que no Twitter houve comentários a acharem este texto como “muito interessante”.
Isso é fácil de explicar.
O artigo é nitidamente do “contra”, e como parece promover uma discussão sobre financiamento, há sempre os menos atentos ou com pouco conhecimento que acham um artigo destes “muito interessante”.
Na verdade, o que se passa é o mesmo que nas discussões sobre o Criacionismo. Os Criacionistas, que nada percebem dos argumentos que utilizam, vão contra certas ciências, e quem não sabe do assunto, também acha esses textos “interessantes”.
Da mesma forma que há quem ache “interessante” aqueles que dizem que a Terra é plana! E há muitos que seguem esse disparate. Não sabem do que falam, e acham as ideias “interessantes”.
Da mesma forma que há quem siga este “investigador de OVNIs” que diz que a Terra é oca e os ETs vêm de dentro da Terra. É uma ideia “muito interessante” para quem é ignorante no tema. Para quem tem pelo menos 2 neurónios, percebe pelos argumentos utilizados que é um total DISPARATE.
Da mesma forma que quem compra as “pulseiras quânticas“, acha uma ideia interessante. É burro/ignorante sobre o assunto em causa, e acha “interessante” as ideias que eles “vendem”. É tudo um rosário de disparates, mas quem não sabe, acha “interessante”, e segue alegremente na sua ignorância.
Da mesma forma que quem bebe esta “água milagrosa” também a acha interessante. Não sabe que pode matar, por isso, é “interessante”.
E poderia dar muitos mais exemplos dos pseudos (leiam aqui), porque este texto e os comentários de “muito interessante” só promovem uma cultura pseudo-científica, ou seja, promove este tipo de sociedade ignorante.
12 – Não conheço o autor do texto, logo não sei se é bom cientista ou não.
Só afirmo que com textos destes, demonstra não saber de astrobiologia, demonstra nem saber para onde vai o financiamento dessa mesma astrobiologia, demonstra não saber os benefícios diários da exploração espacial, demonstra ter iliteracia científica (não devia discutir assuntos que não domina), demonstra querer promover guerras dentro da ciência, e demonstra promover uma cultura pseudo-científica nos argumentos utilizados.
Pior do que isso, a associação que se diz de ciência e que promove estes textos, claramente aceita este tipo de textos a divulgar a ignorância sobre uma área científica.
Pela astrobiologia e pela educação científica,
Carlos F. Oliveira
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viveraciencia.wordpress.com,Na sequência das diversas reacções ao texto de opinião “Conhecer a Terra ou o espaço”, assinado por André Levy e publicado no blogue http://www.viveraciencia.wordpress.com, e das críticas que se estenderam à própria instituição, a Associação Viver a Ciência (VAC) decidiu publicar um texto que esclarece a sua posição sobre a matéria.
O mesmo pode ser acedido através do seguinte link: http://viveraciencia.wordpress.com/2010/08/09/esclarecimento/
Eu já admiti que sou violento nas palavras.
Mas sinceramente acho que nem o fui neste caso. Se forem ler posts meus sobre ideias pseudo, vêem que sou muito mais violento.
Neste caso, o que fiz por pontos foi isto:
1º ponto: expliquei que a responsabilidade é do David Levy e da associação que publicita estes textos.
2º ponto: expliquei que a iliteracia científica é geral, e que os cientistas também a têm fora do âmbito da sua área restrita.
3º ponto: fiz a ligação entre os 2 pontos acima.
4º ponto: expliquei que o título promove logo uma má consideração da ciência, que vem do David Levy não perceber que a Terra faz parte do espaço, e que a astrobiologia abrange os 2 sectores.
5º ponto: percebe-se que o David Levy usou o nome do Sagan para se auto-homenagear (como ele posteriormente disse: “homenagem auto-biográfica”), surpreendentemente defendendo tudo que era antítese do Sagan, e até escrevendo erros de facto sobre livros do Sagan: “O Contacto”, “O Cosmos” — são erros de facto.
6º ponto: ele ignora as vantagens da exploração espacial (onde também se inclui a astronomia, e a engenharia aeronáutica). Deveria-se informar sobre os assuntos, e ter mais conhecimento, em vez de divulgar a ignorância como se fosse conhecimento. O ele desconhecer não é o “mal”. O “mal” é ele ser ignorante quanto a essas vantagens, e devido a isso, assumir que elas não existem. Daí que neste ponto lhe dei links para ele saber algumas centenas delas.
7º ponto: explico que ele quiz discutir astrobiologia desconhecendo o assunto (um sintoma característico dos pseudos). Ele já assumiu que não sabe sobre o tema. Expliquei-lhe que a astrobiologia não é “contrastante” (como ele referiu), mas que engloba também a vida na Terra.
Neste ponto também lhe expliquei que a astrobiologia também financia fortemente descobertas na área da biologia (na Terra). Era algo que ele desconhecia, e que eu o informei.
8º ponto: demonstrei-lhe que ele estava errado quando pensa que astrobiologia é só sobre vida extraterrestre, e que isto é só ficção científica. Ele mentiu no comentário ao dizer que não fez esta equivalência. Como se pode ver por este meu ponto e pela minha resposta no comentário, ele fez esta equivalência, fruto de desconhecer a astrobiologia (ou melhor, fruto de ele ter uma visão “popular” e errada da astrobiologia).
9º ponto: expliquei que em vez de combaterem a pseudo-ciência, com este texto o autor e a associação querem combater a ciência (outras áreas científicas). Ou seja, promovem guerras na ciência.
10º ponto: está melhor explicado nos comentários porque penso que o autor se fartou de utilizar uma estratégia dos pseudo – ao pensar que a sua ignorância sobre o tema é mais importante que ter informação correcta sobre o tema.
11º ponto: torno a dizer o mesmo do ponto anterior, mas agora com exemplos, em que comparo com textos de ideias pseudo.
12º: sumário dos pontos principais, focando nos comentários que isto é um sintoma de iliteracia científica do autor, e que a associação promove esta iliteracia.
Não percebo onde está a minha “violência”.
Ao não avaliarem os textos, e não os corrigirem (inclusivé ao não retirarem textos anti-ciência baseados na ignorância do autor), continuo a achar que o objectivo concretizado do David Levy e da associação foi ganharem visibilidade, e perderem credibilidade.
O Carlos Oliveira sempre escreveu assim. Quem o conhece, sabe que ele não suporta mentiras. É a sua forma de mostrar aquilo que nunca deveria ter aparecido escrito: o pseudo artigo de Levy. A Ciência é todos os dias atacada de forma muito mais violenta! O Carlos Oliveira até usa um tom brando considerando os ataques violentos do outro lado. 🙂
É curioso ver a forma reptícia sob a qual actua Levy. A começar pelo facto de ter corrigido a imagem inicial… retirou-a do texto. Ademais corrigiu o título do livro Cosmos. Inicialmente tinha colocado o título “O COSMOS”. Só falta corrigir também o livro CONTACTO , e corrigir TUDO O RESTO. Mais valia retirar o texto e informar-se antes de escrever um artigo fora da sua área para evitar mais dislates.
Se tivesse retirado o texto, enviado um outro a assumir que tinha escrito algo que nunca deveria ser exibido num site dedicado supostamente à Ciência teria muito mais credibilidade. Assim….
Pela credibilidade científica,
Jorge Almeida
Prefiro alguém que escreve de forma violenta mas diz a verdade, do que outros que utilizam palavras bonitas para enganarem as pessoas.
Infelizmente, o que se vê mais neste mundo é o 2º caso.
Ao menos existem alguns Carlos Oliveira que sabem colocar os pontos nos ii.
Caro Carlos Oliveira,
Não concordo com o tom mais violento das suas palavras.
No entanto, a verdade deve estar sempre acima dos tons que se usam.
E na realidade o Carlos Oliveira tem toda a razão naquilo que escreveu.
Deveria ser aplaudido e premiado pela defesa constante da ciência e dos valores do pensamento racional, que não se vê só aqui mas também noutros artigos seus.
O biólogo David Levy deu um valente tiro no pé.
A associação de ciência que promove estes textos do David Levy deveria ser chamada à responsabilidade.
Estamos em Portugal, e infelizmente não faltam casos de pessoas e associações que têm comportamentos errados, e mesmo assim nada lhes acontece.
Concordo que este texto do biólogo David Levy deveria ter sido imediatamente retirado de circulação.
Ao não o retirar, dão a entender que se orgulham de divulgar ideias erradas sobre a ciência.
Pela verdade,
Caro Carlos Oliveira:
100% contigo!
Há que ser agressivo na defesa da ciência pois esta é atacada de forma igualmente agressiva diariamente tendo uma cobertura incrível dos meios de informação. É atacada ainda por cima por pessoas que incrivelmente tiram partido das suas descobertas ou benefícios.
Parabéns mais uma vez pelo excelente trabalho que o astropt tem desenvolvido.
Sobre o texto julgo que tudo foi dito – é extremamente provocatório (a começar logo na imagem) e deveria ser retirado.
Pelo Racionalismo
Paulo BG
Caro Carlos Oliveira:
Não perco mais tempo consigo. Não compre os meus livros, se não lhe interessam. Quanto a mim, continuarei bastante interessado pela Astrobiologia, apesar de si.
Cordialmente,
Pedro Braga Falcão
Nao entendo as criticas ao Carlos Oliveira.
Ele apontou bem os erros no artigo do cientista David Levy.
Gostei da analise fundamentada no seu conhecimento das ciencias.
Escrevi mais um comentário sobre este assunto, aqui:
http://www.astropt.org/2010/08/09/uma-triste-verdade/
Concluí o comentário com uma frase que, na minha opinião, retrata perfeitamente o artigo do David Levy:
“we have found the enemy and he is us“
Pedro,
1 – O “cordialmente” no final foi pura hipocrisia?
2 – Pelo que percebi, para si, o uso das palavras é mais importante que o carácter demonstrado pelas pessoas. É a sua opinião.
3 – “as suas palavras informaram-me bem pouco sobre a Astrobiologia”
As minhas palavras não eram para informar sobre a astrobiologia. Para isso, tem centenas de outros artigos aqui no blog.
Alguém que é de literatura não deveria saber ler?
4 – Alguém que é de literatura deveria saber que este post foi a criticar um texto cheio de erros.
Existem erros de facto (como enganar-se no título dos livros do Sagan) e erros fruto da ignorância do autor, que em vez de se informar, resolveu disseminar mentiras sobre áreas da ciência, tal e qual como fazem os pseudo. (ex: dizendo que a astrobiologia é “contrastante”, quando é englobante em relação à biologia; dizendo que ignora os benefícios da exploração espacial, considerando-a um desperdício, etc, etc, etc; é só ler em cima)
Já expliquei isto VÁRIAS vezes. Alguém de literatura, já deveria ter percebido isso.
5 – A minha personalidade, fazendo uma auto-reflexão, é semelhante à do T.H. Huxley (“Darwin’s bulldog”), ou seja, defenderei a ciência e as ideias certas doa a quem doer!
Para si, é uma “personalidade irascível”; para mim, é em defesa absoluta da verdade e contra as mentiras perpetradas por quem defende ideias contra a ciência e a favor de argumentação pseudo.
Se não gosta, não lê.
6 – Talvez o Pedro esteja habituado à atitude portuguesa (e não só) de pela frente dizer-se bem e dar-se pancadinhas de aprovação, e por trás andar-se a dizer mal (em jogos dissimulados).
Eu não sou assim, e é isso que se vê nos meus posts e comentários.
Seja a dizer bem ou a dizer mal, digo sempre aquilo que penso de forma directa.
Há quem não goste, e confunda isso com arrogância. Problema delas…
7 – “o nível do português da comunicação em ciência neste país”
Qual país?
Já perdeu um segundo para ler que eu não estou no mesmo país que o Pedro?
Não é mestre de literatura? Sendo assim, não deveria ter essas ferramentas de leitura?
8 – “habita num confuso e difícil purgatório entre um registo coloquial desadequado”… “do ponto de vista da fruição e da inteligibilidade”
Lembre-me para nunca comprar os seus livros.
Não me dou bem com pessoas que “escrevem tão bem”…
9 – “o por tal o objecto”
???? Aqui admito a minha ignorância.
Não consigo perceber esta expressão.
Talvez seja por não ter mestrado em literatura e não ser “versado na argumentação escrita”…
10 – “semblante carregado”
Não me conhece, por isso inventa estados de espírito… Aprendeu isto em cadeiras na universidade?
Só para sua informação: parti-me a rir com o seu comentário. Ao menos, faz-nos rir.
11 – “os alunos são cativados pelo amor ao saber, e não pela arrogância do saber”
O David Levy não é meu aluno. Se fosse, com a atitude dele de atacar áreas científicas, com base em argumentos ignorantes (como provei nos meus pontos do post), então não passava.
12 – Gostou da música?
(já que é licenciado também nessa área)
Excelente comentário, Pedro!
(eu explico-lhe: a isto chama-se IRONIA)
“Cordialmente”, LOL,
Carlos F. Oliveira
P.S.: a única coisa que se aproveita do seu comentário (em mestrados de literatura deveriam ensinar a auto-reflexão) é a 1ª frase.
Se sou violento nas palavras? SIM! Já o disse por várias vezes neste blog! Basta saber ler para trás…
Se tenho alguma coisa pessoal contra o David Levy? Não! Trato-o como a QUALQUER OUTRA PESSOA que escreva ataques contra a ciência!
Se o artigo dele foi pouco conseguido? CLARO! Então qual seria a solução? Retirá-lo (porque tem tantas coisas mal, que não há rectificação que aguente) e reconhecer o erro em ter atacado áreas científicas! Em vez disso, ele veio defender-se que anda a ATACAR áreas científicas devido a questões monetárias (ou seja, já não tem a ver com o PÉSSIMO artigo que ele escreveu, mas sim com a sua atitude continuada a favor da ignorância científica).
Se o Pedro acha isso normal, o problema é seu! Eu não me parece que a atitude dele seja moralmente, e cientificamente correcta.
Um conselho: limite-se à informação com substância, neste caso, a 1ª frase.
Outro conselho: concentre-se no essencial (que foi o artigo MUITO MAL escrito do David Levy), e não dê tanta importância às críticas neste post.
Ainda outro conselho: quando ler alguma coisa, dê mais importância ao CONTEÚDO do que ao teor/modo.
São alguns conselhos de literatura… e gratuitos!
Caro Carlos Oliveira:
Sendo eu próprio não um cientista, mas um incauto leitor do blogue da Associação Viver a Ciência, não posso deixar de repudiar francamente o modo com que tece as suas críticas ao artigo talvez pouco conseguido de André Levy.
Sendo eu um leitor comum, o por tal o objecto, parece-me, das actividades de divulgação científica, deixe-me dizer-lhe que as suas palavras informaram-me bem pouco sobre a Astrobiologia, e bem mais sobre a sua personalidade irascível. Se queria com a sua intervenção informar, fez exactamente o contrário.
Já agora, e já que lhe assiste o direito de comentar e criticar as palavras de um desconhecido, deixe-me dizer-lhe que em geral o nível do português da comunicação em ciência neste país tem necessariamente de ser melhorado. O seu texto, em particular, habita num confuso e difícil purgatório entre um registo coloquial desadequado e um outro registo de alguém não versado na argumentação escrita. É penoso, do ponto de vista da fruição e da inteligibilidade, ler as suas linhas, e se o fiz foi por estar absolutamente incrédulo perante o tom irreflectido das mesmas.
Um conselho: a simpatia divulga bem mais do que esse semblante carregado com que está a ler estas linhas. As pessoas, os alunos são cativados pelo amor ao saber, e não pela arrogância do saber.
Cordialmente,
Pedro Braga Falcão.
João,
Noto que resolveu comentar, escondendo a sua identidade, inventando um e-mail não-existente. Existe alguma razão para isso?
Se ele é tradutor, ainda mais me surpreende os ERROS DE FACTO quanto ao título dos livros do Carl Sagan.
Onde é que eu utilizei “sentenças que não fazem sentido”? Não me parece que isso aconteça.
Quanto ao eu “arriscar-me”, o risco faz parte da vida. De resto, todos os argumentos que deixei aqui são racionais, por isso esse é um risco que não me afecta.
Se fôr ler posts que eu escrevi onde ataco os pseudo, uso o mesmo tipo de palavras.
Tanto me faz que seja o David Levy, o astrólogo Mokotó, o Creacionista Jack, ou seja quem fôr.
Se atacam a ciência, são recebidos da mesma forma.
Eu nunca disse que ele era contra a Evolução.
Eu disse, e REPITO, que ele utiliza o mesmo tipo de argumentos dos Criacionistas.
Se fôr ler sites pseudo, incluindo dos Criacionistas, percebe perfeitamente que eles utilizam a IGNORANCIA sobre um tema, inventando até que a “evolução diz isto e aquilo” quando isso é mentira, só para promoverem a sua visão “transviada” do tema.
Ou seja, por desconhecimento ou não, MENTEM sobre a Evolução, atacando áreas científicas, só para promoverem a sua visão de um certo tema.
Foi esta a estratégia do David Levy!
Utilizou a sua própria ignorância sobre exploração espacial e astrobiologia (e ele até já confirmou aqui nos comentários o seu desconhecimento da área), para inventar coisas sobre a astrobiologia (que são mentira, como eu expliquei no post), para atacar essas áreas científicas, e para promover a sua visão de um certo tema (financiamento).
O David Levy poderia ter discutido o financiamento da ciência, explicando o que está mal no processo, ou até (e seria muito melhor!), enaltecendo a qualidade da sua própria investigação!
Mas não, decidiu utilizar a estratégia pseudo de aproveitar o seu desconhecimento de certas áreas científicas para as atacar!
Atacar áreas científicas com base no desconhecimento sobre essas áreas, é o que se vê mais nos pseudo!
Daí que SIM, há MUITO de pseudo no artigo.
O artigo do David Levy não é um artigo a defender uma ideia pseudo (daí que aqui no blog, nem coloquei este post na categoria pseudo), mas é SIM um artigo a enaltecer a argumentação e a estratégia dos pseudo: é um artigo que ataca áreas científicas, baseado na ignorância sobre elas. É um artigo que promove a iliteracia científica (em vez de se informar sobre a área científica, resolveu inventar coisas sobre ela). Ou seja, é um artigo em tudo idêntico aos escritos pelos pseudo.
Penso que o artigo é de facto fraco, com um Português mauzinho, e uma vez que o autor anda a fazer traduções espero bem que consiga escrever bem melhor do que o que fez no artigo em questão. Penso que os cientistas devem se preocupar mais em arranjar fundos para financiar as suas próprias áreas científicas e não se preocuparem tanto com os fundos alocados a outras áreas de Ciência. Por esta razão não posso concordar minimamente com aquilo que ele diz no site.
Acho que o David Levy não é contra a evolução como se pode ver neste site:
http://jangada-de-pedra.blogspot.com/2010/07/pela-escola-portuguesa-laica.html
Parece-me que o Carlos Oliveira exagera no tom de crítica e no ataque ao artigo em questão e devia moderar mais os seus argumentos. Arrisca-se a não ser racional e a cair em extremos usando sentenças que não fazem sentido. Argumentos errados como os usados pelo David Levy, muitas vezes baseados no desconhecimento, não são necessariamente mentiras ou argumentos de pseudociência. Na realidade não há nada de pseudociência no artigo. Apenas um ponto de vista muito infeliz sobre o financiamento científico.
David Levy,
Deixe-me só acrescentar + 2 críticas ao texto por si escrito a dizer mal da ciência e de certas áreas científicas (exploração espacial e astrobiologia):
1 – Eu desconheço o seu trabalho, a sua investigação, e a sua área específica, logo não posso falar dela. A única coisa que conheço é o que o David Levy deixou transparecer neste seu texto. E o que dá a entender é que a sua investigação é tão má, que não consegue defendê-la pela positiva, que não consegue dar argumentos para receber bolsas de investigação para ela. A única forma de conseguir ter objectivos económicos nessa investigação é ao ATACAR outras áreas científicas.
Em vez de fomentar um conhecimento cientifico pela sua área, é “obrigado” a dizer mal de outras áreas científicas.
O David Levy dá a entender que a sua investigação é tão fraca, que a única forma de ter contributos monetários é se divulgar mentiras sobre as outras ciências.
É triste.
Como eu digo, não conheço a sua investigação. Mas isto é que o David Levy dá a entender com o seu texto, e com as suas explicações aqui.
2 – A Associação Viver a Ciência diz que recebe doações para “promover” os “seus cientistas”. Ou seja, essas doações também vão para promover o David Levy.
Acha que alguém com um minimo de bom senso, e que defenda a ciência, vai querer promover estas suas opiniões sobre a ciência?
A não ser que a Associação Viver a Ciência aceite este seu texto porque está numa estratégia de receber doações de pseudo-cientistas e de instituições Criacionistas.
Se o objectivo é receber doações dessas pessoas (individuais e colectivas) que são contra a ciência, então percebe-se que este sítio na net utilize este texto para promover a iliteracia científica.
Ou seja, como já disse atrás (e que retirei do que fui lendo pelo Facebook), o que o David Levy e a associação estão a fazer é a ter maior visibilidade e menor credibilidade.
Caro Andre Levy
Parece-me a mim que esta situação poderia ter sido precavida de uma forma que seria vantajosa para o seu artigo e as suas intenções. Que era informar-se um pouco mais sobre a astrobiologia.
Certamente conheceria melhor as vantagens e desvantagens (acho que todos concordamos que existem) desta área cientifica. E assim sendo poderia estabelecer melhor um paralelo entre ambas as áreas cientificas (a sua, que acredito conhecer devidamente, e a astrobiologia). Certamente isso não tornaria o artigo muito mais complexo e portanto continuaria acessivel ao leitor “comum”, e provavelmente reuniria mais concesso junto dos leitores com alguma formação mais avançada nas áreas envolvidas. Desta forma apenas transparece que não se importa de promover a iliteracia e que pode ter alguma dificuldade em encontrar desvantagens realmente significativas na astrobiologia.
Finalmente, confesso que embora não me surpreenda, me desilude um pouco, ver como um investigador põe em causa outros valores em prol de interesses económicos. Saliento que entendo essa atitude na actualidade, mas definitivamente não a aprovo.
Caro André Levy,
1 – Qualquer empresa, associação, comunidade, tem um objectivo. As pessoas que a constituem partilham dessa mesma visão ou objectivo.
Por exemplo, no astroPT pretende-se divulgar astronomia e assuntos relacionados. Todos os nossos autores e leitores sabem disso.
Se por acaso aceitarmos para autor um astrólogo que só quer divulgar a pseudo-ciência, então temos que assumir responsabilidades de termos feito tão péssima escolha. Obviamente, se tivermos posts a divulgar a “excelência” da astrologia, escrito por esse autor, então é NOSSA responsabilidade, porque fizemos uma péssima escolha, e é NOSSA responsabilidade porque deixamos que o nosso sítio seja utilizado para divulgar essa pseudo-ciência e IGNORANCIA sobre a ciencia.
Daí que, ao contrário do que diz, SIM, é da responsabilidade da Associação Viver a Ciência utilizar o seu sítio para divulgar textos ANTI-CIÊNCIA, neste caso, ANTI uma determinada ciência.
Ou será que agora está a defender que a Associação Viver a Ciencia não tem responsabilidades se a partir de agora só existirem textos a defender o Criacionismo e contra todas as áreas científicas, incluindo CONTRA a biologia?
2 – Eu assumo a utilização de linguagem forte. Sempre o fiz, sempre o farei.
LAMENTO que o Davi Levy tenha preferido andar a atacar a ciência. LAMENTO alguém que é cientista, utilizar o seu tempo e o espaço de sítios científicos para dizer mal da ciência. Como se a ciência já não tivesse tantos inimigos, como se os cientistas não se devessem preocupar com fazer ciência e educar as pessoas na literacia científica. A divulgação de iliteracia científica pelos próprios cientistas é algo que deveria ser combatido, tal como se combate a pseudo-ciência.
E isto não é um “debate científico”, como afirma. É um debate entre alguém que sabe de astrobiologia, e alguém que não sabe do que fala tendo orgulho em divulgar a sua ignorância sobre o tema. Ou seja, é um debate que se faz muito com os pseudos: em que de um lado estão cientistas, e do outro lado estão, por exemplo, criacionistas que não sabem de evolução mas gostam de fazer ouvir a sua ignorância.
3 – “Confesso abertamente conhecer mal a área de Astrobiologia.”
Cá está. Conhece mal (eu diria, por todo o texto, que conhece BASTANTE MAL), mas mesmo assim não se coíbe de atacar essa ciência, sem conhecimento de causa.
Há aqui vários nomes que poderiam ser utilizados, que se usam na linguagem comum. Mas para EU não utilizar uma linguagem forte, vou simplesmente dizer que essa é uma das características da ILITERACIA CIENTIFICA.
Ao menos, assume isso! Dou-lhe os parabéns por ao menos assumir essa sua ignorância sobre o tema. Fico à espera que reconheça que se não sabe sobre o tema, não devia escrever sobre o que não sabe.
4 – “só haveria Astrobiologia.”
Não percebo!
Será que queria dizer que SÓ haveria Biologia, se não houvesse a parte da Astronomia? Era esse o seu ponto? É que me parece um ponto bastante CONFUSO, e errado.
Vou tentar fazer algum sentido do seu texto, porque é notório que continua bastante confuso naquilo que diz…
Será que agora está a usar o argumento de ir até ao extremo, porque não lê aquilo que é dito?
Leia novamente o meu ponto 7!
A Astrobiologia tem a ver com espaço e Terra. O David Levy, por todo o seu texto, assumiu que astrobiologia só tem a ver com astronomia… o que é MENTIRA.
5 – Homenagem a Carl Sagan??? Sinceramente, não a vi!
É uma homenagem quando ERRA no título dos livros dele?
É uma homenagem quando defende a antítese de Sagan?
Que estranha homenagem!
Ou quando diz “Referi o Carl Sagan como nota e homenagem auto-biográfica”, é então uma homenagem a si próprio???
É auto-biográfica? Uma homenagem a si próprio? O David Levy está a fazer uma homenagem a si próprio????
6 – “A minha intenção não era criar um briga entre ciência, embora admito que o artigo possa ser interpretado dessa forma.”
SÓ pode ser interpretado dessa forma!
Se no futebol, o Pinto da Costa vier dizer que o Benfica não deveria ter uma equipa de futebol, está a dizê-lo porquê? Para fazer amigos?
Se eu vier escrever no VIVER A CIENCIA que a Biologia é tudo uma fantochada, e que não deveria existir como ciência, será que os biólogos existentes por lá iriam gostar???
Isto foi o que o David Levy fez! Quer tenha intenção ou não, foi o que aconteceu.
7 – “Em parte alguma faço a equivalência entre a Astrobiologia e uma pseudo-ciência.”
Eu NÃO disse isso.
Recomendo uma nova leitura do meu post.
O que eu digo, e REPITO, é que os argumentos que o David Levy utiliza sobre a astrobiologia são argumentos da pseudo-ciência.
Argumentos de ATAQUE À CIENCIA, neste caso à Astrobiologia, em que “utiliza argumentos errados, demonstra não saber o que faz a astrobiologia, e parte dessa ignorância (como se fosse conhecimento) para tentar discutir outros assuntos. Esta é a técnica utilizada pelos pseudos.”
8 – “Em parte alguma faço a equivalência entre a Astrobiologia e (…) ficção científica.”
Bem, sinceramente, só posso classificar isto como uma MENTIRA. Pode dizer que estou a utilizar “linguagem forte”, mas para quê eufemismos quando a verdade está à frente do nariz?
Podia retirar 4 ou 5 evidências do seu texto, mas vou-me limitar ao início (a sua imagem em cima é de STAR WARS, para discutir astrobiologia) e à sua conclusão: “Deixemos a vida extra-terrestre para a ficção científica.”
“Vende” o texto com imagem de Star Wars, por todo o texto faz a equivalência entre astrobiologia e SOMENTE vida extraterrestre, e no fim diz que isso é só ficção científica.
Mais palavras para quê? Enfim…
9 – “Foi uma opinião sob a premissa de como dividir financiamento em ciência.”
Foi uma opinião baseada na IGNORANCIA do que é a astrobiologia, que até já CONFIRMOU (“Confesso abertamente conhecer mal a área de Astrobiologia”).
E foi uma opinião baseada na IGNORANCIA para onde vai o financiamento da astrobiologia!
Logo, foi uma opinião ignorante.
Continuo a dizer que a culpa não é só sua. Pronto, é ignorante sobre a ciência da astrobiologia. E cometeu um erro de escrever sem saber do que falava. A culpa também é da associação que deixa que isto aconteça: opiniões ignorantes a atacar a ciência.
10 – No ponto seguinte fala da percepção popular e política da astrobiologia.
Isso sim pode ser um BOM ponto de discussão.
As “misconceptions” existentes no público e nos centros de decisão políticos, sobre o que é a astrobiologia.
Quer discutir sobre essas concepções erradas? Excelente! E aí concordamos com essas percepções erradas!
Mas o David Levy não fez isso!
O David Levy partiu dessas CONCEPÇÕES ERRADAS para atacar a ciência da astrobiologia. Fez exactamente o que os PSEUDOS fazem, fez exactamente o que os CRIACIONISTAS fazem quando discutem evolução.
11 – NUNCA lhe falei em encontrar vida inteligente no Universo. Essa é mais uma CONCEPÇÃO ERRADA!
Mais uma vez, parte de uma concepção errada, para tentar discutir um tema! Novamente, faz o que os Criacionistas fazem quando discutem evolução!
Aconselho este blog na categoria Astrobiologia – Carlos Oliveira. Lá tem as minhas opiniões sobre a astrobiologia. Lá tem por diversas vezes escrito que os ETs não serão inteligentes.
12 – “E usar essa expectativa, seja por quem for, jornalistas, divulgadores da ciência, é que me parece uma mau serviço à ciência.”
Eu acho que o David Levy nem sequer tem noção do que a Ficção Científica lhe deu para o seu dia-a-dia. Enfim…
Nem sequer sabe que a Ficção Científica não é sobre ETs, mas sim sobre a cultura humana.
Mais uma vez lhe digo que a ignorância não pode ser justificação para defender argumentos destes. Isso é o que fazem os pseudos.
13 – “Há informação científica suficiente para levar a cabo a origem na Terra de forma científica.”
Concordo!
E essa origem pode ser terrestre… ou não.
A ideia da panspermia, na sua hipótese mais “simples”, é que os catalizadores da vida, ou os constituintes básicos da vida, vieram do espaço. E isso é perfeitamente possível.
E a ciência lida com possibilidades.
O que NÃO é científico, é colocar de lado uma hipótese perfeitamente possível.
14 – “Agradeço ao Patrick Pais pela sua leitura mais sóbria e atenta do texto.”
A hipótese defendida pelo Patrick Pais foi que o seu artigo “se deve a interesses económicos. Não se deve propriamente à falta de consciência cientifica deste senhor, mas provavelmente mais a uma certa falta de consciência moral.”
Eu não quiz acreditar que o seu ataque à ciência fosse simplesmente por dinheiro, e à falta de moralidade da sua parte.
Mas pronto, se confirma essa sua faceta, só tenho de aceitar.
15 – Por fim, repito o meu ponto 12.
“Só afirmo que com textos destes, demonstra não saber de astrobiologia, demonstra nem saber para onde vai o financiamento dessa mesma astrobiologia, demonstra não saber os benefícios diários da exploração espacial, demonstra ter iliteracia científica (não devia discutir assuntos que não domina), demonstra querer promover guerras dentro da ciência, e demonstra promover uma cultura pseudo-científica nos argumentos utilizados.
Pior do que isso, a associação que se diz de ciência e que promove estes textos, claramente aceita este tipo de textos a divulgar a ignorância sobre uma área científica.”
NADA DESCULPA divulgar tanta ignorância sobre um tema científico (neste caso, da astrobiologia), e NADA DESCULPA basear-se nessa ignorância para atacar a ciência (da astrobiologia).
Como tive oportunidade de escrever agora no blog http://viveraciencia.wordpress.com/2010/07/30/conhecer-a-terra-ou-o-espaco/ o comentário é da minha inteira responsabilidade e não da Associação Viver a Ciência ou dos seus restantes membros.
Lamento o seu uso de termos um tanto fortes e desnecessários num debate científico.
Confesso abertamente conhecer mal a área de Astrobiologia. Aliás a participação no volume referido com o Prof. Francisco Carrapiço foi um momento de aprendizagem sobre a área. E o meu empenho nesse volume, na recolha, tradução e edição de textos, parece-me ser prova de um compromisso da minha parte com a divulgação científica, apesar das diferenças de opinião entre os co-editores.
O título do post é um “lead”. É óbvio que a Terra faz parte do Espaço. E embora no seio da Astrobiologia hajam estudos na Terra, parece-me que a área “Astrobiologia” é sobretudo sobre vida fora da Terra, caso contrário o termo com precedência, “Biologia”, deixaria de ter significado: só haveria Astrobiologia.
Referi o Carl Sagan como nota e homenagem auto-biográfica, o que não impede que tenha divergido das suas opiniões com o tempo, mantendo um interesse pela divulgação científica.
Em parte alguma faço a equivalência entre a Astrobiologia e uma pseudo-ciência ou ficção científica. Creio mesmo que tem surgido vários estudos recentes de grande interesse, que foram para mim surpresa, como a descoberta de sinais de água e nanofósseis em corpos extra-terrestres. A minha intenção não era criar um briga entre ciência, embora admito que o artigo possa ser interpretado dessa forma. Foi uma opinião sob a premissa de como dividir financiamento em ciência. E nesse respeito faz-me impressão como Biólogo (da Terra) que haja ainda tanto por conhecer da biologia e geologia (como os fundos marinhos) e a procura de sinais de vida noutros corpos celestes. Mais uma vez confesso a minha ignorância sobre as quantias (a agradeço mesmo uma elucidação sobre números). Compreendo que muita da exploração espacial não é orientada para a Astrobiologia, que muitos dos aparelhos com essa finalidade vão como que a reboque de outros objectivos. Mas parece-me ser inegável que sentimentos emotivos, místicos e outros (alguns promovidos pela ficção científica) ainda que não fomentados pelos Astrobiólogos, contribua para políticos tomem decisões baseadas não apenas em ciência mas também no que percepcionem ser o sentimento da população. Também me parece que tirando as fotos do Hubble, uma boa parte das relações públicas da NASA se centra em torno das descobertas de evidências de vida noutros planetas (isso é claro na comunicação social).
Admito que a frase final é um tanto provocatória. Mas mais uma vez vem no seguimento de escolhas sobre financiamento, e não da avaliação científica de Astrobiologia. Crê sinceramente que há possibilidade de encontrar e contactarmos vida inteligente no Universo: isso a mim soa-me a ficção científica. E usar essa expectativa, seja por quem for, jornalistas, divulgadores da ciência, é que me parece uma mau serviço à ciência.
Quanto à hipótese da panspermia, tenho uma opinião fundamentada cientificamente e epistomologicamente. Sob este último prisma, a questão das origens é sempre de difícil tratamento. Estar a translocá-la para corpos extra-terrestres não me parece-me científico. Além disso há informação suficiente para levar a cabo a origem na Terra de forma científica.
Agradeço ao Patrick Pais pela sua leitura mais sóbria e atenta do texto.
Caro professor Francisco Carrapiço,
Agradeço-lhe a disponibilidade para colocar aqui o comentário que me tinha enviado por e-mail. Pedi-lhe para colocar aqui, porque penso ser bastante relevante, e importante para os nossos leitores, que saibam distinguir o André Levy na sua área científica, das opiniões dele em outras áreas.
A área dele não conheço, logo sou inteligente o suficiente para não falar daquilo que não sei (uma atitude que deveria ter sido também seguida pelo André, e não o foi).
E ele até pode ser contra a abordagem criacionista, mas o certo é que neste texto ele utilizou o mesmo tipo de argumentos dos Criacionistas quando atacam a ciência (ou seja, argumentos baseados em erros de facto, e erros de lógica, promovendo ignorância sobre o tema, neste caso da astrobiologia).
“E neste longo caminho que todos defendemos no sentido de combater a iliteracia científica, é mais importante valorizarmos os aspectos que nos unem, do que aqueles que nos separam.”
Concordo inteiramente. Daí o meu título deste posto ser com o “E” a ligar as duas palavras, em vez de “OU” a promover divisões.
Penso ser bastante mau, utilizar-se o sítio de uma associação de ciência para se atacar (com argumentos totalmente errados e demonstrando iliteracia científica) uma área científica.
Concordo inteiramente consigo, mas o texto do André Levy não está a combater a iliteracia científica. Pelo contrário, está a divulgá-la e a promovê-la. E isso, é muito mau. E num site que se diz de ciência, então é ainda muito pior.
abraço e obrigado!
A pedido do Carlos Oliveira, aqui vai o meu comentário. Estive agora a ler o artigo do André Levy, que desconhecia. Apesar de estarmos a colaborar como co-editores (somos 4) numa colecção sobre evolução, não subscrevo as ideias apresentadas nesse artigo sobre o papel da astrobiologia no âmbito do conhecimento e desenvolvimento científicos. No entanto, reconheço que algumas das opiniões que o André Levy transmite correspondem a posições que temos vindo a observar por parte de alguma comunidade científica. Não são as minhas. No entanto, as suas posições em relação ao fenómeno evolutivo são bastante sólidas e cientificamente válidas, sendo um defensor duma abordagem científica do fenómeno evolutivo contra a abordagem criacionista. E neste longo caminho que todos defendemos no sentido de combater a iliteracia científica, é mais importante valorizarmos os aspectos que nos unem, do que aqueles que nos separam.
Concordo completamente que terá mais a perder o site que publica este artigo do que o próprio autor. Um cientista será primeiramente avaliado pela qualidade da sua investigação e não de um artigo de opinião. Já um site que apresenta como credênciais uma boa divulgação cientifica, este tipo de escolhas pode ser uma péssima opção.
ok.
Vamos então supôr que é esse o objectivo.
Então quando esta associação diz que tem como objectivo “contribuir para a promoção da ciência e dos seus cientistas, ao mesmo tempo encorajando o financiamento privado em investigação científica”, então basicamente isso resume-se a promover guerras e lobbys na ciência, de modo a publicitar textos que deitem abaixo outras ciências.
É isto?
Também trouxeste outra possível hipótese para a “mesa de discussão”, que talvez seja uma tentativa do autor ter mais visibilidade, do trabalho dele ser discutido, em vez de passar despercebido.
Aceito isso como hipótese. Não sei as motivações do autor para decidir escrever tantas coisas erradas.
Concordo que o trabalho dele até pode ter mais visibilidade (eu próprio coloquei aqui links para o site dele), mas também concordo com várias pessoas no Facebook (incluindo-te) que ele assim só perde credibilidade. Ele e a associação.
Ou seja, ganham visibilidade e perdem credibilidade.
Não me parece a forma inteligente de divulgar ciência… digo eu…
😛
Volto a sugerir a hipotese de nao estar a tentar retirar financiamento à astrobiologia em geral, mas sim a uma bolsa especifica na qual ele esteja também interessado. Acredito que não resulte, mas já não me admira nada ver alguém fazer isso.
Pois, e no Facebook, concordo na maioria das coisas contigo.
Não o conheço, não sei se é bom investigador, mas assumo que sabe bastante da área dele.
Mas continuo a achar que em termos de “lógica”, tem graves deficiências, e que demonstra essa falta de cultura científica abrangente.
Acho que facilmente se percebe que ele não sabe de astrobiologia (ou de exploração espacial), limitando-se, como tu dizes, ao que ele lê na imprensa.
Tu defendes que provavelmente ele até escreve isso por motivos egoístas de querer é mais financiamento para o trabalho dele (e não para a área dele), o que se compreende.
Ou seja, se fôr assim, então ele mente sobre o que é astrobiologia só por motivos pessoais.
Eu parece-me que ele não mente, mas somente tem ignorância sobre o tema (e demonstra iliteracia científica ao falar de algo que não domina).
Também acho que tem graves deficiência de lógica, porque pela troca de ideias que tive contigo no Facebook, então há a hipótese de ele supor que só existem 2 áreas, e que se então não houver financiamento na astrobiologia, então o trabalho dele vai receber esse financiamento.
Ora, se isto é verdade que ele pensa assim, então é absurdo.
É que não existem só 2 áreas, logo o financiamento da astrobiologia iria para outro lado, mas sobretudo a área dele (biologia), em diversos componentes, já recebe financiamento da astrobiologia. Logo, ele estaria a DEFENDER que acabe esse financiamento para a área dele (biologia).
Isso seria o cúmulo do egoísmo, neste caso do financiamento, que seria ele só defender financiamento para o trabalho dele, mesmo em detrimento de todos os outros trabalhos na área dele.
Tenho dificuldade em pensar que seria este o propósito do texto num blog de uma associação de ciência.
Daí que continuo a pensar que é simplesmente ignorância do autor desse texto 😉
A pedido do Carlos aqui fica o comentário (revisto após a troca de ideias que tão bem o Carlos aqui defendeu) que eu fiz na tal mensagem do Facebook.
A mim parece-me que o autor deste blog não é tão incoerente como aparenta ser quando lemos este artigo. Realmente também não concordo com a maior parte das coisas que ele diz, mas parece-me que ele tenta usar um pouco uma certa ideia de “incapacidade” de apresentar resultados por parte da ciências ligadas aos estudo do Espaço que corre na imprensa em geral procurando um maior investimento na área de estudo em que pretende trabalhar. É certo que corre o risco de perder o investimento que tem recebido directamente da astrobiologia, mas pessoalmente quer-me parecer que este artigo se deve a interesses económicos. Não se deve propriamente à falta de consciência cientifica deste senhor, mas provavelmente mais a uma certa falta de consciência moral.
Gostei! Amigo Carlos.
Abraços