Missão COROT

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A Missão COROT (COnvection ROtation and planetary Transits), da ESA, pretende descobrir planetas extrasolares com períodos orbitais pequenos, através do método dos trânsitos.
A COROT irá fazer observações contínuas da luminosidade de estrelas previamente seleccionadas a fim de permitir o estudo do seu interior e, detectar planetas extra-solares quando estes transitam a sua estrela companheira.

Em Julho de 2007, a equipa da missão COROT fez um breve ponto da situação relativamente ao estado actual do projecto. No comunicado, a equipa anuncia que a observação, durante um mês, de um dos dois campos estelares pré-definidos para a missão, situado na constelação de Águia, resultou na compilação de uma lista com cerca de 12 mil curvas de luz de estrelas com candidatos a exoplanetas. Promete colheita abundante!
O método de detecção por fotometria, utilizado pelo COROT, permite determinar parâmetros como o período de translação, o raio, e a inclinação da órbita dos corpos que provocam os eclipses parciais nestas 12 mil estrelas, mas não permite estimar a massa dos mesmos. Sendo assim, alguns dos candidatos poderão vir a revelar-se pequenas anãs vermelhas, outros serão anãs castanhas e apenas uma parte serão exoplanetas. De qualquer forma, o número de exoplanetas nesta lista será certamente de alguns milhares.
A tarefa seguinte da equipa consistirá na observação destes candidatos, utilizando o método de detecção por velocidade radial, o qual permite estabelecer um limite mínimo para a massa de um corpo que perturba gravitacionalmente uma estrela (mais exactamente, permite determinar a massa do corpo a menos de um factor que envolve a inclinação da órbita do mesmo).
Quando os dados obtidos pelo COROT, nomeadamente o raio de um corpo e a inclinação da sua órbita, forem combinados com os dados obtidos pela técnica da velocidade radial tornar-se-á possível calcular a massa real do corpo identificando quais dos candidatos correspondem realmente a exoplanetas. A densidade destes exoplanetas será então conhecida o que permitirá ter uma ideia aproximada da sua composição e estrutura interna.
Este trabalho irá demorar vários meses, uma vez que apenas pode ser realizado em telescópios de grandes dimensões e com espectrógrafos sofisticados. O tempo de observação nos poucos telescópios com estas condições é naturalmente muito disputado. No entanto, esta espera vale a pena. O facto de podermos obter uma caracterização tão completa de um tão grande número de exoplanetas permitirá um estudo estatístico detalhado da amostra, o que ajudará a compreender os mecanismos responsáveis pela formação dos sistemas planetários.

Em Agosto de 2007, na conferência europeia de ciências planetárias, Malcolm Fridlund, cientista do projecto COROT, fez uma descrição geral da missão, dos seus objectivos, do satélite e do ciclo típico de observação, redução e validação de resultados. Fridlund apresentou ainda alguma informação sobre novos candidatos a exoplanetas detectados pelo COROT que estão actualmente a ser alvo de monitorização pela técnica da variação da velocidade radial. Entre os novos candidatos conta-se um planeta com um período de cerca de 33 dias em torno de uma estrela semelhante ao Sol. Esta descoberta, a confirmar-se, é notável se atendermos a que o maior período observado até agora para um exoplaneta em trânsito é de 5.6 dias. Se se tratar de um gigante de gás, com um período de 33 dias, o planeta não pertencerá à classe dos “hot jupiters” (classes V e IV na classificação de Sudarsky) mas antes à classe III, com atmosferas onde predominam o hidrogénio e o hélio e num regime de temperaturas onde as nuvens serão raras ou inexistentes. Estes planetas deverão ter uma cor azul devido ao fenómeno da dispersão de Rayleigh (que também torna o céu da Terra azul) e baixo albedo devido à inexistência de nuvens reflectoras. Resumo da comunicação.

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