Big Bang e Deus

Este post já o tinha equacionado há uns meses. Foi no entanto adiado sine die. O que me fez voltar a ele foi o reavivar da memória e da necessidade, uma vez que no grupo do facebook de astronomia (Portugal), se voltou a falar na teologia, e na maneira em como ela via a astronomia.

Durante muito tempo, a astronomia foi vista com desconfiança. Talvez tenha mudado o paradigma o papa Gregório XIII. Foi ele a estabelecer o calendário gregoriano (depois de o calendário Juliano se ter tornado obsoleto), e com ele tinha um grupo de astrónomos, entre sacerdotes, matemáticos e cientistas, que ajudaram nos cálculos necessários.
A astronomia é de casa, no Vaticano, seja porque o Vaticano possui, às portas de Roma um observatório astronómico (Castelgandolfo) que funciona em cascata com um segundo observatório localizado numa montanha dos EUA (perto de Tucson, Arizona), seja porque o céu representa uma profunda metáfora religiosa: é um chamamento continuo e sempre novo ao desejo e à sede que o homem tem de infinito, é um convite constante à abertura para o insondável mistério do universo criado.

Este post é publico, e como tal, para todos os que o querem ler. É porém de maneira especial dedicado a todos aqueles que pensam a religião como algo absolutamente incompatível com a astronomia e as ciências exactas, como se fosse impossível crer em Deus e ter o Big Bang como a teoria mais razoável para explicar a origem do universo. Fé e Razão não se contradizem.
Uma leitura fundamentalista dos textos sagrados, leva a não poucos problemas. Como sublinha e bem a Constituição dogmática Dei Verbum, a Bíblia é o livro da Palavra de Deus dirigida a nós homens. É uma carta de amor que Deus escreve ao seu povo, numa linguagem que remonta a dois ou três mil anos atrás.
Como se sabe, a teoria do Big Bang é recente, e a história ou se faz (e escreve) por se ter sido testemunha dela, ou então, se faz por dedução. Olhando uma grande pedra com a forma de cogumelo, deduz-se que ela já foi encorpada e por via da erosão, foi ganhando aquela forma “nova”. Se há um século atrás, nenhum cientista podia falar na teoria do Big Bang, não podemos querer que há três mil anos atrás a bíblia desse uma resposta cientifica. A preocupação que presidiu não era, claramente, cientifica.

Em teologia, quando reflectimos sobre a ciência das origens, também denominada Protologia, falamos sobre os mitos da criação das várias culturas, sobretudo semitas e mesopotâmicas, e falamos, OBVIAMENTE, na teoria do Big Bang como a mais atendível e razoável.
Como crente, católico, seminarista e estudante de teologia, não vejo qualquer tipo de contradição entre Fé e Astronomia, entre o mundo e a criação, criados por Deus, e a teoria do Big Bang. E vou explicar os porquês.

A teoria (combinação de evidências/provas) do Big Bang baseia-se, para se sustentar, na constatação de um facto: o universo continua a expandir-se a uma velocidade avassaladora desde que “apareceu”. Essa teoria teve por base a analise das classes espectrais por Edwin Hublble em 1929. Curiosamente, dois anos antes, o padre católico e astrónomo belga Georges Lemaître já tinha equacionado um universo em expansão com origem num… “dia sem passado”.
Ora bem, sabendo da expansão do universo que terá a beleza de uns 13 milhares de milhões de anos, é fácil deduzir que antes de se expandir, o universo era mais “compacto”. Com a ciência contemporânea, foi possível com os ciclotrons ou aceleradores de partículas, decompor a matéria e assim, “viajar no tempo”, até bem perto da origem do universo. Não se chegou ao segundo 0,0s, digamos em palavras pobres, mas “chegou-se” ao chamado tempo de Planck que é igual a 10−43 segundos (dez elevado a menos quarenta e três). O que é uma infinidade dentro do próprio segundo. E sabe-se precisamente o que se “viu” naquele momento, não uma grande explosão como se costuma dizer, mas um desenvolvimento da matéria, a partir de uma singularidade inicial, mais pequena que o ponto final no final desta frase.

Assim, como teólogo e como astrónomo amador, sabendo quanto afirmei, é-me fácil continuar a acreditar em Deus criador, e na teoria do Big Bang.
Neste aspecto, bem como noutros, não há qualquer contradição entre fé e razão.
João Paulo II em 1998 escreveu a carta encíclica Fides et Ratio (fé e razão) e diz que ambas são como que duas asas que nos podem levar a Deus. Continua dizendo que a nada serve apenas a fé que nos levaria a um fideísmo cego, por lhe faltarem as razões, e um racionalismo que prescinde da fé conduz invariavelmente a um beco sem saída onde faltam as respostas às mais básicas questões antropológicas assim como às situações limite e às questões existenciais.

Um dos problemas (o maior) da relação entre a ciência e a fé é a ignorância. Por um lado, os cientistas deviam aprender a ler correctamente a bíblia e a compreender as verdades da fé. Por outro lado, os teólogos e os homens da “igreja” deveriam actualizar-se sobre os progressos da ciência, para conseguir dar respostas eficazes às questões que ela coloca continuamente.
Como referi atrás, defendo a conciliação da fé e da ciência. Ter fé não significa negar os factos, as evidências científicas. Da mesma forma, ser cientista, ou mesmo astrónomo, não significa que devemos automaticamente pôr a nossa fé de lado. No meu entender, são conciliáveis. Respeito, evidentemente, quem possa ter a opinião contrária.
O que não se pode tolerar é quem extremiza posições e nega os factos. Da mesma forma que não compreenderei quem entre numa Igreja aos berros a afirmar que não tenho direito a estar lá com a minha fé, também não compreendo as atitudes de quem entra neste local de divulgação científica para afirmar mentiras à luz do (des)conhecimento que se tem dos assuntos. Foi também a pensar nesses que têm atitudes intolerantes que decidi escrever este texto. O extremismo, seja em que área for, nunca é bom conselheiro. Como Cristão, entendo que não fazer uso de um cérebro racional é negar uma dádiva do Criador. Tentar compreender o mundo através da ciência, em particular a astronomia, é desvelar um pouco mais o “véu” que nos faz compreeder o Criador e a criação em que Este se revela. Negar as evidências cientificas, negar o conhecimento que se tem dos assuntos, é, no meu entender, ir contra a vontade do Criador que nos deu os meios (a mente) e o Universo para podermos explorar.

Podem ler mais nos seguintes links: Vaticano, FOXnews, Padre Funes… e muitos outros.

Gostava de poder alongar-me ainda mais. Daria uma excelente tese de mestrado 🙂

Prometo responder a todas as questões que colocareis nos vossos comentários.

Espero que vos seja útil o que escrevi.

88 comentários

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  1. nossa e tudo muito louco obig bong do teoria cabulosa eu gastei muito

  2. Olá Cristóvão Cunha,
    Peço desculpas se a minha pergunta fugir do contexto do site, o qual gosto muito de ler e participar, e sempre tenho atenção por todos.
    Mas, acho que tem a ver com a ciência e com o que escreve sobre Deus e sobre a Bíblia Sagrada.
    Sou católico e também acho que a fé e a razão andam juntas, não quero entrar em religião especificamente. Mas, muitos sites dizem sobre fim do mundo, sei que na Bíblia não diz data e nem como será, profecias de várias pessoas, Nostradamus, falam da profecia de Malaquias, não o da Bíblia, um bispo do século 12, uma lista com os nomes de 112 papas, e o papa 112 seria o último, entre outras.
    Você como seminarista, astrônomo amador, como vê isso?

    Só mais uma pergunta, na Bíblia fala sobre a data de 2060, dita por Newton? Fala dos Anunnakis, sumérios e maias?
    Obrigado e Deus abençoe na caminhada!

    1. Newton era contra os vigaristas que falam do fim-do-mundo.
      Por isso, numa carta, referiu que todos esses vigaristas estavam errados e que o mundo iria existir até pelo menos 2060 (uma data que ele inventou mas que quis dizer que era longínqua).
      Ele não fala em quaisquer tretas de sumério, maias, anunnakis, etc, até porque isso são parvoíces actuais e não da época dele.

      Quanto á suposta profecia de Malaquias é a mesma coisa.
      Vigarices de quem gosta de interpretar erradamente as coisas para proveito próprio.
      O Nostradamus foi a mesma coisa. Ele não fez qualquer profecia para os nossos tempos. No entanto, muitos vigaristas ficaram ricos em 1997 ao dizerem que ele disse que o mundo ia acabar nessa altura.

      abraços

    • Graciete Virgínia Rietsch Monteiro Fernandes on 22/07/2012 at 15:12
    • Responder

    O que vou dizer é com todo o respeito por quem tem ideias diferentes das minhas.
    Mas custa-me muito aceitar a ideia de um Criador com todos as caraterísticas que lhe são atribuídas pela Igreja. Aceito bem que tudo existiu desde sempre, sem tempo zero, mas com presente e futuro, resultando de transformações através de leis naturais que foram sendo descobertas pelo Homem , ele próprio, um estágio da transformação.
    Acredito na Ciência, mas acredito, pelo que tenho conversado com pessoas amigas, que a fé possa fazer falta a alguém. A mim não fez, até hoje, e já sou bastante idosa.
    Gosto muito de ler estes comentários!!!!

  3. Olá caro Jonas. Começando pelo fim, espero que possa vir a este pequeno país. Poderemos assim delongar-nos na conversa e troca de argumentos. Já reparamos que não nos vamos entender relativamente a verdades de fé 🙂
    Mas não há problema.
    Repito o que disse várias vezes. É possível ser-se crente em Deus e bem assim, aberto à ciência e às novidades que surgem diariamente.
    Sobre as verdades de fé, são reveladas, sob o ponto de vista teológica. Assim, é como e exemplo o Scirocco. Scirocco, mais do que um modelo exótico da VolksWagen, é o nome de um vento, particularmente quente que sopra em Itália vindo do norte de África. É um calor mesmo ofegante. Atípico nas nossas latitudes. Se eu falar com um autóctone da Groenlândia e lhe falar deste vento, ele pode imaginá-lo, mas como nunca o sentiu na pele, não pode falar dele. E mais ainda, é complicado que ele o conceba sem ter a mínima referência. Ele sempre viveu num ambiente frio, sob temperaturas negativas, e está a anos luz dos graus positivos, e mais ainda de 40° com um vento ofegante e abrasador.
    Por esta linha de ideias, não pode nunca exigir-se que alguém acredite. E isso ficou claro no meu post. Não quero fazer a apologia da religião ou do catolicismo. Não posso coagir ninguém a acreditar seja no que for. Seria ridículo. Ainda assim, os não crentes devem respeitar os crrentes e as suas idiossincrasias. Na liberdade serremos livres.
    Há quem, por exemplo, sustente que o aborto é um meio, como tantos, contraceptivo. Eu não posso concordar. Mas consigo viver no mesmo mundo que eles, ainda que me custe enormemente conceber essa ordem de ideias.
    Assim, e atendendo ao que já se disse, é impossível à razão e à ciência negar ou afirmar a existência de Deus. Os crentes continuarão a acreditar. Os ateus/agnósticos continuarão a não acreditar. E está bem assim.
    Ao mesmo tempo, continuará a haver trolls, e o Carlos Oliveira continuará a responder-lhes. Mesmo depois do dia 21 de Dezembro de 2012, haverá pessoas a crer que houve um erro de cálculo e marcarão o fim do mundo para outro dia. E outro. E outro.
    Repito a ideia fundamental do post: sou católico praticante, teólogo e simultaneamente astrónomo amador. E há uma unidade fundamental entre as duas coisas. Sou o mesmo Cristóvão o que acredita em Deus e o que observa o sistema solar, o céu profundo…
    E creio que disse, ou redisse quanto quis dizer há uns 80 comentários atras.
    Um abraço Jonas. 😉
    Cristóvão

  4. Olá Jonas. Obrigado pelo comentário.
    Acho que a bíblia está a ser mal interpretada. Diz-se uma serie de coisas sobre ela mas nenhuma delas com fundamento. Para rebater seja o que for exige-se conhecimento de causa, como disse no comentário anterior, é ridículo vermos a teologia ou a bíblia como um bicho.
    A fé, segundo o dicionário da Porto Editora, significa:
    (catolicismo) primeira das virtudes teologais, graças à qual se acredita nas verdades reveladas por Deus
    Já crença significa:

    1. ato de crer
    2. atitude de espírito que admite, em grau variável (certeza, convicção, opinião), uma coisa como verdadeira
    3. confiança
    4. opinião adotada com fé e convicção
    5. fé religiosa
    6. popular crendice, birra;
    carta de crença carta credencial

    Ora, eu CREIO que o Jonas está errado ao julgar que palavras terminologicamemte semelhantes queiram, sob o ponto de vista filológico e semântico, dizer a mesma coisa.
    Quando escrevi o post, há dezenas de comentários atrás, tive a preocupação de deixar claro que:
    Sou católico, sou astrónomo amador: não há nada de errado nisso.
    Acreditar em Deus e concumitantemente ter o big Bang como provável e o evolucionismo como certo não são obstáculos à fé.
    O universo tem espaço para sábios e ignorantes, para crentes e não crentes. Se os cientistas devem respeitar os que têm fé, os que tem fé devem CRER na ciência e nas respostas que ela dá às questões levantadas continuamente.
    É muito fácil criticar. E o que torna tão fácil e gratuito a critica é a ignorância. A igreja, falo apenas da católica, naturalmente, foi criticada como sendo retrógrada, presa ao passado etc, etc.
    Para que se saiba, e só a não ignorância dirá isso, a igreja, sob o nome oficial de Santa Sé, é a única voz (com representação diplomática) a levantar a voz contra a violência, a injustiça. Outros chefes de estado, para não melindrarem Coligações e acordos bilaterais, não podem falar da injustiça da mesma maneira que a igreja o faz.
    Os comentários deixam adivinhar uma igreja parada no tempo, a sustentar coisas absolutamente impensáveis, desumanas. Muitos são os críticos. Mas orgulho-me porque a Igreja se propõe a defender a vida como o faz. E assim as campanhas contra o aborto, contra a eutanásia, contra a excisão feminina, …
    As mesmas campanhas para defender a família. A família como fundamental, e os valores que lhes dizem respeito.
    Acho que a visão que o Jonas mostra da Igreja, é de uma igreja que não existe, ou que pelo menos não conheço.
    Falando no Brasil, não são poucos os casos das universidades ligadas aos jesuítas, aos salesianos e a tantos outros institutos que pertencem à igreja.
    Isto para não falar de quanto se faz nas favelas, onde só o missionário entra desarmado e sem capacete. O que o faz entrar lá, não é explicável sob ponto de vista cientifico. É a fé dele (pessoal) que o leva lá. E muitos morreram. Mas não tenha pena deles. Não precisam da pena de ninguém. E falei das grandes favelas para não falar do meio da selva. Sem os missionários, e sem o trabalho deles que já vai com 500 anos, não haveria dispensários, nem hospitais, nem escolas… E o mesmo serve para África.
    Mas a igreja católica não precisa de advogados. Muito menos como eu.
    Apenas quis sublinhar que quando se olha para uma realidade, deve ver-se de maneira integral. Se um teólogo católico ligado à igreja é colaborador de um portal como o AstroPT e pode ser ao mesmo tempo astrónomo amador e CRER no big Bang e no evolucionismo, é porque se calhar a “idade das trevas” já passou 🙂 E não é de agora. O padre Lamaître em 1927 já tinha ultrapassado muitos bichos que quase 100 anos depois continuam a assustar muita gente.
    Cumprimentos Jonas, é um prazer falar com você 😉
    Quando vier a Portugal, diga. Gostava de poder falar isso a beber um café. Custa-me bem menos falar que escrever 😉

    1. Cristóvão,

      Não é fácil criticar não, porque para se criticar com responsabilidade se precisa ter fundamentos reais, senão a crítica é vazia e sem sentido. O fundamento maior de uma crítica acertada é ela ser contundente dentro da realidade dos fatos. E os fatos são exuberantes quando à grande esquizofrenia das “verdades da fé” aplicadas na prática nos últimos 6 mil anos.

      As “verdades da fé” dos livros religiosos oficiais deveriam ser vistas pela sociedade apenas como fatos históricos, de como ERAM as “verdades da fé” nos tempos de consciência minúscula das coisas, não deveriam se perpetuar muito menos influenciar negativamente nossas vidas nos tempos de hoje, porque obviamente provocaram e ainda fazem injustiças e são desumanas.

      Veja agora o mundo árabe em polvorosa na maioria dos países, o que querem? Democracia? Direitos humanitários e igualitários entre eles e entre as maiorias e minoras sectárias? Fim das ditaduras e opressão? Não, os sectarismos religiosos que não estão no poder querem o poder do sectarismo religioso da ditadura “divina” que está no poder, apenas isso, guerreiam para poderem imporem as suas “verdades” oara a sociedade, segregar muitos. Na Síria uma minoria cristã agregada a xiitas querem ficar no poder e dê-lhe bombas e tiros nos sunitas e outras minorias. Na mesma forma no Afeganistão, famílias vestem meninas como meninos para não sofrerem abusos e terem os mesmos direitos que os meninos. Uma escola para mulheres, proibida pelo sectarismo dos conservadores, teve a água envenenada para impor medo às mulheres, a religião não aceita que as mulheres sejam gente. Isso é cultural? Não, imposição de “verdades divinas” de grupos sectários por séculos. Tem sentido?

      È racional hoje ir a um museu de um professor de Biologia aposentado, em Miami, para ver a prova (só na cabeça dele) de que os dinossauros conviveram com o homem no sexto dia de criação? Não, é até ridículo. Ah, dizem que devemos respeitar a crença desse crente, ok,. mas ele que fique a com a crença dele, não venha arautar que é verdade, que isso justifica uma fé ser real, que venha se meter onde a ciência e o conhecimento já sabem que não foi assim.

      Essa influência, diria pecaminosa dele, porque mentirosa, deve ser combatida. Não somos nem devemos ser ignorantes em função das crenças. Crença cega. Crença diminui. Crença apequena quando bate contra a verdade da realidade provada e comprovada. E aí esse assunto prova mais uma vez o que escrevi acima, fé e ciência não podem viver concomitantemente quando uma se mete na vida da outra. O problema não é só defender uma mentira como essa, é tentar influenciar, através disso, outras sandices, o pacote inteiro das “verdades”, influenciando negativamente o trilhar caminhos mais justos e humanos para uma sociedade.

      Já imaginou nos tempos de hoje as pessoas apedrejando prostitutas sob justificativa de correção divina? Sacrificando animais para um deus que se autovangloria e quer ser adorado como todo poderoso, pedindo absurdos como prova desse “amor”? Imolando e queimando pessoas por gostarem de sexo ou do conhecimento que mostra que não somos o centro do universo, como dizia a “verdade cristã”? Não se faz mais isso porque a consciência humana elevou-se além da consciência milenar dessas “verdades” ditas de fé, temos os poder moderador do Estado através do Poder Judiciário e da representação civil nos governos, consciência mais elevada, que finalmente colocaram essas coisas no seu devido lugar, mas muitos ainda pegam um livro que tem essas esquisitices como verdade e o defendem, dizendo que ali só tem verdades. Pode?

      Uma mulher, atriz, no Irãm levou 90 chibatadas recentemente porque pecou contra alguns dogmas esquizos deles. Outra mulher, na Arábia Saudita, levou 10 chibatadas simplesmente porque foi pega dirigindo um carro. Cultura? Que nada, perguntem ás mulheres de lá se aceitam serem tratadas dessa forma, de forma injusta e desproporcional. Tais ações de Estado seguem dogmas de uma religião esquiza, tanto quanto as outras. Sandices assim devem ser combatidas, mas os poderosos de lá que comandam a manada levantam a bandeira contra a sociedade ocidental, por quê? Porque eles precisam de uma referência contrária de “pecado” ou “imoralidade” para tentarem convencer a sociedade deles que são o suprassumo da verdade moral que o deus deles quer, e assim ficam com o poder estatal como forma de combater o “mal”, o que mais querem, na verdade, o comando do poder, para eles se darem bem, No fundo os religiosos conservadores têm muito medo de perderem as regalias, querem só o poder e não o bem da melhoria de vida do povo deles, tudo em nome do “lindo Corão”, tão insano quanto o Velho Testamento judaico. Perdão, tão insano quanto os hebreus que imaginaram um deus para eles. Tudo que é relacionado à religião é invenção dos homens, na verdade.

      Não há como negar, não há como esconder, os livros de Historia todos contam como foi (e ainda tem sido) a práxis maliciosa e desumana das religiões, e se matando por poder e controle das sociedades onde estão.

      A maior mentira, ou melhor, o maior autoengano de bilhões de pessoas, é acreditar cegamente que um deus desceu dos céus e falou ou “soprou” verdades através de um anjo diretamente a um “escolhido”, no passado milenar, para ditar leis estatais ou regras morais. Esquizofrenia. Em nenhum momento isso aconteceu.

      Como poderia um deus ser burro a ponto de descer dos céus logo numa fase de consciência da humanidade tão minúscula? Como um deus poderia orientar pessoas no seu comportamento pedindo lucidez e discernimento se o seu rebanho não teria a consciência expandida que temos hoje, que se precisa para entender o que é um planeta, um universo, o DNA, o Big Bang, o ambiente, o clima, que viviam num planeta redondo? Somente com mais consciência podemos agir melhor nesse mundo e entender o que nos seria pedido, e conhecimento não se tinha, se tinha os mitos, as lendas, as crenças, o medo, o frio. Época de sombras. Então os deuses foram inventados como forma de acalanto para nos proteger das intempéries e sofrimentos e inventaram “verdades divinas”. Mas a que custo humano hoje é manter essas “verdades”?

      Entendeu como uma consciência moral e espiritual alinhada com altos valores humanos precisa de base de conhecimento complexo e multidiverso das coisas, porque está na essência uma fé verdadeira o agir bem, e para agir bem se precisa de conhecimento?

      Como se pode dar poder de verdade hoje a uma instituição religiosa que pega uma frase de um livro dito sagrado, “crescei e multiplicai-vos”, para justificar que deus não quer planejamento familiar? Mas espera aí, pensem um pouco, católicos (estou falando para eles), um deus desceria naquela época e diria às pessoas que elas moram num lugar chamado planeta, que tem 12 mil km de diâmetro, com água escassa, que no futuro deveriam controlar a natalidade com responsabilidade? Não, porque eles não entenderiam nada disso. O “crescei e multiplicai-vos” saiu da cabeça de homens de pouca consciência que não sabiam onde moravam e das limitações físicas e de recursos de onde moravam, logo, o deus que eles inventaram não poderia pedir que agissem com bom senso no futuro, já que aqueles homens não tinham consciência de nada disso.

      Mas hoje temos consciência e as “verdades da fé” a cegam para esse assunto para muitos crentes, que votam, que continuam tendofilhos a “deus dará”, complicando a nossa vida planetária. Isso tem sentido? A fé não pode ser cega à realidade.

      E como se conseguiu o avanço de consciência que trouxe mais humanidade e justiça, que temos hoje? Através de nós mesmos, pois se dependêssemos das religiões arcaicas, ainda estaríamos vivendo nos tempos das cavernas. Quanto menor a consciência ou mais atrelada a uma crença, mais no passado se está, está aí a prova nos tempos de hoje, o mundo árabe vive na égide de um poder de mil e quatrocentos anos atrás, com a consciência daquela época, logo, injusta, desumana e irreal, para não dizer, surreal. E a católica tem suas surrealidades, também, convenhamos, teve seus momentos muito infelizes no passado, mas ainda mantém-se incoerente e atrelada a dogmas que não enxergam a realidade óbvia.

      Nada do que eu disse nos dois posts e nesse sobre fatos históricos e atuais você pode contestar. Você não pode dizer que na Bíblia está escrito que a mulher vale a mesma coisa que o homem, pobre mulher, tão maltratada pela fé (dos homens), que só “nasceu” de uma costela, uma “sobra”, só porque Adão, pobrezinho, estava sozinho, o querido filho de um deus que criou o universo porque estava enfastiado com o “vazio”. A mulher na visão judaica antiga, e também na visão do “lindo” Corão, é um ser menos valioso que uma barata.

      Você não pode contestar que usaram as “verdades da fé” para promoverem escravidão, fogueiras cristãs com cheiro de carne humana na Idade Media, as indulgências. Muitos das mulheres que gostavam de sexo (as tais bruxinhas) foram queimadas em nome de purificação dos pecados, tem sentido? Você não pode negar a dissociação existente de um mesmo deus que numa parte de um livro religioso é mal humorado, velho, rancento, que odeia outros deuses e algumas civilizações, fazendo mal (matando) as crianças egípcias como castigo pela prisão do povo “escolhido” dele, os hebreus (espera aí, que deus sacana é esse que privilegia uns e despreza outros?), que exigia adoração e sacrifícios (que deus egoico, não? parece um humano) para ajudar os homens a viverem bem e com fartura, e numa outra parte do mesmo livro um deus que perdoa, que é pai, que é compreensivo, que tolera, que acolhe, e então ver na práxis que mesmo esse “segundo” deus diz que algumas minorias culturais não podem ter os mesmos direitos humanos que outras e o inferno existe. Coisa de doido… não… melhor dizendo, coisa de homens que acharam essas coisas como “verdades da fé” e que ainda tentam mantê-las nos tempos de hoje.

      Essa é a crítica da práxis criminosa das “verdades da fé”, por milênios, e é honesta, sincera, real (verdadeira), e não é fácil fazer uma critica assim, precisa-se ter coragem e boas intenções para se desapegar das “verdades da fé” tão intimidantes para quem as nega, mesmo com razão, coisa que a maioria dos crentes têm medo de fazer por medo do “castigo divino”, catequizados pelos donos do poder das instituições religiosas. Nas famosas aulas de catequese, com as crianças de mente indefesa, nos faziam lavagem cerebral para não duvidarmos, para não usarmos a razão, para não questionarmos, para acreditarmos em todas as lorotas que nos contaram.

      Todos os conceitos são muitos lindos no papel e no dicionário, o da fé que você mostrou não foge à regra, e como eu já disse, no mundo das ideias é tudo o “paraíso”, mas as ideias só se justificam se estão coerentes na práxis, e na prática quanta diferença entre os conceitos que você mostra e a realidade.

      Da mesma forma o que pregam algumas ideologias por aí se dizendo generosas e altruístas, pensando no bem comum, e quando tomam o poder dê-lhe ditaduras, paredões de fuzilamento, prisões políticas, tortura, mortes, chacinas, e onde o poder ainda está no comando das religiões, dê-lhe chibatadas para quem não se comportar como manda a lei que propaga e defende a “fé”. Fé em que mesmo agindo assim? Essas fés têm gerado ateístas em todo mundo, não sem razão.

      E por que minha critica e a necessidade de fazê-la? Porque na minha humilde visão a fé não pode ser cega nem burra nem incoerente. Na minha visão, se temos de melhorar o mundo, nunca o faremos com todas essas sandices tendo poder de verdade, justificadas pela desculpa da fé.

      A fé precisa ser limpa como uma água cristalina e coerente com os bons adjetivos das bandeiras que defende, é preciso limpar toda essa sujeira que acoplaram a fé para justifica-la, mas os crentes têm medo da limpeza porque acham que “limpando” a fé de toda essa podridão de “verdades” de milênios, a fé se esvai.

      Imagine os cristãos tendo a real noção do que é realmente verdade da boa e justa condição humana e fazerem uma autocrítica decente da Bíblia, entenderem realmente e que os textos foram manipulados e espelham uma consciência de um povo atrasado, e resolverem coloca-la no devido lugar, declarando-a apenas um livro histórico mais de fantasia do que realidade, deixando-a merecidamente no mesmo nível de uma fantasia da Disney. E se os muçulmanos fizerem a mesma coisa com o Corão? Seria um milagre praticamente divino..kkk.. porque sabe-se que crenças enraizadas são muito difíceis de serem questionadas pelas mentes que se sintonizaram com elas… elas só sobrevivem porque têm mentes que estão, em pleno século XXI, ainda no mesmo nível de consciência de 5 mil anos atrás.

      Mas se acontecesse essas autocríticas o mundo depois disso seria outro porque as religiões ainda interferem dramaticamente até na nossa vida política, mesmo em paises democráticos com partidos políticos. Vejam a esquisitice que foi a pré-campanha dos republicanos, alguns doidos querendo o voto dos religiosos conservadores, querendo votos das mentes de uma parcela significativa no país mais avançado em conhecimento do mundo, mas que tem lá muita gente que dorme com a Bíblia debaixo do braço e ainda acreditam no ser avermelhado com chifres. Olhando de longe para essas pessoas parecem crianças que não cresceram, e conscientemente, é isso mesmo, consciências pequenas acreditando num deus caduco inventado por homens (gênero masculino) de seis mil anos atrás. Só que o problema é que essa gente se elege e faz muitas idiotices nos governos, aqui no Brasil temos uma classe política em parte formada por evangélicos bitolados que seguem as “verdades da fé” que acreditam. È uma tristeza.

      A critica é forte, contundente, honesta e necessária, mas é quanto à práxis esquizofrênica do uso das “verdades da fé”… necessária de fazer, exatamente pela influencia negativa que nos atormenta todos os dias, seja na opressão, na motivação para a desigualdade social, seja na incoerência do que pregam e fazem, apequenando o progresso de maior consciência das pessoas e sociedades, tornando esse mundo mais desumano, belicoso, complicado, que entorta a discussão dos problemas populacionais, sociais e ambientais, metendo-se onde não deve.

      O que mais importa ficar como parte principal do meu “discurso”, e mesmo sendo principal vai ficar apenas nesses poucos parágrafos finais, ai combinamos e geramos consenso, é que fé e ciência podem conviver juntos, sim, e dou meu pitaco com uma advertência, desde que a fé esteja no seu lugar e escorada pela razão (razão que limpa, desinfeta e purifica, assim com o “Purific”..kkkk – um produto brasileiro de limpeza).e se coloque todo esse lixo de livros e ensinamentos de “verdades” no lixo, no fogo, porque provaram que são lixo mesmo.

      Aliás, é coincidentemente de ontem uma citação sobre um chefão do LHC que casa bem o que eu disse acima, numa reportagem que diz que até o final do ano o LHC vai achar o Bóson de Higgs… vou transcrever… “He has had meetings with the Pope and insisted that the interface where science ends and religion or philosophy begins is changing all the time.” E eu complemento, essa “interface” aponta para espaços cada vez menores para as crenças. Ainda bem.

      “CERN director says LHC will find God Particle by end of the year”
      http://www.telegraph.co.uk/culture/hay-festival/9307672/CERN-director-says-LHC-will-find-God-Particle-by-end-of-the-year.html

      Não se preocupe, não questiono a sua fé nem quero que você a imploda, apenas quero lhe mostrar que a fé pode existir sem as sandices das religiões que conhecemos, aliás, pode não, DEVERIA existir sem estas esquisitices antigas. Seria muito mais saudável para todos se isso acontecesse.

      Rezemos juntos para que essas religiões todas acabem…kkkk..porque uma verdadeira e real espiritualidade não tem nada a ver com elas. As religiões só existem ainda porque as consciências de muitos não cresceram, não se desatrelam delas e não querem fazer o dever de casa, que é usar a razão e discernimento para tudo, assim como as pessoas as usam para viver, trabalhar, definir caminhos profissionais, comprar e pagar as contas. Esta é a realidade, o que não é realidade, as crenças, não podem ser usadas como “verdades”.

      Eu separo o que é fé do que é crença, as “verdades da fé” infelizmente estão no controle das religiões que são crenças, todas esquisitas e surreais. Acabemos com as religiões…. kkkk…

      Cristóvão, agradeço muito o convite, Portugal é um dos poucos países que gostaria de conhecer, e quem sabe no futuro poderemos tomar esse café juntos e conversarmos sobre a vida e a Astronomia, outro assunto que me atrai, será um prazer!!

      Abraços!

  5. Olá Jonas. Antes de mais, muito obrigado pelo comentário. E depois, como segundo ponto, não há nada a lamentar. Quando se conclui alguma coisa, e essa mesma coisa tem consistência lógica, é um “favor” que se faz pôr os “pontos nos i’s”.
    Serei o mais breve possível na resposta atendendo às três aparentes incongruências apontadas:
    1) afirma que um deus criou o universo…
    Efectivamente é assim que penso. E não é só porque não se consegue “ir além” do tempo de Planck. Mesmo sob o ponto de vista filosófico essa questão pode ser abordada, e filosoficamente, tem que se admitir um principio fundante. Uso uma famosa frase de S. Anselmo: o nada não é nada e não é pensável que algo possa Ser a partir de coisa alguma, ou seja, seria uma passagem indevida, sob o ponto de vista filosófico que algo tivesse um começo sem um principio ontológico fundador. Na teologia fala-se da criação ex nihilo, ou seja, a partir do nada, mas como já pude repetir várias vezes, a preocupação ao escrever o post não foi uma apologia cristã ou católica, mas sim, a partilha da minha opinião a propósito da não contradição entre Fé e razão que sustento.

    ..2) diz que a ciência deveria estudar as “verdades da fé” para entendê-las….
    Nunca disse isso. Disse, isso sim: “Por um lado, os cientistas deviam aprender a ler correctamente a bíblia e a compreender as verdades da fé. Por outro lado, os teólogos e os homens da “igreja” deveriam actualizar-se sobre os progressos da ciência, para conseguir dar respostas eficazes às questões que ela coloca continuamente.”
    Quando escrevi a frase sabia que quanto à segunda parte não haveria problemas de interpretação. É claro. Quanto à primeira parte, não disse que a ciência devia estudar as verdades de fé. As verdades em primeiro lugar não se estudam.
    A pedra é dura. É um facto. Uma verdade. Podemos fazer uma serie de estudos a propósito desse facto mas efectivamente, o que faz da pedra dura continuará a fazer dela dura. Começaremos provavelmente a saber constituições químicas da pedra mas isso não muda em nada a dureza da mesma. A verdade pode ser aprofundada mas sendo verdade, assim permanece. O que eu disse é que os cientistas (alguns) deviam ser menos fundamentalistas ao ler a bíblia. E, assim sendo, sabendo do ponto de partida (ainda que, claramente discutível), as escrituras, lidas com os métodos cientificos que tanto ajudaram a teologia nos últimos séculos – arqueologia, métodos histórico-críticos, análise literária, estudos sobre as varias redacções, o cruzamento com outras fontes da mesma era – documentos da mesopetânia, Pérsia, Babilónia, Egipto, Roma, etc – que pudessem compreender as verdades de fé. Mas são para compreender. Não para dissecar em laboratório ainda que muito se tenha escrito a propósito dessas mesmas verdades ao longo dos últimos dois séculos.

    3) faz uma relação entre céu (espaço sideral) como meio de desvelar um deus.
    Tentar compreender o mundo através da ciência, em particular a astronomia, é desvelar um pouco mais o “véu” que nos faz compreeder o Criador e a criação em que Este se revela.
    Para mim é isso mesmo. Quando faço observações, sinto-me verdadeiramente minúsculo. Uma partícula ridiculamente insignificante no meio do universo.
    Não queria fazer isto, mas para responder cabalmente tenho que aprofundar um pouco mais sobre teologia.
    Quando um casal tem um filho, o filho é dos cônjuges, e tem “coisas” quer dum quer do outro. Quando alguém cria uma obra, seja de que natureza for, diz-se, em parte. Prolonga-se no que criou. Seja um livro, uma pintura, uma escultura, uma casa.
    Partindo do ponto primeiro desta exposição que não queria tão longa, quando alguém “cria”, imprime indelevelmente o seu cunho pessoal. Falar de criação, obriga a admitir um criador. Para mim é Deus. Sendo Deus o criador de todo o criado, observar a beleza da criação é observar a beleza do criador. Observar o poder da criação, é observar o poder de quem a criou. Da mesma maneira, observar a imensidão do universo, para mim, é observar a imensidão de Deus. Observar uma foto do Hubble ou do ESO de uma galáxia distante e observar a sua beleza, é observar a beleza que Deus imprimiu na criação.
    Como disse no post, esta é a minha opinião pessoal. Há quem tenha opiniões diferentes e respeito-as. Foram levantadas questões relativas à bíblia, o facto de ser machista por exemplo. Só recomendo além do que já disse e repeti, que se contextualize o texto. Há dois mil anos atrás a escravatura era mais natural do que é hoje o desemprego em Espanha (20%) 🙂

    Espero ter respondido às três inquietações mais peremptórias.
    Um abraço e se resistirem duvidas, basta perguntar.

    1. Mais algumas notas a propósito do comentário. As verdades de fé como já disse não são para serem dissecadas pela ciência. E como são de fé, a fé é necessária para as entender, ainda que a razão nos pode ajudar como disse e repeti no artigo (Cf Fides et Ratio).
      As verdades de fé, quem ler o comentário do Jonas e o não souber, pensará que é uma lista enorme, com algumas centenas de “verdadezinhas” que se dão ao povo para ele “comer”.
      Por isso é que alertei para as leituras fundamentalistas, e sinceramente, são mais numerosas nos comentários a este post as leituras fundamentalistas de quanto escrevi por parte dos cientistas e ateus do que pelos crentes para os quais o meu post não levanta qualquer tipo de questão. As verdades de fé são nove, e a última, com mais de 150 anos, menos importante que as restantes. Todas as outras estão bem documentadas ao longo dos séculos, e fizeram correr muita tinta.
      Leituras fundamentalistas, e interpretações forçadas dos textos podem ajudar a consubstanciar barbáries. E acontecem ainda hoje. Se na idade média a igreja com as cruzadas em nada dignificou a Cruz desenhada nos escudos, hoje continuam a existir muitos abusos que continuam a fazer-se com base em livros tidos como revelados. Refiro-me a teocracias, à Jihad, ao problema premente do Darfur onde conheço activistas e missionários que se encontram junto do povo, onde ninguém da ONU quer ir por ter amor à pele que têem no corpo.
      Por causa de “mentiras” da fé, há pessoas que morrem diariamente, das maneiras mais bárbaras.
      Fazer leituras simplistas dos textos da bíblia é uma desvirtuação de quanto é dito. O próprio Corão é um livro belíssimo, mas quando primeiro se parte tudo e depois se pergunta o que se passou, parece-me despropositado. Como me parece despropositado que pessoas façam comentários apaixonados sobre a bíblia sem se terem dedicado a ela minimamente. É fácil julgar pela capa seja o que for, mas não estaremos a ser extremistas quando o fazemos? Os creacionistas refutam taxativamente o evolucionismo porque nunca leram o livro de Darwin. Os monogenistas refutam o big Bang porque não sabem o que ele é. Vêem-no como um bicho do qual se deve fugir. Não se sabe o que ele faz, em que medida é perigoso, mas como se não conhece, foge-se. E se se tiver uma arma, apenas apareça o big Bang, dispara-se indiscriminadamente. É o que fazem os fracos.
      Sobre o link, da internet que está a “matar” a fé, uma coisa a dizer: coitadinha da fé 😀
      Tenho pena que não tenha lido com atenção o meu post como eu li os comentários. Eu disse, a inteligência, a razão, é um dom de Deus, e como tal, não o usar, é um completo disparate. Acho que a a internet é um bom instrumento. Tem é que ser bem usado. Há muitos disparates espalhados, e se calhar com mais frequência que as fontes fidedignas. Os trolls usam a internet para vender as suas mentiras. E é provavelmente mais fácil encontrar o site de um troll ou de um astrólogo que não o AstroPT. Infelizmente.
      Respondo ao link enviado com outros links da mesma fonte.
      http://www.washingtonpost.com/blogs/guest-voices/post/the-internet-is-a-blessing/2012/05/25/gJQARjPzpU_blog.html
      http://www.washingtonpost.com/blogs/guest-voices/post/why-americans-are-becoming-more-pro-life/2012/05/24/gJQAsqt4mU_blog.html
      http://www.washingtonpost.com/blogs/guest-voices/post/christian-witness-for-gays-in-uganda/2012/05/24/gJQAVsNenU_blog.html
      http://www.washingtonpost.com/blogs/guest-voices/post/is-the-internet-the-enemy-of-faith/2012/05/25/gJQAhH8KqU_blog.html

      E acho que disse tudo o que queria dizer. Alguma questão, sempre ao dispor 😉
      Cumprimentos

    2. Fazendo uma réplica final

      1) Cristóvão, se é uma crença você não precisa dizer de onde ela vem, nem justificá-la. Você não precisa usar de Filosofia ou qualquer outro contexto de especulação para explicar porque ela existe. Tenha a percepção de que por esses caminhos não se chega à uma verdade, onde está a prova provada na realidade mesmo usando um pensamento filosófico? Não existe, está só no mundo das ideias.

      Crença é crença, está só no mundo das ideias, é pessoal, é seu, eu tenho as minhas crenças, mas elas ficam comigo, eu sei que elas só são crenças, que não tem como prová-las, e por isso não posso influenciar ninguém dando ares de verdades a elas, mesmo que eu me baseie no suprasumo de uma fala de uma grande autoridade de um assunto qualquer com argmentos intererssantes, intelectuais, aparentemente lógicos, por quê? Elas só serão verdades realmente QUANDO FOREM PROVADAS.

      Nada que fica só na redoma do mundo das ideias é verdade (ideologias e religiões também estão nesse mundo), tanto que depois que a ciência foi inventada e com sucesso aprendeu a descobrir como esse mundo funciona, e em níveis cada vez mais aprofundados, a Filosofia como ferramenta de análise, de especulação metafísica, etc.. perdeu totalmente o valor. A Filosofia não se justifica nessa área, hoje ela é somente usada para lembrar-se a si mesma com fatos e personagens históricos, como nasceu a ciência a partir dela, nas questões envolvendo ética e lógica, na análise do comportamento humano e social atual. Como ferramenta de encontrar verdades, a ciência a destronou completamente, porque a ciência diz.. “ah, você viajou nas ideias? Ok, mas então vamos à prova?” Aí a coisa pega. a FIlosofia precisa usar algum método para provar, mas não faz, e se não faz não tem valor algum e naturalmente desapareceu o interesse dela em ir por esse caminho… O banho da realidade é o melhor caminho para encontrarmos as verdades.

      Estes são os equivocos dos crentes: – não perceber que não se precisa justificar nenhuma crença; – uma crença não tem valor algum até que se prove; – nada prova a não ser o fato real ou uma experimentação; – justificativas quaisquer que forem do mundo das ideias não provam nada. – o mundo que justifica a sua crença está só no mundo das ideias, – não se pode elevar o nivel de crença ao mesmo valor de uma realidade, sem provas.

      Não há nada que transforme uma crença desse porte em uma verdade somente com especulação no imaginário ou por ideias. Como a prova da existência de um deus sempre ficará no improvável, há espaço para a crença em um deus ficar eterna, porque a ciência também não tem como provar que um deus não existe.

      Então não perca seu tempo, você não tem como provar que um deus existe, nem com Filosofia, nem com nada, nem com ciência, nem dar valor de verdade a ela para tentar influenciar outros, mas você pode dizer que é uma crença, que é a sua crença. E só isso. Nada mais tem valor nem você poderá agregar valor, porque não existe. O valor só está na realidade provada e comprovada.

      2) O que você disse é exatamente o que eu disse, leia bem as duas frases, a minha e a sua, é a mesma coisa. Não há como ler corretamente a Biblia, a Biblia é um livro remendado, mal escrito, mal traduzido, copiado por pessoas que não se sabia se alteravam os textos por conta, no controle de uma Igreja por séculos, usado por papas e seus asseclas que em varios Concilios alteraram, extrairam, colocaram textos que bem lhe serviam para comandarem a manada deles e a aumentarem. Deram poder a um livro e controlaram tudo que ali estava escrito, assim até eu viro um “poderoso dono de verdades”, sabia?? risos… Como quer pessoas que tem bom senso e discernimento possam tirar algo realmente útil e verdadeiro daí?

      Mas então voce agora diz no seu segundo post que para as verdades da fé não é preciso de razão. Cara, pelaamordedeus, para entender qualquer coisa se precisa de razão, se precisa de pé no chão, se precisa usar discernimento, se precisa questionar, se precisa de bases reais de conhecimento. As religioes dizem isso para você não pensar, para você aceitar tudo como ovelhinha, para ter fé e engolir todos os lixos que dizem e pronto, sinto dizer, mas isso não existe mais, o mundo hoje implora que usemos o racional para tudo. As religiões não querem que você pense e use a razão porque assim elas desaparecerão questionando-se todas as sandices que elas defendem, essa é a verdade.

      Repito.. não se entende “verdades da fé” com textos que foram escritos por pessoas de consciência arcaica (Velho Testamento), pessoas que além de tratarem mal as mulheres, tinham escravos e sacrificavam animais para apaziguarem a raiva de um deus mucho doido… No Novo, os textos são incoerentes, os fatos narrados pelos Evangelhos não relatam os fatos da mesma forma, foram escritos muitas décadas depois dos acontecimentos, logo, passiveis de serem farsa ou falando de irrealidades (quem “conta um conto sempre aumenta um ponto”).. e ainda tem os Concliios que já citei no parágrafo acima. Se existiram “verdades da fé”, como saber onde estão? A massa ignorante dessas coisas até hoje aceita como tudo que está escrito ali como verdade, vejam o absurdo, um livro absolutamente doido e cheio de remendos sempre convenientes para o poder dos homens que comandaram a Igreja pode espelhar alguma verdade? Onde? A fé basta? Isso é loucura, isso não é são. Razão, socorro!!

      Questão de interpretação? Quando a interpretação que se tenta fazer se dá sem conhecimento de como a cabeça de quem escreveu os textos funcionava na época, e sem saber exatamente como repercutiu o poder que a Igreja tinha na feitura, manutenção e alteração dos textos pela vontade dela, as interpretações o que fazem? Predispõem a criação de uma igreja em cada esquina, são milhares de versões de Igrejas porque não tem verdade alguma ali, se a verdade existisse, existiria uma só. Nota-se que separar o joio do trigo das “verdades da fé”, nessa situação, não só é inviável como impossível.

      Logo, sinto dizer mais uma vez, estudar a Biblia ou o Corão ou qualquer outro livro religioso é perda de tempo, e por isso faz bem a ciência em não se meter em algo que não tem pé nem cabeça. Podem ser belos, podem contar estórias, podem contar historias, lendas e mitos, mas é dificil tirar algum valor (o valor está na verdade) que dizem ter ao ponto de comandarem nossas vidas por séculos de uma forma tão estúpida.

      Vários deuses (muito parecidos) foram inventados e usados para comandarem a manada, essa é a verdade, e é o momento de fazer uma crítica contundente, “emparedá-los.”

      3) Quando você diz que naturalmente cabe um criador, eu digo simplesmente… não precisa.

      Se temos uma consciência de poucos anos de idade, é natural imaginarmos sendo filho porque temos um pai, assim como se pode bem especular que uma consciência que não conhecia o DNA e a evolução das espécies há 6 mil anos imaginaram algo surreal como o fato de dizer que o primeiro homem teria vindo do barro e de um ser ou uma entidade que criou tudo.

      A crença num criador ainda hoje segue a mesma lógica, a falta de consciência de níveis elevados. Explico. Como medir a consciencia dos seres “inferiores” a nós? De uma mosca, por exemplo? Ela existe? Até que nível? Ela percebe até que grau que vive num mundo 3D? Ela toma alguma decisão? Hoje sabemos por pesquisa cientifica que uma mosca macho quando rejeitada sexualmente pela parceira tem maiores chances de escolher beber alcool… ahaha.. sim, isso é verdade, pesquisa recente, mas ela escolheu por decisão ou por que? E nós, os machos rejeitados que vivem nos bares decidiram no mesmo nivel de consciencia das moscas? ahah.. bem, não quero fugir ao tema, essa pergunta ultima não cabia aqui, mas então podemos extrapolar a questão da origem para nós também, como podemos especular sobre coisas que estão muito além do limite que a ciencia irá porque ela precisa da base real da realidade, do nivel de nossa consciencia, da realidade que só poderemos perceber que tem relacao direta com o nosso grau de consciência que poderemos alcançar?

      Percebemos e estudamos agora o universo macro, o LHC nos mostra o universo do infinitamente pequeno, mas até onde vai isso? Podemos ter um limite de um nivel de consciencia que nunca chegaremos a uma realidade maior, assim como uma mosca está num nivel que não alcança o nosso (crendo eu porque a ciencia ainda não sabe dizer o tamanho dessa consciencia dela), e nesse limite sobrará para muitos humanos resumir tudo o que não percebemos nem vamos perceber como algo feito por um deus.

      A visão sumária da existência de um deus, se permanecer nos próximos milenios na mente de muitos, servirá para simplificar de forma rasteira o que nunca alcançaremos como o conhecimento, só mostrará o quão limitado é o nosso consciente e será nossa ciência. Por que? Podemos ser meras “moscas” de consciência em relação a níveis muito maiores de consciência ou de seres que não teremos como aportar, descobrir, conhecer, por isso muitos sumarizarão, deixando o eterno desconhecido para a responsabilidade de uma entidade chamada “deus” que criou tudo e ponto final.

      Então, faz diferença real saber se existe mesmo um deus real ou não? Não realmente, mas faz muito mal se muitos pegam esses livros religiosos todos esquizofrênicos e fazem sandices em nomes das “verdades” que dizem que ali estão. E como muitos têm feitos sandices!!! Nossa, quanta falta de racionalidade, quantos dogmas sem fundamento!! È isso que se deve combater e isso não pode ser visto, pelos crentes, como uma guerra contra a própria crença. Uma coisa é uma crença, outra coisa são as sandices que tenta explica-la e dar força de verdade

      Querem acreditar em um deus? Ok, sem problemas, mas não usem a desculpa de ter “verdades da fé” em livros arcaicos e incoerentes, cujo trigo do joio é praticamente impossível de fazer, para corromper, dominar, provocar injustiças, segregar, usar de preconceito e intolerância e principalmente jogar para debaixo do tapete a realidade, que nos exige cada vez mais conhecimento e bom senso em questões da vida para criarmos soluções e não complicarmos mais nossas vidas.

      Cristóvao, o assunto não é este, mas quero deixar claro, depois dessa “lavação de roupa suja” que fiz aqui com relação a religiões e “verdades da fé”…risos.. quero dizer que eu não combato a crença em um deus, o que combato é justificarem-se acreditar em um deus (seja ele a cara que for) para serem tão desumanos e injustos uns com os outros, ainda em pleno século XXI.

      Não é o seu caso, claro, no seu caso só quero que você perceba até onde pode ir a tua crença, ela tem um limite, e esse limite está cada vez mais apertado à medida que o conhecimento se expande.

      E concluindo, sua crença é sua, não precisa justificá-la, e mesmo justificando-a com Filosofia ou qualquer outro pensador importante nunca haverá valor de verdade até ser provada.

      Uma crença é crença inatacável se está no nível de que nunca será provada, logo, acreditar em um deus está nesse nível, mas voce perde tempo quando tenta justifica-la e dá a ela ares de verdade. Não é. Não tem Filosofia ou santo ou teoria ou presunção lógica que tenha valor que diga que é verdade. Só será verdade se for provada, na real, e aí deixa de ser crença e entra no mundo da conhecimento, entra no mundo real.

      È bom conversar com você.

  6. Cristóvão,

    Seu discurso no geral é correto, a fé pode existir concomitantemente com a ciência. Ter fé não necessariamente significa ser uma pessoa “tapada” ao ponto de não aceitar as evidências científicas, e as evidências científicas não necessariamente sucumbem uma fé, eu também concordo com essa visão, só me permita dizer que você peca em alguns pontos do raciocínio que detonam essa concomitância quando 1) afirma que um deus criou o universo… ..2) diz que a ciência deveria estudar as “verdades da fé” para entendê-las…. 3) faz uma relação entre céu (espaço sideral) como meio de desvelar um deus.

    Ciência e fé SÒ podem viver concomitantemente se ambas estiverem devidamente bem delimitadas nas fronteiras próprias, sem sobrepujarem seus próprios limites, e penso que nos três pontos citados acima os limites não são respeitados e a concomitância “descamba”.

    Ponto 1. Uma coisa é você dizer, “eu acredito num deus”, isso é da sua seara pessoal que a ciência não tem como provar ou não provar como verdade, nesse caso sua fé e a ciência podem viver concomitantemente, mas aí você diz que um deus criou o universo. O que acontece aí? Você está dando um valor a uma crença sua que na real a ciência tem outra convicção, sua crença extrapola um limite que a ciência já colocou a mão.

    Você arrazoa bem quando diz que a ciência definiu um limite para o conhecimento que se sabe do Big Bang, o Tempo de Planck, mas acopla o momento anterior a esse, o da própria singularidade, como causa primeva da existência estar na origem de um deus, já que você presume que a ciência, não podendo especular antes do Tempo de Planck, deixaria esse espaço para a fé. Porém, e sinto lhe dizer, Hawking e muitos outros dizem que o universo pode ter-se criado sozinho, a ciência diz que o momento da singularidade não necessariamente precisa de uma causa primeva externa ao próprio universo. Então nesse caso a ciência e a sua fé não podem viver concomitantemente, sua crença extrapolou o limite natural de conhecimento que a ciência já sabe, a ciência já pegou esse espaço e é ela que tem valor. Repare, toda crença sempre tem um valor muito menor, e muitas vezes não vale nada, em relação às evidências científicas, onde uma tem valor a outra não tem valor algum, é aí que se percebe o limite que torna ambos os mundos concomitantes. Um outro exemplo bem básico: o Criacionismo em seis dias não tem valor algum de verdade quando se sabe que o universo foi “parido” em milhões de anos, o Criacionismo vira só um mito de um povo, apenas isso, deve ser visto assim. Se você acreditasse num Criacionismo em seis dias, não haveria como ambas viverem em concomitância, você teria extrapolado um limite cujo verdade (realidade) tem valor e já está de posse da ciência.

    Ponto 2. A ciência não existe para se envolver com as “verdades da fé”, a ciência existe para conhecer como as coisas funcionam, como o universo funciona, como a mente, o corpo, a matéria, as doenças e o sol funcionam, como tudo funciona, inclusive como o sentimento de fé repercute na mente e na condição operacional do cérebro (fizerem ressonâncias magnéticas em cobaias humanas para entenderem como a fé repercute no cérebro). Mas o que o quero dizer é que há um fim em cada busca do conhecimento, que se materializa em comprovações e numa intromissão na matéria que tenta melhorar, transformar, curar, aprender, ou seja, isso só funciona na base da realidade, senão um avião não voaria, por exemplo. Já as coisas da fé sempre são muito nebulosas, as “verdades da fé” que você diz estão realmente onde? Em que referências? Nos ditos livros e textos sagrados? Mas será mesmo que estão lá? São coerentes? Tem realmente valor? São lúcidas? Como foram e tem sido as práxis delas no mundo? Dá para fazer ciência no que dizem as “verdades da fé” e a correspondente ação delas no mundo para sabermos se realmente elas valem o que dizem? Isso dá, mas não “entendê-las”, porque para entende-las seria preciso aceitar que fossem verdades, mas a práxis nunca foi, logo, se a causa (a verdade da fé) gera como consequencia uma ação maléfica no mundo, é uma verdade? A ciência pode questiona-las, mas não entende-las.

    Sabe-se que os livros ditos sagrados não foram escritos por nenhum deus, nenhuma virgula, mas por pessoas que achavam que estavam “captando” as “verdades”, se achavam certas do que era sagrado, Moises foi um grande esperto, os Mandamentos vieram dele, se ele dissesse isso para os seus seguidores ele não teria poder moral e estatal para comandar tanta gente, então espertamente inventou que foi um deus que os repassou a ele. Os textos ditos sagrados só espelham, na realidade, o pensamento moral de consciências da época (de milhares de anos atrás). Não é à toa que o deus do Velho Testamento é praticamente um esquizofrênico mal humorado e machista, que diz que a mulher é um ser inferior (você concorda com essa “verdade da fé”?), pois assim era a consciência do homem daquela época (que ainda queria ter muito poder sobre elas). As verdades da fé apareceram para tentar colocar ordem no galinheiro, como leis que juntam o poder estatal com o moral, e bota poder nisso, ainda tem paises comandados por pessoas que se acham no direito de comandarem outros pelas religiões, e são os países mais injustos humanitariamente na Terra.

    E como foi e tem sido a práxis delas no mundo? Por causa das “verdades da fé” muitos cometeram loucuras, atrocidades, injustiças, um mundo de consciência que beira até o bizarro agiu insanamente no mundo por milhares de anos. Por quê? As “verdades da fé” sempre estiveram no mundo das crenças, com verdades preconcebidas das coisas sem a base da realidade.

    Quando se está no mundo da crença a mente funciona diferente, aparecem as “torcidas”, o moralismo esquizo, muita incoerência, muitos perdem a razão ao não valorizarem as evidências científicas criando museus para provarem que o criacionismo em seis dias aconteceu.

    Sinto-lhe dizer, mas qualquer livro que se diz sagrado, como a Bíblia, é um grande vazio de verdades, há raras exceções. A Bíblia justificou a escravidão, a existência de um deus esquizofrênico (Velho Testamento) e de mau humor, a visão machista em que a mulher foi tratada como um ser inferior por séculos, só nas décadas recentes ela conseguiu se liberar do julgo moral das fés ocidentais quando veio a consciência dos direitos civis e humanos (no Oriente, coitadas, ainda são tratadas como seres reles), justificaram o extermínio de civilizações, como as indígenas das Américas. O deus inventado por cada civilização antiga sempre justificou o poder, o combate contra os outros deuses, enfim, não vou me alongar mais, a História e a realidade todo dia mostram o quão são visões doentes, perniciosas, incoerentes, as ações delas no mundo. São exceções as visões tolerantes, não preconceituosas, solidárias, e mesmo as que se dizem acopladas nessas visões se vê muito pouco disso na prática, vejam os católicos e evangélicos não querendo que as minorias sexuais tenham direitos civis quanto à união estável como se a verdade da fé, que diz da necessidade de não julgar, de ser justo, de entender o próximo, se encaixa nessa situação. São incoerentes.

    Como pode a ciência querer se meter nesse mundo se ele é quase sempre “fora da casinha”? O que tem a ciência a fazer? Ficar no canto dela, inclusive porque mostrar e discutir com crentes enraizados as próprias verdades científicas, a maioria sendo inclusive contrária ao que diz as “verdades da fé”, como o criacionismo em seis dias, é grande perda de tempo. Mas a ciência sabe muito bem como funciona a mente de um crente, e justifica-se cientificamente como a mente pode criar tantas crenças e agirem tão mal no mundo a partir das sandices criadas por ela. Os “mundos” das ideologias funcionam da mesma forma.

    Hoje se vê que é possível exercitar um comportamento digno e saudável, consigo e com outros, apenas com o conhecimento e boas intenções. Hoje se sabe que pessoas menos religiosas ou mesmo ateístas são mais conscientes numa práxis de bom coração e de justiça social do que pessoas mais religiosas, porque uma pessoa religiosa tem maiores chances de dar muito poder às sandices explicitas das “verdades da fé” que estão em quaisquer livros religiosos. Ah, foram interpretações erradas? Algumas pessoas argumentam isso, mas o que eu digo é que onde há verdade e conhecimento não há nenhuma dubiedade na interpretação, você entra num avião e sabe que ele vai voar, com a ciência e conhecimento não tem choro nem vela, ou funciona ou não funciona, já no caso das crenças as interpretações sempre serviram para justificar o poder estatal ou moral de alguns sobre uma maioria, geralmente de forma injusta e incorente com os princípios mais básicos da racionalidade.

    E sobre uma situação específica, se a ciência deve ou não ser usada por encontrar provas da existência de um deus, o mesmo Hawking disse num documentário que vi recentemente (e não é só a opinião dele, mas o senso comum dos cientistas) que um deus não é um objeto de busca da ciência, nem de estudo teórico nem de experimentação, por absoluta falta de meios de investigar-se o assunto. Pode-se estudar um objeto somente se pode-se levantar uma teoria que depois se comprova na prática, e obviamente um objeto chamado “deus” não tem como. Aí sim a concomitância acontece, a ciência ficando no lugar dela, ela não se mete onde não tem o que fazer.

    Ponto 3. Sinto lhe dizer, mas mais uma vez você crê em algo que não tem sentido. O universo, o espaço sideral, “o céu”, ele mesmo se basta como meio de pesquisa da ciência por ele mesmo, ou seja, o universo é visto pela ciência como conseqüência da formação da matéria e o estudo em cima dele é mais que suficiente. O atrelamento que você tenta fazer para justificar o estudo do universo como uma forma de desvelar o próprio criador está só na sua cabeça, então é uma crença sua mas que passa o limite que a ciência já colocou, logo, a concomitância não acontece na real.

    Repetindo, a concomitância só vale, só existe mesmo, quando não há conflito nos limites de ação e conhecimento de cada uma, quando no imaginário do que se crê (pela crença) e na perspectiva do que já sabe (comprovadamente pela ciência) ambas estão bem separadas por esse limite bem definido. Se alguma coisa da sua crença avança no limite indo para o lado da ciência, sobrepondo-a com aparentes “verdades”, elas serão sem valor e não estará fazendo concomitância.

    E encerrando o assunto, devo ainda dizer que, com o avanço do conhecimento, a única coisa que restará à fé é uma pessoa dizer que acredita em um deus, porque todo o resto estará sob o domínio do conhecimento, da ciência, porque as tais “verdades da fé” finalmente não terão espaço algum, como já se nota essa tendência nesta notícia recente.

    “Como a Web está matando a fé”

    http://www.washingtonpost.com/blogs/guest-voices/post/how-the-web-is-killing-faith/2012/05/24/gJQAMHgLnU_blog.html

    Penso que isso é uma grande benção no sentido de implodir as “verdades da fé” que são irreais, que não tem base de verdade mesmo, que tanto mal causaram ao mundo, e concluo com algo que já disse acima, as “verdades da fé” sempre foram muito nebulosas, esquizas, incoerentes. O mundo progridiu mesmo foi com conhecimento, com verdades que vêm da realidade, do bom senso, das boas intenções e do discernimento, não de livros morais arcaicos escritos por homens machistas que tinham pouca consciência das coisas, que prometem coisas do tipo, “40 concubinas no céu junto a Alá” ou o “inferno para quem não seguir Jesus”, que oprimem direitos civis de minorias sexuais porque “um deus não quer“, ou porque tapam os olhos insanamente ao problema superpopulacional sendo contra o bom senso do planejamento familiar e ao uso de camisinha porque o “dogma divino” não quer.

    Quando as crenças se metem na realidade desse jeito, de forma não racional, sob justificativas de ter um respaldo na “verdade da fé”, o que se vê como consequencia é desequilíbrio, injustiça, incoerência, falta de bom senso, inclusive de falta de responsabilidade com a vida, com todos os seres humanos e com o planeta. Onde então estão as tais “verdades da fé” nisso? Elas podem valer alguma coisa? Se não valem, não é verdade.

    Haja muita luz. O mundo precisa de “Prometeus”, não de “salvadores” que depois vão criar igrejas que vão fazer sucumbir a própria razão com “verdades” absolutamente sem sentido.

  7. É um excelente texto. Não quer dizer que concorde com ele pois é um assunto, ainda e talvez para sempre, muito subjetivo. Sou ateu por opção, mas a meu ver, a religião e a ciência não são uma contradição. O extremismo sim.

    Caso consideremos que foi o homem que criou Deus e depois baseou lá as suas crenças, então não contradiz em nada. Afirmar que Deus criou tudo, já é um tanto mais complicado. Mesmo sendo ateu, como já referi, a meu ver, acreditar em Deus é algo mais espiritual, não implica que este tenha criado o mundo e tudo que vemos em volta (senão estas coisas teriam escrito: Made in Deus :-), não, estou a brincar) e isso não vai contra a ciência.

    Não se pode perguntar a alguém quem criou Deus. Os maias acreditavam em Deuses (e, pelos visto, previam fins do mundo), os astecas, os assírios, os gregos, chineses, árabes, europeus…, também acreditavam ou acreditam em Deuses ou em Deus. Perguntando a um historiador, talvez ele responde-se assim. A um filósofo, seria uma resposta, provavelmente, completamente diferente. Um ateu, um cristão, um muçulmano… Todos têm concepções diferentes de Deus. Penso que o que faz alguém acreditar em Deus é (para além de acreditar na vida além da morte, mas disso não vou falar) a procura incessante por Deus, mesmo sabendo que não o encontrará.

    Não sei, bem o que dizer, pois como disse, cada um é livre de ter uma opinião e esta diferem muito, é um tema demasiado subjetivo.

    1. Obrigado pelo comentário. Claro que quando falamos de subjectividade, o ponto de vista é sempre o sujeito, e como tal, a resposta fica sempre dependente de um sem número de coisas que tudo somado é o ser humano: complexo, perfectível, limitado. Até a linguagem tem limites. E como. Dizia a raposa ao principezinho: “A linguagem é uma fonte de mal entendidos”. E eu concordo.
      😉
      Abraço

  8. Tema difícil, cada um é livre de escolher em quer acreditar.

    1. Obrigado pelo comentário. Cumprimentos 😉

    • Cristóvão Cunha on 26/05/2012 at 14:11
    • Responder

    Ninguém. A filosofia falava do que via, sobretudo a partir do movimento. Cada causa era motivada pela anterior. Deus era concebido como a causa primeira e como tal, a única com consistência para Ser dependente de qualquer Outra causa. Na teologia fala-se de Deus como incriado e pre-existente, desde toda a eternidade. Até porque se admitimos que a Deus precede o que quer que seja que o tenha criado, passa a ser o que criou Deus a precisar de alguém que o tenha criado a ele e assim por diante. Um ciclo vicioso e interminável.
    Não quis no post falar de questões profundas e teológicas. Não é o local para o fazer. Apenas quis sublinhar que fé e razão não se contradizem em absoluto. É possível conciliar as duas.
    Cumprimentos

  9. quem criou esse alegado deus de que falas?

    1. pj

      “quem criou esse alegado deus de que falas?”

      Está diante da pergunta mais difícil de ser respondida.

  10. Cristóvão,

    Sua humildade e serenidade me fez compartilhar deste post. Todos concordamos com o saudável encontro entre religião e ciência, um passo importante a ser dado pela humanidade, mas não sem antes abandonarmos as visões egocentradas presentes em ambas. A questão do Big- Bang é que, mesmo sendo cientificamente aceita, esta teoria não passa daí: um ponto que explodiu, sem sequer questionar sua anterioridade… ou ainda, quantos pontos outros pipoecoaram “Universo” a Fundo? Continuamos egocentralizadamente “julgando” o Universo como uma bolha ao nosso redor. Continuamos a ser geocentristas! Há de se deixar claro que este é o limite possível de nossa investigação e, sabendo-se disto, melhor seria nos referirmos a ele como o limitado universo visível e observável por nós ou, o universo que conhecemos atualmente. Bastaria lembrar que até o Séc. XVI, o universo era reduzido às estrelas visíveis a olho nu! Em outras palavras, a humanidade passou a maior parte de sua existência chamando de Universo, o que sabemos hoje ser uma galáxia, a Via Láctea! Somente com o cientista Hubble, início do Séc. XX comprovou-se a existência de outras galáxias além desta que conhecíamos. Antes disso, ou o universo era reduzido às estrelas visíveis, ou todo ele era o que sabemos ser hoje uma galáxia! Portanto, prefiro dizer que não conquistamos inteligência, simplesmente espantamos as nuvens que nos distanciam da Luz. Quantos inteligentes do passado deixaram de ser? Quantos do presente deixarão de ser? Infelizmente o Ego não permite que tais análises sejam feitas…

    Vejo em alguns textos científicos a utilização de uma palavra bem pouco compreendida: a inspiração! De onde ela vem? Um cérebro esforçado conquistará inspiração? Um cérebro culto e bem informado gerará por si só inspiração? Não, a inspiração está fora da caixa craniana e é ela a responsável pelo que se costuma chamar de avanços da humanidade. Há os avanços conquistados pelo método científico, obviamente, mas as grandes mudanças de paradigma surgem desta desconhecida dita inspiração. Ela atua como um vento que dissipa nuvens deixando raios de sol entrar. O Sol continua brilhando mesmo atrás das nuvens, nós é que por estas nuvens não o vemos! Portanto, a ciência, deve muito à inspiração, mas normalmente esta é roubada pelo Ego dos que querem deter, a si, as conquistas alcançadas com ela. Na realidade, os verdadeiros inspirados, humildes que são, nunca as negaram. Quando a ciência comum der o devido crédito à inspiração, gerando cientistas menos robotizados em seus próprios métodos, e que para isto precisarão experienciar em suas próprias vidas a Unidade que existe ao Todo, o encontro com Deus se fará na ciência.
    Já nos escritos da Bíblia, o egocentrismo também se faz presente, no Velho e Novo Testamento. Para não me alongar, gostaria de convidá-lo a leitura destes textos que poderão melhor expressar tal fato, inclusive pela coincidente utilização desta frase: “mais pequena que o ponto final no final desta frase.”

    Por favor, veja aqui: http://otestamentodoego.wordpress.com/

    Concluindo, quando as nuvens, as mutáveis crenças, se dissiparem por completo, a humanidade compreenderá a verdadeira inteligência. A inspirada e imutável Luz de Deus: cientifica e religiosamente.

    Agradeço a oportunidade proporcionada por suas reflexões, na expectativa de com elas contribuir.

    Que o sopro inspirador dissipe as nossas nuvens.

    1. Obrigado pelo comentário. Irei ver o seu blog. Cumprimentos

  11. Olá Cristovao Cunha, artigo muito bom!
    Penso que o ponto chave é “promocao da tolerancia” bem dita pelo Carlos Oliveira.
    Admiro quem consegue coinciliar de forma positiva a religiao e a ciencia, embora o fanatismo entre religioes me preocupe mais do que algumas discussoes ciencia versus religiao, que tento sempre evitar 😉

    Sei que nao faz parte do post, mas cada vez mais temos que divulgar “nao só a promocao da tolerancia entre ciencia/religiao mas especialmente entre as diversas religioes”

    – Cristianismo ~2 bilhões crentes ~30% da populacao mundial [1]
    – Islamismo ~1.4 bilhão crentes ~20% da populacao mundial [1]
    – Budismo ~1 bilhão ~14% da populacao mundial [1]
    – Hinduísmo ~1 bilhão ~17% da populacao mundial [1]
    -…

    [1]-Valores medios retirados da Wipipedia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Religi%C3%A3o

    Abraco

    1. Olá Bruno. Obrigado pelo comentário. Muito se tem feito a propósito do dialogo inter-religioso mas continua a ser um grande desafio. Se para o mundo ocidental, é natural que se coabite nos mesmos espaços, já noutras longitudes, sobretudo quando falamos em teocracias nomeadamente de direito corânico em que outras igrejas, nomeadamente a judaica e a cristã não são sequer toleradas e há pena de morte a quem decida “mudar” de ideias. É mesmo um problema fracturante.
      Hans Küng, teólogo Suiço escreveu três tijolos 🙂 Um sobre cada religião mosaica (que vem de Moisés – assim, Islâmica, Judaica, Cristã). O ponto de partida dele é simples: só haverá paz no mundo quando houver paz entre as nações. Só haverá paz entre as nações quando houver paz entre as religiões. Só haverá paz entre as religiões quando estas se abrirem a um dialogo sincero.
      Essa ideia é sabida. Pô-la em pratica é bem mais complicado, sobretudo em ambientes repressivos.
      Abraço

  12. Bem, a discussão continua no Facebook.

    Eu deixei lá este comentário:

    Parece-me claro, se ler o texto, que o texto tem 3 vertentes:

    1 – Promoção da Tolerância.
    2 – Respeito pelo conhecimento estabelecido com base em evidências que toda a gente pode comprovar. Ou seja, respeito pelos factos científicos.
    3 – Explicar que a Teoria do Big Bang, e já agora a Teoria da Evolução, em momento algum põem em causa a existência de um Criador. Pelo contrário, deixam essa questão em aberto…. para se investigar.

    Em face disto, leia agora o seu 1º comentário nesta thread, e veja que:

    1 – Não foi tolerante para com os cientistas que lhe dão milhares de coisas diariamente, incluindo a internet que está a utilizar (sim, a internet que utiliza é feita com as mesmas regras científicas aplicadas ao entendimento da Teoria da Evolução).
    2 – Desrespeitou completamente o conhecimento dos assuntos, negando as evidências mais do que provadas que existem para a Evolução.
    3 – Continua a pensar que a Teoria da Evolução, e do Big Bang, negam a existência de Deus, quando esse é um mito difundido por aqueles que NADA percebem do que é a Teoria da Evolução.

    Ou seja, tendo em conta que ignorou os 3 pontos do texto, só posso concluir que nem leu o texto…

  13. Já agora, deixo a discussão no nosso Facebook:
    http://www.facebook.com/astropt/posts/102674523206545

    1. Prefiro nem ver para não desenvolver úlceras 😉

  14. Muito bom, Cristóvão.
    Concordo que para tudo tem de haver tolerância e moderação, os fundamentalismos, estejam eles de um lado ou outro, não levam a ponto algum. Quanto a forma como os cientistas encaram a religião, principalmente a católica, talvez se deva ao papel da igreja em tempos passados, que era avessa ao conhecimento e a forma como estivemos nas trevas durante séculos. Eu pessoalmente tenho as minhas reticencias com a igreja, enquanto instituição, mas reconheço que há algumas figuras que admiro, Carol Voitila é uma delas.
    Já agora, um aparte, que já deve saber (e espero que não me leve a mal), o nome que tem é perfeitamente adequado á situação: Portador de cristo. É aquele que tenta conciliar a fé com a ciência…

    1. Olá Mariana. Obrigado pelo comentário. Deixe-me porém fazer um reparo: se tem reticências relativamente à igreja, suponho que sejam de outra ordem que não a institucional 🙂 Ela como nenhuma outra ao longo dos séculos lutou pela promoção humana e social, e como instituição está na base de milhares de escolas, hospitais, dispensários, colégios e obras sociais e caritativas.
      Cumprimentos 😉

  15. Cristóvão,

    Sei que sou suspeito em elogiar este artigo monumental – por também ser católico praticante, mas você está de parabéns!!! Ótima coesão, estrutura de palavras, ideias, opiniões e conhecimento muito bem alocados.

    Compartilho, sobremaneira, da mesma opinião (já exposta também em comentários meus outrora): não vejo nenhum problema entre minhas crenças religiosas e a ciência (minha fé em Deus é que costumo separar das supracitadas e jamais discuto 😉 ).

    Vejo que você, assim como eu, percebe a confusão que muitos dogmáticos (em especial), e pessoas em geral, fazem com os textos Sagrados – especialmente o Gênesis. Se me permite, tecerei minha opinião a respeito desse tema…

    Na abordagem (de modo pessoal) sobre os capítulos iniciais do Gênesis, vejo simplesmente que o(s) autor(res) deste utilizaram-se de uma simbologia para poder(em) “explicar” as origens do Universo.

    É óbvio que a versão narrada na Bíblia leva-nos à ideia errônea que tudo é estático. Entretanto, fazendo-se uma análise mais profunda, percebemos que a coisa não é bem dessa forma: não está escrito que o homem possui a mesma forma física desde sempre. Na verdade, somos “nós” que fazemos confusões e tiramos conclusões precipitadas quando a estudamos e interpretamos. O homem “Adão” pode muito bem representar o primeiro homem que surgiu na Terra mais próximo das características do Homo Sapiens. A mulher “Eva” pode muito bem representar a primeira mulher que surgiu na Terra mais próxima das características do Homo Sapiens. Não está escrito nas Escrituras Sagradas que Adão e Eva foram exatamente iguais à nós. É por causa da não-inserção de que as coisas, como o passar dos tempos, evoluíram, que temos essa percepção o Gênesis está do lado oposto à Teoria da Evolução.

    Em suma, vejo apenas que o(s) autor(res) do Livro Sagrado expressou(aram) sua(as) opinião(ões) que tudo foi concebido a partir de um Ser Superior.

    Na ciência, vejo, de modo particular, a mesma coisa. Seja pela Teoria dos sucessivos Big Bang; seja pela Teoria dos Multiversos (já aprofundei sobre isso noutros comentários).

    A nossa atual geração ainda está muito longe de poder conciliar religião e ciência. É necessário, antes de tudo, que nossos egos pessoais caiam para esse enorme muro que separa a ciência da religião (e vice-versa) possa ruir também. Não sei se civilizações muito mais avançadas que a nossa descobriram a existência de um Ser Superior. O que sei é que, acreditando ou não, devemos sempre trabalhar para tornar esse nosso lar um local melhor para viver. No dia que o amor, a bondade o companheirismo, a benevolência e o prazer em fazer boas ações, realizada exaustivamente por cada um de nós, for cada vez mais a regra – e não a exceção – evoluiremos muito mais e, sem sombra de dúvidas, chegaremos um pouco mais perto daquilo que chamamos de Deus.

    Abraços e parabéns pelo artigo incrível.

    1. Obrigado Cavalcanti. De facto, a ciência e a religião não têm que estar de costas voltadas. Mas há ainda muito a fazer nesse campo. Mas se as sementes lançadas à terra brotarem, creio que colheremos juntos muitos frutos.
      Abraço.

    • Renato Romão on 23/05/2012 at 21:47
    • Responder

    Cristóvão,

    Excelente texto. Magnifico ponto de vista.
    Na base está o respeito pelo próximo. O pluralismo e a educação são bases para qualquer diálogo em que estão em ênfase pontos de vista diferentes. O Cristóvão demonstra tudo isto neste post.

    Abraços.

    1. Obrigado Renato 😉

  16. Como referi atrás,defendo a conciliaçao da fé e da ciência
    corretissimo
    Como cristâo sinto Deus ( e me vaz muito bem )
    Como ser human busco conhecimento ( ciência )
    Por isso continuo rezando e vindo aqui no astropt,Tá otimo para min
    O cristão que tem fé realmente deve acreditar na ciência como aliado na compreençao de Deus e porque não num futuro ate a prova de sua existência ex;
    http://noticias.terra.com.br/ciencia/noticias/0,,OI5790045-EI238,00-Arqueologos+encontram+primeira+prova+da+existencia+da+Belem+biblica.html
    Ainda não prova a existencia de deus logico mas a ciência não é assim mesmo ?
    Vai fazendo as descobertas aos poucos para depois causar revoluçoes em nossas vidas
    Então fé em Deus e fé na ciência porque não?

    1. Precisamente Edson.
      Cumprimentos 😉

    2. Edson,

      Não existe fé na ciência.

      Se existe fé, não é ciência, não é objectivo, é o argumento falacioso (do ponto de vista científico) de desejos pessoais.

      abraços

        • Edson soares on 23/05/2012 at 22:10

        Carlos quando eu disse fé na ciência foi no sentido de acreditar justamente nesse objetivo da ciência da busca da verdade indiferente se o resultado vai ser aquele que me agrada a fé religiosa ai sim é minha pessoal
        Não sei se me fiz entender
        abraços

      1. Ahhhh sim, assim compreendo e concordo!

        Peço desculpa pela má-compreensão que fiz das suas palavras.

        Sim, qualquer cientista tem “fé” no seu trabalho, no sentido que acredita que o seu trabalho vai levar a melhorias no conhecimento, mesmo que por vezes se percam meses e anos em buscas infrutíferas 🙁
        Mas é essa “fé” na busca da verdade que o/a move.
        E, claro, na ciência, mesmo um resultado negativo é um resultado positivo, porque se fica a saber o que não funciona 😉

        abraços

  17. Boa tarde!
    Gostei imenso do que escreveu, pois Deus não é uma hipótese remota, mas sim uma realidade!
    Questionar a existência de Deus é oportuno, pois sabemos que a ciência está a voltar-de cada vez mais para a espiritualidade. Um dos motivos que promovem esta procura é o vazio deixado pela ciência.
    Pensamos ser donos do mundo e entender tudo, mas estamos completamente enganados, não somos donos de nada, nem da vida que pulsa dentro de cada um de nós. Não entendemos quase nada. A ciência é útil, mas o conhecimento que o ser humano possui, pode tornar-de um véu, para encobrir a nossa ignorância. A ciência é inesgotável e alguns de nós, amarrados ao tempo e ao espaço, queremos entender o mundo sem fé, apoiados unicamente na ciência, e no entanto mal sabemos quem somos.
    Já agora, e para quem não conhece aconselho a ler o trabalho de Michael keller, que foi o pioneiro na formulação de uma nova teoria que começa a ganhar corpo em toda a Europa: a “Teologia da Ciência”, que une Deus e a ciência. Os seus trabalhos abordam a questão da origem do universo sobre aspectos avançados da teoria geral da relatividade, de mecânica quântica e de geometria não-comutativa.

    1. Obrigado pelo comentário. Não conheço o trabalho de Michael Keller. Irei ver. Cumprimentos.

  18. Gostava de perceber a que se refere quando diz “Por um lado, os cientistas deviam aprender a ler correctamente a bíblia e a compreender as verdades da fé”.

    Como se lê correctamente a bíblia? Diria que logo à partida a necessidade de se ler correctamente algo me parece ou trivial, porque naturalmente qualquer coisa se tem que ler correctamente (o que significa interpretar dentro de um contexto, mas não significa certamente encontrar significados contrários ao que está escrito) ou ambíguo, porque parece querer dizer que mesmo que esteja na nossa língua a bíblia, mas não outros livros, precisa de tradução (explicação para além daquilo que as palavras afirmam).

    Por outro lado, o que são verdades da fé? Não serão elas precisamente formas construídas, por 2 mil anos de teologia, para encontrar formas de justificar a existência de diferentes tipos de verdade. Diria que o conhecimento da verdade, mesmo admitindo que apenas nos podemos aproximar iterativa e assimptoticamente dela, não deve ter diferentes tipos, sob pena de não ajudar nada a que nos entendamos.

    1. Olá João. Obrigado pela pergunta.
      A ciência, por questões históricas, habituou-se a olhar para a igreja e para a bíblia com desconfiança. O que digo relativamente à leitura da bíblia é que se procure vê-la e lê-la sem desconfiança. É um livro belíssimo. Claro que não se pode deturpar o texto. A bíblia é um livro violento, mais violento que o Corão, seguramente. Não se pode descontextualizar em absoluto e as traduções devem ser fieis.
      Quanto às verdades de fé, não foram efabulações. Têm sentido e têm igualmente que se contextualizadas. É a leitura das escrituras que leva à afirmação das mesmas. Mas são verdades de fé. É necessário crer.
      Para quem não acredita, basta-me que tolerem quem acredita, e bem assim, que aceitem a razoabilidade de quanto estes sustentam. Mas falar da fé, não foi o propósito que me levou a escrever este post. Mas estou aberto a ir mais além neste contexto. Até porque a minha área é a teologia e não a astronomia. Abraço

        • João on 24/05/2012 at 00:27

        Claro que se devem aceitar as preferências individuais de cada pessoa, quer estas sejam religiosas, quer quaisquer outras que não inibam a liberdade dos outros.
        Mas diria que para se considerar algo como verdade, deve ser testável, deve ser modelável, deve poder ser rejeitada se a realidade não a confirmar, deve ser uma verdade partilhada e não apenas pessoal (caso contrário é um gosto). Dizer que estes são atributos de uma verdade científica não é correcto. O método científico terá sido uma excelente invenção para se tentar descobrir a verdade, mas não faz sentido adjectivar a verdade como científica, pois isso é dar-lhe o nome do método usado para se chegar lá e mesmo sendo o melhor, nem sempre o método está associado à ciência. Por exemplo quando se julga alguém também se têm que ver as provas, ou até para coisas mais mundanas como quando compramos um carro em 2ª mão. Até pode acontecer que eu tenha fé em que o carro está muito bom estado mas seria estranho dizer com certeza, que está em muito bom estado sem ter feito qualquer verificação.

      1. Concordo plenamente João. Mas por isso mesmo tive o cuidado de falar em verdades de fé e não em verdades cientificas. Fala-se em verdades reveladas, mas essas realidades como disse, não têm lugar neste portal, são atinentes à fé. Ainda que ache conciliáveis a fé e a razão, é obvio que há perguntas por responder, em aberto. Mas parece-me importante o que afirmei, por outras palavras, o facto de usar uma Cruz não seja motivo de condenação por parte da comunidade cientifica pois posso continuar a acreditar em Deus sem prescindir da razão, e do mesmo modo, usar essa mesma razão para fazer investigações sérias de índole cientifica no que se refere às ciências exactas. Do mesmo modo, a Igreja e com ela as religiões não podem olhar para a ciência como um “bicho” o que por séculos aconteceu, e assim, fazer de empecilho, como o foi. Isso seria regredir. Pelo menos quatro séculos.
        Cumprimentos

  19. Também ode ser aproveitada para observar os animais e as estrelas e sim senhora tratar bem a terra e a natureza, estou de acordo. :)))

  20. A minha perspectiva, baseada na esperança que eu tenho por acreditar na bíblia é viver para sempre eu acho um pouquinho melhor que essa idéia de simplesmente, nascer, crescer, reproduzir e morrer = P

  21. mais 80 ou 90 não me importava :)))

    A esperança mediana de vida com os cuidados de saúde disponíveis ao nascer para os homens, se queres saber, em Portugal é de 80 anos, uma das mais altas do mundo.

  1. […] crenças religiosas de modo respeitoso, lúcido e perspicaz, como foi colocado neste excelente artigo do Cristóvão Cunha, jovem estudante de Teologia, nasce um debate bastante saudável que pode […]

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