Newton – um homem dividido

Isaac Newton é um dos maiores génios da Humanidade. Foi certamente um dos cientistas que mais contribuiu para o avanço científico da Humanidade.
Com Newton, a Humanidade deu um salto em termos de conhecimento, já que ele uniu as leis do Universo às leis da Terra – tornou uno aquilo que se pensava ser diferente. Pode não parecer muito, mas na altura este salto em pensamento foi um grande passo para o conhecimento científico.
Newton era obcecado pelo seu trabalho e pelo conhecimento do mundo à sua volta. Tinha uma mente fabulosa e uma incrível coragem de lutar contra os dogmas dominantes na altura. Devido a isso, conseguiu feitos incríveis.

No entanto, tal como todas as pessoas, Newton tinha o “outro lado”.
A sua obsessão seria causada por alguns distúrbios psicológicos que o afectavam socialmente (estava sempre sozinho). Era um génio e sabia-o, daí que se tornou bastante arrogante. Sempre que teve algum poder, usou a tirania. “Comprou” várias guerras pessoais, sendo a mais famosa com Robert Hooke, que o criticou – Newton detestava ser criticado e ripostava com argumentos insultuosos. Tinha um complexo de Messias, julgando-se um salvador, a par de Jesus e outros profetas. Negava a Santíssima Trindade mas inspirou-se na teologia. E tinha diversos aspectos que se considera ser de pseudo, acreditando por exemplo na magia e na alquimia.

Existe um livro de Michael White que retrata algumas destas facetas menos convencionais de Newton, mostrando que ao mesmo tempo que ele foi um grande cientista também terá sido alguém que acreditava em ideias pseudo. Claro que com as ideias científicas teve bastante sucesso, enquanto as crenças em vigarices nunca o levaram a lado nenhum.

newton

Este documentário da BBC também retrata essas facetas de Newton, sobretudo algumas das suas contribuições científicas, a sua grandeza como matemático, a sua personalidade como visionário, a sua crença em espíritos e em Deus que o levou a pensar em supostas forças divinas (gravidade), o seu estudo da alquimia (utilizou o método científico para tentar chegar a um objectivo religioso) que continha muitas experiências da química, e a negação de Jesus como sendo Deus.

Newton era um homem bastante complexo, com um ego enorme. Tinha uma mente que combinava misticismo e matemática. Era um homem que simultaneamente acreditava em magia e praticava a racionalidade nas suas experiências.

Vejam também este documentário da BBC que retrata as ideias de Newton sobre a alquimia – em que ele combinava a química/racionalidade com ideias mágicas/vigaristas – e a religião – em que ele combinava a crença ideológica com a heresia.

11 comentários

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    • Marcelo Oliveira on 18/12/2013 at 14:16
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    Inacreditavel como um artigo corajoso desse gerou um extremo de neoateístas e crentes que acaba se unindo no final da linha. votei no astroPT de portugal pq vários parceiros disseram que tinha gente muito inteligente que sabia separar as coisas, ultimamente não estou vendo nada disso. se eu quisesse ver tanto extremismo que por natureza é irracional, me serviria de zilhões de blogs de ciencia que pululam de montes. na historia da ciencia e na religiao temos exemplos de gente ruim miserável claro que na ciência bem menossssssss, mas parece que os extremistas de ambos os lados nao gostam de verem seus modelos de castelo sendo derrubados de ambos os lados tb. Prof. Carlos Oliveira parabéns, um abraço,

    Marcelo Oliveira.

    1. Marcelo, onde viu as posições extremadas?

      A sério que não consigo entender onde vê esses exemplos…

      abraços

    • Mário Sotomaior on 18/12/2013 at 12:00
    • Responder

    Grande gênio sem dúvida !
    Mas não esqueçamos outros que o antecederam e que reuniram dados essenciais ás descobertas de Newton.
    Refiro-me especialmente a Kepler e ás três leis sobre as orbitas planetárias que tem o seu nome.
    Diz a segunda lei de Kepler: O eixo que une o centro do Sol ao centro do planeta que o orbita, varre áreas iguais em tempos iguais, e como tal, a velocidade do planeta é máxima no periélio e minima no afélio.
    Nesta segunda lei de Kepler, quase que se percebe a atração entre os astros, mas foi sem duvida Newton que explicou com clareza as leis da gravidade, em que os corpos se atraem na razão direta das suas massas e na razão inversa do quadrado da distância que os separam.
    Penso que Kepler está para Newton na astronomia, como Lamark está para Darwin na Biologia.

    • Marinho Lopes on 18/12/2013 at 11:05
    • Responder

    Em defesa do Newton tenho que dizer que na altura ideias pseudo ou “vigaristas”, magia, alquimia e mesmo teologia não tinham uma distinção tão evidente quanto a que temos hoje. Tudo fazia parte do conhecimento que se tinha naqueles tempos: algum era científico (segundo a nossa definição), outro não o era, mas como distinguir? Essa diferenciação só se foi moldando através dos contributos de cientistas como Newton. Além disso, para mim o facto de Newton se ter dedicado a temas não científicos não faz dele um cientista com duas facetas: são a mesma, mostram apenas que ele era um homem do seu tempo. Quanto às suas idiossincrasias, bom, ninguém é perfeito. 😛 Por outro lado, é para mim difícil de acreditar que o carácter de uma pessoa se possa apenas atribuir às escolhas pessoais do indivíduo; parece-me que é antes a consequência das experiências pessoais adquiridas (a maioria não controlável pelo indivíduo), bem como da componente genética herdada.

    Abraço.

  1. O mais engraçado da ciência só pra “trollar” muitos ateus, é que os grandes filósofos naturais, ou pra quem queira chamar de cientistas (termo que na época não existia) eram teístas, muitos cristãos.

    1. Newton era fundamentalista religioso em alguns aspectos e considerado herege noutros aspectos.

      O que interessa neste caso, como está dito no texto, é que nos assuntos em que ele usou da ciência foi grande, e quando se deixou levar por superstições e fantasias perdeu.

        • Adams on 18/12/2013 at 03:29

        Só pra esclarecer “herege”, a igreja considerava todo mundo herege , existia um livro que dizia que até dizia que quem apoiasse um herege era herege também, assim como o Martinho Lutero, o fundador do protestantismo. Portanto, o termo herege não deve ser considerado como os momentos de “Ateísmo” no caso do Newton, mas pode se dizer, apenas que momentos de contra posição a alguns conhecimentos da época, um “rebelde teísta” tal como Martinho Lutero, só que no campo da ciência e não da teologia.

      1. Isso tá explicado no texto e nos vídeos apresentados.

        Por outro lado, este seu comentário aqui na nossa casa foi aprovado poucos minutos após ter sido enviado (mas poderia ter demorado horas a ser aprovado como é óbvio, porque nós não trabalhamos para si). Entretanto já hoje enviou um novo comentário com vários insultos devido a, segundo percebi, não ter visto este seu comentário aqui. Problemas de visualização derivados de cache ou outras coisas quaisquer, todos podem ter. Daí partir para a falta de educação e para o insulto, já não é justificável. Sendo assim, a partir de agora, os seus comentários irão para SPAM. Nada tem a ver com o tema em causa, mas sim pela sua atitude insultuosa e arrogante. Parabéns pelo seu exemplo de teísmo.

    2. Que eu saiba Newton era teísta, mas não cristão. Não é trollagem coisa alguma, porque diferente da religião, a Ciência não adota “heróis”. A importância de cientistas antigos é apenas histórica, um referencial – a verdadeira ciência não para nas descobertas de Darwin, Keppler ou Mendel, ela é progressiva e se comparar o conhecimento que temos hoje ao que Newton sabia, a diferença é astronômica.

      Outra, mesmo se Darwin não tivesse existido a Evolução SERIA descoberta, mesmo sem Newton a Gravidade seria descoberta – ser o primeiro não implica ser o melhor nem o único! Só implica ter seu nome na história. E Newton é na mais pura verdade, uma trollagem justamente com a religião: ele só obteve sucesso quando foi científico.

      Quando ele colocou deus no páreo como única forma do Sistema Solar funcionar – parou sua pesquisa e todo o progresso científico que poderia ter tido. Antes, Kepler desvendou a mecânica do movimento planetário, matando a pseudo-prova newtoniana de que Deus existe.

      1. Uma característica de uma pessoa assim com ele, que era fortemente esotérico, mas cientista também é ter MENTE ABERTA.

        E só tendo a mente aberta, muito acima dos seus contemporâneos que ele “descobriu” a gravidade.

        E esta descoberta, foi colocada ao mesmo lugar das conclusões esotéricas que ele também tinha.
        ou seja, ninguém deu lá muita bola

        Mas mais tarde não deu pra continuar ignorando a descoberta.

        Na época havia como que uma campanha contra “os pseudos” e Newton era considerado um.

        Ou seja havia uma cultura de que o método científico era a forma ideal de obter resultados científicos

        Se não existisse Newton, ou se ele também fosse como os cientistas ‘normais’ da sua época.
        A gravidade não teria sido “descoberta” naquele momento.

        Certamente seria num futuro.

        Mas convido os colegas a pensarem em como e se quiserem inclusive, quem, que faria esta descoberta.

      2. Não é verdade que Newton era considerado pseudo pelos da sua época. Aliás, para assuntos científicos, ele foi cientista. Aplicou o método científico e provou matematicamente como as coisas funcionavam.

        Os pseudos nunca fazem isso.

  1. […] – História: Einstein, Equação. Galileu. Copérnico. Newton (documentário). Hawking (documentário). Jovem de 15 anos. Conferência Solvay. Lei de […]

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