Descoberta uma enigmática galáxia quando o Universo era uma criança

Impressão artística da galáxia. Crédito: ESA/C.Carreau
O Telescópio Espacial Herschel descobriu a galáxia HFLS3 no Universo primordial: quando o Universo tinha uns meros 880 milhões de anos.
Esta galáxia está a produzir estrelas a uma velocidade impressionante: 2000 vezes mais rápida que a Via Láctea!
Já naquela altura, a galáxia HFLS3 tinha uma massa similar à massa actual da Via Láctea.
Sendo o Universo tão jovem, uma galáxia tão massiva é enigmática. Os nossos modelos de evolução das galáxias dizem-nos que só deveriam haver galáxias pouco massivas naquela altura (100 vezes menos massa que a HFLS3).
Por outro lado, após 13 mil milhões de anos de evolução, esta galáxia deveria ser agora… monstruosa! E não é. Mais um enigma…
Claro que há medida que os cientistas, neste caso os astrónomos, forem estudando melhor o Universo daquele tempo, os enigmas irão desaparecendo. Afinal, este é o processo da ciência… 😉
Leiam nas páginas da ESA e do Herschel.

Galáxia HFLS3 vista pelo Herschel, juntamente com observações subsequentes. Crédito: ESA/Herschel/HerMES/IRAM/GTC/W.M. Keck Observatory
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Carlos Oliveira
Carlos F. Oliveira é astrónomo e educador científico.
Licenciatura em Gestão de Empresas.
Licenciatura em Astronomia, Ficção Científica e Comunicação Científica.
Doutoramento em Educação Científica com especialização em Astrobiologia, na Universidade do Texas.
Foi Research Affiliate-Fellow em Astrobiology Education na Universidade do Texas em Austin, EUA.
Trabalhou no Maryland Science Center, EUA, e no Astronomy Outreach Project, UK.
Recebeu dois prémios da ESA (Agência Espacial Europeia).
Realizou várias entrevistas na comunicação social Portuguesa, Britânica e Americana, e fez inúmeras palestras e actividades nos três países citados.
Criou e leccionou durante vários anos um inovador curso de Astrobiologia na Universidade do Texas, que visou transmitir conhecimento multidisciplinar de astrobiologia e desenvolver o pensamento crítico dos alunos.
9 comentários
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Muito Obrigado pela explicação 🙂
Podem acreditar, é sempre um imenso prazer ler os vossos artigos. É pena cá em Portugal apenas se falar da crise e do futebol. A ciência não tem muito lugar no noticiário. Tenho também muita pena quando oiço as pessoas da minha região confundir Astronomia com Astrologia. 🙁
Por isso, apenas posso admirar o vosso trabalho.
Abraço a todos 🙂
Author
Obrigado pelas suas palavras 😉
Boa notícia!
Tenho uma pequena pergunta: os astrónomos sabem a massa que a galáxia tinha na altura, tudo bem, até agora percebo, estão a olhar para ela quando o Universo tinha 880 milhões de anos…; mas como é que sabem a actual massa?
Obrigado, continuem com o excelente trabalho 😉
Author
Teria que ser muito mais luminosa actualmente 😉
Estudando o desvio no Efeito de Doppler?
Author
Sim 😉
Mas se actualmente a vemos como ela era há 13 mil milhões de anos, como é que podemos inferir que ela não é mais luminosa na actualidade… Não percebo como é que o desvio no efeito de doppler nos pode “mostrar” as características “actuais” (cuja luz só nos chegará daqui a 13 mil milhões de anos) da galáxia… Será que faltei a alguma aula fundamental de física?
Author
hmmmm essa é uma excelente pergunta… aliás a do Jeremy também era 🙂
Quando “olha” para o Sol vê como o Sol era há 8 minutos. Assim, ao estudar a luz que nos chega do Sol, estamos a estudar como era o Sol há 8 minutos atrás.
Agora vamos supôr que o Sol era um “comilão” e que de há 8 minutos atrás para cá já deveria estar do tamanho da órbita de Vénus. A luz desse Sol actual também nos deveria estar a chegar… e deveria estar a chegar com 3 minutos de distancia para nós, deviamos estar a ver esse Sol como ele é actualmente com 3 minutos de atraso. Mas não vemos… sinal que ele não terá ficado assim tão grande.
abraços
Pois é, Carlos. É destas perguntas que gostamos. 😛
Vamos lá ver… Conseguimos saber apenas qual a massa de uma galáxia distante na altura em que a luz foi emitida. É impossível determinar a sua massa actual, até porque o conceito de actual na escala do muito grande não existe. No entanto, sabemos que a massa de uma galáxia manter-se-á constante se não colidir com outra galáxia. Com o efeito Doppler, podemos determinar a velocidade e a direcção em que viaja relativamente a nós, pelo que eventualmente conseguimos prever com algum rigor se essa galáxia vai colidir ou não com outra, e assim determinar qual a evolução desse sistema. 😉