A Espectacular Primeira Imagem do Mais Poderoso Radiotelescópio do Mundo

Um radiotelescópio verdadeiramente revolucionário está a ser construído no hemisfério sul. O Square Kilometre Array (SKA) será, no início da década de 20, o maior radiotelescópio do mundo, com maior poder de resolução, maior cobertura angular e maior sensibilidade do que os seus congéneres. Na sua versão final, o SKA será constituído por 3 mil antenas, equivalentes a um único radiotelescópio com uma área de 1 quilómetro quadrado (daí o nome), divididas entre dois núcleos geográficos, um na África do Sul e outro na Austrália.

Crédito: SKA South Africa.

Crédito: SKA South Africa.

Entretanto, o governo da África do Sul, um dos membros do consórcio que está a desenvolver o SKA, tem vindo a construir o meerKAT, junto à pequena cidade de Carnarvon, a 600 quilómetros da Cidade do Cabo. O nome tem origem em Karoo Array Telescope, relativo à região, mas um trocadilho simples transformou o nome em meerKAT, “suricata” em Africâner, um animal característico da região. Na sua versão final o meerKAT será composto por um conjunto de 64 radiotelescópios com 13.5 metros de diâmetro que integrarão o SKA.

A primeira imagem obtida pelos 16 receptores do meerKAT. Crédito: meerKAT.

A primeira imagem obtida pelos 16 receptores do meerKAT. Crédito: meerKAT.

No passado Sábado, os primeiros 16 receptores do meerKAT foram inaugurados e os investigadores publicaram a primeira imagem de uma pequena porção do céu, apenas 0.01% da esfera celeste, vista em ondas de rádio. À primeira vista a imagem parece desiludir o observador mas, olhando com mais atenção, os investigadores conseguiram detectar cerca de 1300 galáxias longínquas emissoras de ondas de rádio. Antes, conheciam-se apenas 70 fontes de ondas de rádio nesta região do céu!

Crédito: meerKAT.

Crédito: meerKAT.

Este painel mostra alguns pormenores excepcionais da primeira imagem do meerKAT com a resolução nativa.
As figuras 1, 3 e 4 mostram rádio-galáxias activas com jactos de partículas relativistícas, provenientes de buracos negros super-maciços nos seus núcleos, e lobos característicos resultantes da acumulação de material proveniente desses jactos. Compare-se a morfologia destas galáxias com a da rádio-galáxia Hércules A (ver mais abaixo).
A figura 2, por seu lado, mostra uma galáxia “starburst”, onde o material interestelar está a ser transformado em novas gerações de estrelas a um ritmo recorde, num verdadeiro “baby-boom” galáctico. As nuvens de gás com estrelas recém formadas são poderosas fontes de emissão de ondas de rádio tornando esta galáxia visível no meerKAT apesar de se encontrar à distância de 200 milhões de anos-luz. Compare-se a sua imagem com a de Messier 82, uma galáxia “starburst” a apenas 11 milhões de anos-luz (ver mais abaixo).

A radio-galáxia Hércules A. Crédito: NASA, ESA, S. Baum & C. O’Dea (RIT), R. Perley, W. Cotton (NRAO/AUI/NSF), Hubble Heritage Team (STScI/AURA).

A radio-galáxia Hércules A.
Crédito: NASA, ESA, S. Baum & C. O’Dea (RIT), R. Perley, W. Cotton (NRAO/AUI/NSF), Hubble Heritage Team (STScI/AURA).

A galáxia “starburst” Messier 82 observada com o Karl G. Jansky Very Large Array. Crédito: Josh Marvil (NM Tech/NRAO), Bill Saxton (NRAO/AUI/NSF), NASA.

A galáxia “starburst” Messier 82 observada com o Karl G. Jansky Very Large Array.
Crédito: Josh Marvil (NM Tech/NRAO), Bill Saxton (NRAO/AUI/NSF), NASA.

(Fonte: SKA)

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