“Desde cerca de 1500 a.C. até cerca de 1200 a.C., a região do Mediterrâneo era o local central do planeta, com um complexo espírito cosmopolita.
Curiosamente, talvez tenha sido este internacionalismo que contribuiu para o desastre apocalíptico que culminou no término da Idade do Bronze.
Quando esse fim chegou, o mundo civilizado e internacional das regiões do Mediterrâneo (desde a Grécia e a Itália, até ao Egipto e Mesopotâmia) caiu.
Grandes impérios e pequenos reinos colapsaram rapidamente.
Com o seu colapso, chegou a primeira Idade das Trevas, que durou cerca de 200 anos.
Somente séculos mais tarde é que um novo império cultural emergiu, na Grécia, que levou à evolução da sociedade ocidental tal como a conhecemos atualmente.”
O professor Eric H. Cline, da George Washington University, deu uma palestra muito interessante na Sociedade Cética de Washington D.C., Maryland e Virginia, sobre o término da Idade do Bronze, e como o colapso dessas sociedades antigas e vibrantes nos pode ensinar bastante sobre a nossa situação atual.
Alguns pontos interessantes:
Não se sabe se foi em 1177 a.C. ou em 1186 a.C., porque a investigação ainda está em curso sobre a data exacta.
Até para o livro que escreveu, o professor Cline teve que mudar várias vezes o título.
A História permite-nos ver que existe um ciclo contínuo de sociedades que emergem, desenvolvem-se e posteriormente colapsam.
As sociedades (reinos, países) que atualmente estão no topo, vão certamente colapsar, e outras vão emergir, para colapsarem depois, e assim sucessivamente.
Segundo o professor Cline, este colapso, em específico, é comparável ao colapso do Império Romano, 1500 anos mais tarde.
O colapso deveu-se a um conjunto de factores (e não só a um, como normalmente se simplifica):
– terão existido várias invasões;
– terão existido rebeliões internas em várias regiões;
– terá existido uma fome generalizada;
– essa fome terá sido decorrente de alterações climáticas que levaram a uma menor temperatura da água do mar e a uma seca extrema em terra;
– os desastres naturais foram extensíveis a vários terramotos que aconteceram na região na altura.
Tudo isto levou a uma crise migratória (vários migrantes fugidos entre regiões) e a guerra entre vários países.
O que consequentemente, levou à quebra das rotas comerciais entre as diversas regiões. Determinando a sua queda.
Assim, as causas do fim da Idade do Bronze são complexas e variadas.
Esse “fim de ciclo” foi certamente devido a várias causas em conjunto.
Gostei bastante das palavras finais do palestrante:
Foi, também, devido a este colapso, que estamos agora onde estamos.
Posteriormente ao colapso, tivemos uma Idade das Trevas. Após essa Idade das Trevas, emergiram novas “invenções”: ferro, democracia, religião monoteísta, etc. Estas “invenções” ainda hoje são bastante importantes na nossa sociedade.
Por vezes, precisamos de uma catástrofe extrema, para que o antigo caia (se recicle) e novas ideias tenham oportunidade de emergir.
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