Porque é que Somos o que Comemos?

A Fundação Francisco Manuel dos Santos realiza a rubrica Fronteiras XXI, com alguns programas de debate sob o tema “Os Temas que desafiam Portugal e o Mundo”.

O Fronteiras XXI já vai na 4ª temporada.

Da 3ª temporada, em 2019, destaco o debate com o título: Porque somos o que comemos?

“Perdemos menos tempo na cozinha e menos tempo com as refeições. Temos mais segurança alimentar, mas comemos sal e açúcar em excesso e menos legumes e fruta do que o recomendado. Batatas fritas, carnes processadas, refrigerantes ou refeições pré-embaladas e prontas a comer passaram a fazer parte do nosso dia-a-dia.

Aliás, alguns dos principais problemas que afectam os portugueses estão a aumentar por causa dos nossos hábitos alimentares, defendem os médicos. No país, seis a cada dez pessoas são obesas. A diabetes é um problema que afecta mais de um milhão e as doenças cardiovasculares continuam a ser a principal causa de morte. Todas estas doenças são agravadas por uma alimentação inadequada, garantem os especialistas.

Para complicar as escolhas alimentares, vivemos numa era de desinformação que leva algumas pessoas a recorrerem a dietas, que, na realidade, podem provocar complicações médicas sérias.
Os rótulos dos produtos que consumimos são incompreensíveis para a maioria da população e deixam também muitas dúvidas aos investigadores.

Comer melhor é ter mais informação para poder fazer melhores escolhas.

No Fronteiras XXI debatemos o impacto dos hábitos alimentares na nossa saúde.
Com o chef jugoslavo Ljubomir Stanisic, a especialista em nutrição e metabolismo Conceição Calhau, a neurocientista e investigadora Ana Domingos e a especialista em engenharia alimentar Anabela Raymundo.”

Realço a frase no sumário do programa: “Comer melhor é ter mais informação para poder fazer melhores escolhas”.

Gostei da jornalista ter falado do problema das modas de certas dietas.
Preferia que tivessem criticado claramente certas dietas específicas. Falaram da desinformação inerente a certas dietas da moda, mas sem especificarem as críticas.
A única dieta específica comentada foi a Paleo, que é uma dieta da moda que não tem quaisquer evidências científicas da sua eficácia, mas que leva a distúrbios alimentares e metabólicos.
Tal como foi dito, esta dieta (e outras da moda) são extremismos. São crenças levadas ao extremo.
Os convidados poderiam ter sido mais claros. Estas dietas, como a Paleo, são vigarice (como se pode ler aqui).

A aderência a estas vigarices da moda, diz muito da iliteracia da população.

Aliás, os próprios rótulos dos produtos, como foi dito, são incompreensíveis.
As pessoas ficam com medos infundados só por lerem certos rótulos.
O problema, também como foi dito, é que se as pessoas pusessem rótulos nos chamados “produtos naturais”, até ficavam com os “cabelos em pé” (de aterrorizadas).

Gostei de quando a jornalista falou do “achómetro”, como crítica aos corredores específicos de produtos ditos saudáveis nos grandes supermercados.
Mais uma vez, eles têm grande procura, porque os clientes são iliterados no tema, e deixam-se levar pelas modas. Vão por aquilo que “acham”…

Estava à espera que se falasse mais de evidências científicas, até porque a jornalista realçou essa expressão várias vezes.
No entanto, poucas foram as vezes em que a discussão foi baseada em estudos científicos publicados. Realço a discussão, perto do final, sobre se são os genes ou o ambiente que influenciam mais a obesidade (e outros problemas).

Uma outra coisa que estava à espera, tendo em conta a introdução ao debate, era que se falasse da comida do futuro, com base nos insectos. Mas isso, infelizmente, não foi discutido.

Realço as palavras de Conceição Calhau:
Há quase uma doença/obsessão em relação à alimentação saudável.
Existe também uma confusão e uma iliteracia em relação a este tema.
Isto pode levar a desequilíbrios alimentares e insuficiências nutricionais.

Foi muito interessante a discussão sobre glúten, sobretudo com a Anabela Raymundo. “Não há milagres”. Os substitutos do glúten têm impactos negativos.
Além disso, não há tanta gente intolerante ao glúten ou à lactose, como se pensa. A percentagem de pessoas com esses problemas é muito baixa. O microbioma intestinal é que pode estar a dar problemas. As pessoas deviam ir ao médico, em vez de imaginarem que têm certos problemas.

Uma das partes mais interessantes foi quando se falou de cancro/câncer.
40% dos casos de doença oncológica podiam ser prevenidos com uma dieta adequada!
Fruta, vegetais, peixe e frutos secos mantém o cancro distante e ajudam a combater a toxicidade dos tratamentos (quimioterapia).
Claro que isto é em termos de probabilidade. Mesmo assim, é uma informação muito útil.

Por fim, o grande problema na alimentação menos saudável, é o excesso!
Seja lá o que fôr que se come, mesmo que seja um, chamado, super-alimento, se fôr em excesso, será negativo para a nossa saúde.

Foi um debate bastante interessante!

Vejam todo o debate, no website da RTP, aqui.

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