Parte de um foguetão vai bater na Lua

A 11 de Fevereiro de 2015, o foguetão Falcon 9, da SpaceX, levou o fantástico Deep Space Climate Observatory (DSCOVR), um satélite de observação do clima terrestre, para o espaço.

Certamente que já viram algumas imagens feitas por este satélite.
Por exemplo, vejam esta fabulosa sequência de imagens:

O problema é que parte do foguetão foi deixada no espaço, tornando-se lixo espacial.
Normalmente, após o lançamento, o estágio superior que serve para dar um último impulso aos foguetões separa-se e volta a entrar na atmosfera terrestre, caindo no mar. Desta vez, este objeto supérfluo foi deixado à deriva no espaço.
E nos últimos 7 anos, tem andado pelo espaço próximo da Terra, a seguir obedientemente as leis da gravidade.

Agora, este objeto tem um destino definido: a 4 de Março de 2022 irá colidir com a Lua, nomeadamente com o “lado oculto” da Lua (o lado da Lua que não está virado para a Terra). Por isso, não será visível da Terra.
No entanto, o momento do impacto poderá ser perceptível, caso seja forte o suficiente e caso seja mais perto da “fronteira” com o lado visível.

A colisão com a Lua é certa: será a 4 de Março de 2022.
O objeto passou perto da Lua a 5 de Janeiro de 2022. Os dados retirados desta órbita permitiram aos cientistas calcular o momento da colisão: irá bater na cratera Hertzsprung no dia 4 de Março, às 12:25 (hora de Lisboa). O objeto tem uma velocidade de 9.300 km/h.

No entanto, a sua órbita ainda não está perfeitamente calculada (“ao segundo”, “ao centímetro”), devido ao período de rotação do objeto não estar totalmente determinado e devido ao efeito da luz solar sobre o objeto (que é mínimo, mas afeta). Por isso, a hora certa e o local exato da colisão ainda não são conhecidos com perfeição. A colisão pode ser uns minutos mais tarde ou mais cedo, e pode ser alguns quilómetros mais ao lado, do que se prevê.

Nos dias 7 e 8 de Fevereiro, o objeto será novamente visível próximo da Lua, o que permitirá recolher mais dados da sua órbita. Com esses dados, poderá se determinar com melhor precisão o minuto e o local do impacto.

Este objeto pesa aproximadamente 4 toneladas (4 mil kg).
Os efeitos do impacto serão mínimos: deverá causar uma pequena cratera na superfície lunar.
Essa cratera deverá ser visível posteriormente pela sonda Lunar Reconnaissance Orbiter (da NASA) ou pela sonda indiana Chandrayaan-2.
O estudo da nova cratera poderá trazer alguns dados sobre a geologia lunar.

E quanto ao rover chinês Yutu-2 que está naquele lado da Lua? Em princípio, nem dará pelo impacto.
Porque a cratera Hertzsprung (onde se prevê que será o impacto) é muito longe da Bacia Aitken, onde se encontra o rover.

Fontes: Earth Sky, Live Science, CNN, The Conversation, The Guardian.

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