Mensagens para o espaço

As nossas emissões de rádio e televisão (analógicas) estão a ser enviadas para o espaço. Há cerca de 100 anos que isto acontece. Assim, extraterrestres que se encontrem a 100 anos-luz de distância da Terra podem estar agora a ouvir algumas das nossas emissões antigas.
Apesar de parecer muito, isto é uma minúscula parte da nossa Galáxia…

No entanto, isto não é certo, já que as emissões vão ficando cada vez mais ténues com a distância (e ao passarem por poeira interestelar). Assim, as nossas emissões poderão não chegar sequer à estrela mais próxima…

Crédito: Nick Risinger / The Planetary Society

Para combater esta deterioração das mensagens, por vezes (quase todos os anos, como temos publicitado aqui) os cientistas lembram-se de enviar uma mensagem forte, direcionada para um local específico onde se pensa que poderá existir maior probabilidade de existir vida inteligente.

A primeira mensagem deste género, e provavelmente a mais popular, é a Mensagem de Arecibo, enviada em 1974.

A Breakthrough Listen foi uma iniciativa privada que tentou ouvir emissões de rádio em 1300 sistemas estelares. Infelizmente, não se detectou qualquer sinal de uma civilização extraterrestre.
Quiçá existem civilizações extraterrestres a tentarem ouvir emissões nossas…
Crédito: Danielle Futselaar / Breakthrough Listen / SETI

No início deste ano, foi atualizada a mensagem de Arecibo, em código binário.
A nova mensagem, atualizada, foi denominada Beacon in the Galaxy (BitG – Farol na Galáxia).
Foi proposto que esta mensagem seja enviada a partir do Allen Telescope Array, na Califórnia, ou do Tianyan (FAST) Telescope, na China.

Como se percebe, esta mensagem inclui informações sobre a bioquímica da vida na Terra, as formas dos humanos, a localização da Terra, etc.

O objetivo é enviar esta mensagem na direção do centro da nossa Galáxia, que se encontra a cerca de 26 mil anos-luz de distância da Terra.
Perto do centro da Via Láctea é onde se encontram a grande maioria das estrelas na Galáxia, por isso existe uma maior probabilidade de existirem planetas ao redor das estrelas, e quiçá planetas com vida inteligente.

No entanto, não se espera uma resposta.
Ou melhor, se existir resposta, ela demorará cerca de 50 mil anos (ida e volta) a chegar à Terra.

Podem ler mais sobre isto, no artigo científico e no EarthSky.

Beacon in the Galaxy.
Crédito: Jiang et al.

Entretanto, a 4 de Outubro, foi enviada uma mensagem para o espaço a partir do Goonhilly Satellite Earth Station, que se encontra na Inglaterra.

O objetivo foi enviar uma mensagem na direção da estrela Trappist-1, que se encontra a cerca de 39 anos-luz de distância da Terra.
Assim, uma potencial resposta deverá demorar quase 80 anos a ser recebida na Terra.

O interesse desta estrela, é que ela tem 7 planetas a orbitá-la, sendo que 3 deles são planetas potencialmente habitáveis (têm tamanhos similares à Terra e estão à distância da estrela considerada como Zona Habitável).

A mensagem tem informações sobre átomos, sobre a tabela periódica, sobre o ADN humano e sobre o planeta Terra.
A mensagem também contém algumas músicas.

Curiosamente, esta mensagem será enviada no futuro, a partir do mesmo local, na direção do exoplaneta K2-18b, que se encontra a cerca de 124 anos-luz de distância da Terra, e poderá ser habitável.

Ilustração artística do exoplaneta K2-18b.
Crédito: ESA/Hubble, M. Kornmesser.

Apesar de meritórias, estas mensagens têm uma baixa probabilidade de sucesso.
Porque se baseiam em conceções antropocêntricas do que será a vida extraterrestre.
É o constante geocentrismo psicológico de que tantas vezes falo…

Por exemplo, a mensagem Beacon in the Galaxy espera que existam extraterrestres, que em 13 mil milhões (bilhões, no Brasil) de anos de existência do Universo os extraterrestres estejam precisamente no mesmo nível evolutivo que os Humanos (mais 100 ou menos 100 anos), que utilizem rádio-comunicação, que saibam o que é código binário, que sejam visuais, que percebam que aquelas formas são de humanos, etc, etc, etc.

Realço que não conseguimos comunicar eficazmente com golfinhos, polvos, etc, e eles são vida que evoluiu connosco na Terra (por isso, temos antepassados comuns e algumas características em comum).
No entanto, assumimos que vida que evoluiu noutros planetas (que poderá não ter nada em comum connosco), vai compreender-nos perfeitamente à distância…

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