Vida de barata

A vida na Terra devia ser toda respeitada.
Mas a verdade é que dividimos subjetivamente a vida na Terra (de acordo com a nossa posição): entre a vida mais próxima de nós (fisicamente e em termos de evolução) e a vida mais afastada de nós (que por vezes até consideramos como “nojenta”).

Por exemplo, atualmente seria um crime matar de forma absolutamente gratuita cães, gatos, etc. São mamíferos (próximos de nós em termos evolutivos), com os quais até temos relações emocionais.

No entanto, cobras, aranhas, moscas, baratas, formigas, etc, são vistos como “pragas”.
São todos vida terrestre, como cães e gatos, e partilham o mesmo planeta connosco tendo como objetivo sobreviver; no entanto, como estão mais longe de nós em termos evolutivos (não são “como nós”, são insetos, répteis, etc), achamo-los repugnantes, que “merecem” morrer.
É um problema psicológico dos Humanos (somos todos assim), e não propriamente dos animais em questão.

Na internet, até se vêem websites que explicam a melhor forma de matar essas “pragas”.
Se fossem websites sobre matar animais que subjetivamente consideramos como “fofinhos”, existiria logo uma manifestação pública de repúdio: até as associações de animais protestariam, e com razão.
No entanto, se forem outros animais, já “não há problema”.

É o caso das baratas.
Não gostamos de as ter em “nossa casa”. Como se o terreno original na superfície terrestre, fosse nossa propriedade, e não fosse partilhado por uma série de seres vivos que têm tanto direito a lá estar como nós.

Crédito: 邰秉宥, via wikipedia.

Sabiam que pisar uma barata é uma péssima forma de nos livrarmos delas?

Atirar-lhe com um objeto não lhe vai fazer nada: as baratas conseguem aguentar 900 vezes o seu peso.
Assim, pisar seria melhor, porque exercemos uma elevada pressão sobre ela.
Mas ao esborrachá-la, poderemos estar a libertar bactérias para o ar que nos prejudicam em termos respiratórios (sobretudo em pessoas com asma), podendo levar ao agravamento de alergias.


A verdade é que mal vemos uma barata, o nosso instinto diz-nos que a devemos imediatamente matar (como se ela fosse uma ameaça para nós).

No entanto, as baratas são animais sociais. Matar uma, não vai acabar com o problema. Irão continuar a existir dezenas, centenas ou milhares de baratas em casa.
Elas escondem-se em locais escuros, quentes e húmidos. E conseguem sobreviver durante muito tempo: podem até passar 1 mês sem comida.

Assim, as recomendações que se lêem na internet, é que as pessoas procurem os esconderijos delas e… provoquem um genocídio de baratas.
O extermínio de baratas é a solução encontrada…

Estes são animais que partilham o planeta connosco, e que já existem há pelo menos 320 milhões de anos (muito antes dos Humanos!). São animais que têm direito a viverem na superfície do planeta.
No entanto, só porque os Humanos subjetivamente não gostam deles, então a solução encontrada pelos Humanos é exterminar todos os seres vivos que encontrarmos.

Imaginem que incentivávamos a mesma solução para outro tipo de vida mais próxima de nós evolutivamente…
Seríamos “crucificados” publicamente.

2 comentários

  1. Carlos, eu vivo num apartamento…só foi construído porque humanos o fizeram, e fui só eu que paguei…por isso não permito baratas em casa (a menos que paguem renda, claro).

    1. “a menos que paguem renda” 😀 😀 😀

      O apartamento foi construído sobre a casa das baratas… foi uma aquisição forçada 😉

      abraço!

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