Depressão vinda dos intestinos

Ao longo dos anos têm existido vários estudos científicos sobre as ligações entre a microbiota intestinal e as doenças mentais, como este de 2017 e este de 2020. Esta revisão de artigos científicos sobre o tema, feita em 2020, também é muito boa.

Por exemplo, a influência da microbiota intestinal na ansiedade e na depressão tem sido cada vez mais estudada.

“A microbiota consiste numa grande variedade de bactérias, vírus, fungos e outros microrganismos unicelulares que habitam no nosso organismo. O intestino é considerado um dos habitats de micróbios mais populosos do mundo.” (in CUF)

Recentemente, dois novos estudos científicos permitiram encontrar mais evidências que ligam os microorganismos que enchem o intestino da pessoa e a depressão que a pessoa sente mentalmente.

Por exemplo, este estudo mostrou que:
– a ausência da bactéria Eubacterium ventriosum está relacionada com sintomas de depressão;
– a abundância de bactérias Sellimonas intestinalis está relacionada com problemas inflamatórios no trato intestinal e até em prever a cirrose hepática;
– a Lachnoclostridium está ausente em pacientes com esquizofrenia e autismo;
– a Hungatella tem estado associada à dieta paleolítica e tem tido influência em doenças cardio-vasculares e neurológicas, incluindo a depressão;
– a abundância da bactéria Eggerthella parece potenciar a depressão;
– entre outras conclusões.

Crédito: Chelsea Conrad / The Washington Post; Pexels.

Ainda não existe uma ideia exata do que devemos consumir/comer, de modo a ter uma flora intestinal que não cause depressão. Muitos mais estudos são necessários.

Também se sabe que não é só a nossa dieta que influencia a nossa saúde (incluindo mental): também existem fatores genéticos, ambientais, sociais, psicológicos, etc.

De qualquer forma, uma coisa é certa: alterar a nossa dieta alimentar, leva a alterações no nosso humor/disposição/estado de espírito.

Os estudos mostram que a dieta mais saudável consiste em comer muita fruta e vegetais, ou melhor, consumir razoavelmente produtos ricos em fibra, e não consumir grandes quantidades de açúcar.
Basicamente, devemos nos alimentar com comida que a nossa avó/bisavó reconhecesse.

Leiam este artigo científico, este excelente artigo no Washington Post, e este artigo no MedicalNewsToday.

Crédito: CNN

Eu tive conhecimento deste último estudo, devido a uma interessante reportagem na CNN, com o microbiólogo Jack Gilbert, onde é defendido que a saúde intestinal está diretamente relacionada com várias doenças, como a depressão, diabetes e até cancro/câncer.

O cientista explica que os microorganismos nos intestinos influenciam a mente de duas formas:
– produzem compostos químicos que entram na corrente sanguínea e chegam ao cérebro, mudando a forma como o cérebro processa os pensamentos,
– e alteram o nosso sistema imunitário, influenciando sintomas inflamatórios no cérebro.

Podem ver essa entrevista, aqui, aqui, aqui e aqui.

Crédito: CNN

4 comentários

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    • Jonathan Malavolta on 26/02/2023 at 12:35
    • Responder

    Em meu comentário anterior, me esqueci de colar a fonte de minha informação sobre a referida pseudagem. Segue neste, junto com meu pseudo de desculpas por ser tão “desligado”:
    https://drauziovarella.uol.com.br/pediatria/mms-a-perigosa-solucao-que-promete-a-cura-de-doencas/

    • Jonathan Malavolta on 26/02/2023 at 12:32
    • Responder

    Então existe um fator microbiano (não só o genético) que pode causar o autismo? Sei que é científico, mas vai acabar promovendo a famosa pseudociência de que “autismo é causado por vermes intestinais” (que aliás, e até onde sei, já fez duas vítimas fatais no Estados Unidos: 2 garotos de 11 anos de idade que não se conheciam, são de estados diferentes inclusive; é apenas coincidência de idade).

    Acredito que não deva ser segredo para ninguém do AstroPT a pseudociência que promove aplicações de MMS (basicamente, alvejante [cloro]) em autistas, pela via retal, o que é altamente corrosivo para a parede intestinal (incluindo a letalidade de vários microorganismos benéficos para nosso organismo), defendida por Jim Humble nos Estados Unidos (aqui no Brasil, nós temos o vendedor de livros de auto-ajuda Lair Ribeiro, que já foi considerado charlatão por um jornalista da RTP); até o The Lancet já emitiu nota de repúdio por essa substância e se desculpou publicamente pelo vexame dado ao ter publicado um artigo defendendo essa pseudagem barata (enviado pelo próprio Humble).

    1. Eu já tinha colocado no AstroPT algo sobre MMS há 13 anos atrás…
      https://www.astropt.org/2010/08/02/agua-milagrosa/

      Infelizmente, o vídeo estava ligado a um site, que entretanto desapareceu…

        • Jonathan Malavolta on 26/02/2023 at 22:33

        Não me surpreende que tenha desaparecido.

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