Cegos e Elefante

Crédito: autor desconhecido, via wikipedia.

A parábola intitulada Os Cegos e o Elefante teve origem na Índia, sendo que a primeira versão conhecida está num texto Budista do primeiro milénio antes de Cristo. Mas a parábola deve ser muito mais antiga, tendo posteriormente sido incluída no texto budista.

A parábola diz que um grupo de homens cegos encontra um elefante. Cada cego toca no elefante, em locais diferentes. Por isso, cada um tira uma conclusão diferente sobre o “objeto”.

A parábola conta-se mais ou menos desta forma:

Um grupo de cegos ouviu dizer que um animal estranho, chamado elefante, havia sido trazido para a cidade, mas nenhum deles estava ciente da sua forma.
Por curiosidade, eles disseram: “Precisamos inspecionar e conhecê-lo pelo toque, do qual somos capazes”.
Então, eles o procuraram e, quando o encontraram, avaliaram o elefante tocando-lhe.
O primeiro cego pousou a mão na tromba do elefante, e disse triunfante: “Este ser é como uma cobra grossa”.
O segundo cego tocou na orelha do elefante, e disse: “Este animal é como um leque.”
O terceiro cego tocou na perna do elefante, e disse: “Um elefante é como um tronco de árvore.”
O quarto cego tocou num dos lados do elefante, e disse: “O elefante é como uma parede.”
O quinto cego tocou no rabo do elefante, e disse: “Este animal é parecido com uma corda”.
O sexto cego tocou na presa do elefante, e disse: “Um elefante é duro, liso e tem a forma de lança”.

Crédito: autor desconhecido, via wikipedia.

A moral da história parece ser (é assim interpretada) que os Humanos têm experiências limitadas e subjetivas, e por isso não conseguimos saber a totalidade, objetiva, da realidade.

A mensagem é que ao analisarmos um assunto de uma só perspetiva, tendemos a estar errados.

Estas mensagens/morais são adequadas.
O problema é quando isto é extravasado como arma de arremesso contra a ciência.

Ao contrário do que é popularmente pensado, em ciência existem várias perspetivas.
Se esta parábola se aplicasse à ciência, se os cegos fossem todos cientistas, então no final das suas observações, eles iriam se reunir, conversar, discutir, publicar artigos porventura com interpretações diferentes, e no final chegariam a um consenso alargado.

Esse consenso final é o que chegaria às pessoas, através da comunicação social.
As pessoas ficariam a pensar que essa é a única perspetiva, limitada, da ciência.
Mas não.
Esse é o consenso, após várias perspetivas serem debatidas, com base nas evidências disponíveis.

Por fim, ao contrário da ciência (que investiga e debate evidências), a pseudociência inventa alegações sem quaisquer evidências.
Na mesma parábola, um pseudocientista cego sentar-se-ia à sombra de uma árvore, não tocaria no elefante, e afirmaria com toda a convicção que o elefante tem asas quânticas.

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