Queremos viver para sempre?

A Fundação Francisco Manuel dos Santos realiza a rubrica Fronteiras XXI, com alguns programas de debate sob o tema “Os Temas que desafiam Portugal e o Mundo”.

O Fronteiras XXI já vai na 4ª temporada.

Da 1ª temporada, em 2017, destaco o debate com o título: Queremos viver para sempre?

“A cada dia a esperança de vida aumenta cinco horas. Os progressos científicos têm permitido prolongar a vida humana e retardar o envelhecimento. Quanto tempo podemos esperar viver e com que qualidade? Como podemos enfrentar os desafios da longevidade?

A mulher mais velha do mundo viveu 122 anos e 164 dias. Jeanne Louise Calment nasceu antes da construção da Torre Eiffel e morreu, ainda lúcida, um mês depois da sonda Mars Pathfinder aterrar na superfície de Marte, em Agosto de 1997.

Desde então o número de pessoas que ultrapassa os 100 anos não tem parado de crescer. São hoje quase meio milhão, mas serão 3,7 milhões em 2050, apontam as estimativas das Nações Unidas.

Viver mais tempo será cada vez mais comum e a Ciência fez grandes progressos para prolongar a vida humana e retardar o envelhecimento. Transplantou corações artificiais, conseguiu imprimir órgãos em tecidos biológicos, prolongou com remédios a vida de ratinhos e, geneticamente, conseguiu até rejuvenescer-lhes as células.

Quanto tempo podemos esperar viver? E com que qualidade? Que problemas éticos estamos a enfrentar? Num país envelhecido como Portugal, como está a sociedade a mudar para responder aos desafios da longevidade?

Para responder a estas e outras questões juntamos o médico e investigador Manuel Sobrinho Simões, a especialista em bioética Maria do Céu Patrão Neves e o ex-ministro das Finanças e da Segurança Social e do Trabalho, António Bagão Félix.”

Este foi um debate bastante interessante, apesar de considerar que teve algumas partes mais aborrecidas.

O debate foi muito mais sobre questões sociais, sobre o envelhecimento – prolongar a vida, com qualidade – do que eu pensava.
Pensei que era um debate sobre as tecnologias (a ciência) que nos poderão ajudar a viver muito mais tempo. Ou até sobre os genes que poderemos manipular para vivermos mais tempo. Como nesta palestra do microbiólogo João Pedro de Magalhães.


Apesar de não ter ido ao encontro das minhas expectativas, a verdade é que foi um debate interessante.

O debate abriu, apropriadamente, com a música dos Queen: Who Wants to Live Forever.

Das palavras do jornalista, realço esta ideia: não contornamos a morte. Mas estamos a adiá-la. Prolongamos a nossa vida.

Da professora Maria do Céu Patrão Neves, retirei estas ideias:

Devemos celebrar o envelhecimento.

Os idosos têm que se sentir úteis.
(Existe um outro debate sobre os idosos e o envelhecimento do país, aqui)

A imortalidade deixou de ser um desejo espiritual, mas sim físico.

A criogenia já existe. Em muitos países existem imensas estão criogenadas (crio-preservadas).
Elas estão mortas. Mas poderão ser ressuscitadas – não é reanimadas.

Cada pessoa é irrepetível. Cada pessoa é única.
Clones são serão a mesma pessoa.

Antes do primeiro transplante do coração, em 1967, existiam restrições éticas que impediam isso, mas um médico, Christiaan Barnard, queria fama, e fez o transplante.
Na altura até se pensava que a pessoa acordaria com uma personalidade diferente!
Existiam esses medos devido à mudança de um órgão (como hoje existem em relação a outros órgãos).
Nada disso aconteceu, e hoje é uma técnica que salva vidas.

Mas a ética não serve para castrar a ciência.
Serve sim para fazê-la refletir no que faz, para que possa beneficiar a população.

A ciência é imparável.
Os limites são provisórios, vão todos cair.

Do médico Manuel Sobrinho Simões, retirei estas palavras:

Não se deve correr.

Devíamos educar melhor as crianças sobre como comer (menos e melhor).

Ao esticarmos a vida, vamos ter mais doenças – doenças próprias do envelhecimento.

Há dois órgãos que não aguentam: coração e cérebro. Eles não regeneram.

O pormo-nos de pé (posição erecta) foi um disparate, porque gasta mais energia e leva a mais problemas.

A Coreia do Sul e o Japão atacam o cancro de forma diferente em pessoas idosas.
Esta foi uma ideia muito interessante, em que o sucesso da técnica poderá depender da (falta de) intensidade que se coloca – até não retirando os cancros se não fôr necessário, porque a pessoa poderá, desnecessariamente, “morrer da cura”.

Vejam todo o debate, no website da RTP, aqui.

2 comentários

    • Nuno José Almeida on 20/03/2020 at 10:43
    • Responder

    Acho sempre incrível pessoas se ciência falarem de média sem falarem de desvio padrão. Se é verdade que a esperança de média de vida mudou muito, sem falar do desvio padrão, não percebemos porquê nem as razões do porquê. Chegar a estas idades no passado não era impossível. Não era era para todos.

    1. Eles referem que um dos factores que mudou bastante desde o passado, foi a diminuição abrupta do número de mortalidade infantil.

      Esses números de mortalidade infantil afetavam enormemente a média no passado 😉

      (quer dizer, eles não dizem isto literalmente. Simplesmente, eu interpretei dessa forma)

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