Vento Forte em HD209458b …

Uma equipa de astrónomos da Universidade de Leiden, do Netherlands Institute for Space Research (SRON) e do MIT (Massachusetts Institute of Technology) publicou na prestigiada revista Nature um artigo descrevendo observações com uma precisão sem precedentes do exoplaneta HD209458b, o primeiro detectado por trânsitos em 1999. Trata-se de um Júpiter-Quente que orbita a estrela hospedeira em cada 3.5 dias e a sua órbita é tal que mantém sempre a mesma face virada para a estrela pelo que o seu lado diurno atinge uma temperatura estimada de 1000 graus Celsius.

Os astrónomos utilizaram o espectrógrafo CRIRES do VLT (Very Large Telescope) para observar as variações nas linhas espectrais do monóxido de carbono presente nas camadas superiores da atmosfera durante as 5 horas do trânsito do exoplaneta. O espectrógrafo permite obter medições com uma precisão de 1 parte em 100000 na posição das linhas e a abertura dos gigantes de 8.2 metros permite recolher luz suficiente para realizar observações com uma cadência temporal adequada.

Os resultados são excepcionais. A variação observada nas linhas espectrais do monóxido de carbono indica que na camada da atmosfera observada existem ventos entre os 5000 e os 10000 quilómetros por hora. Aparentemente estes ventos são responsáveis pelo transporte do calor do lado diurno para o lado nocturno do planeta. A equipa utilizou também as medições da velocidade radial para as ditas linhas espectrais (que são específicas do planeta) para determinar a sua velocidade orbital e dessa forma determinar independentemente a massa do planeta (64% a de Jupiter) e da estrela hospedeira (sensivelmente idêntica à do Sol). Esta foi a primeira vez que tal medição foi obtida para um exoplaneta e mostra os avanços extraordinários que vêm a ser feitos ao nível da instrumentação astronómica. Finalmente, a intensidade das linhas espectrais permitiu determinar a abundância de monóxido de carbono nesse nível da atmosfera do planeta, a qual parece ser semelhante à observada para os gigantes de gás do Sistema Solar.

Podem ver o resumo da notícia na Nature aqui e o comunicado do ESO aqui.

3 comentários

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  1. Olá Carlos,

    sim, é verdade. Para além de ter sido o primeiro a ser descoberto por trânsitos a estrela hospedeira é brilhante (mag. 7) o que permite fazer observações com uma relação sinal ruído elevada. Por exemplo, no artigo agora publicado os autores obtiveram espectros de alta resolução (alta dispersão) da estrela durante as 5h de trânsito. Para tal ser possível a estrela tem de ser suficientemente brilhante e o telescópio suficientemente grande para capturares fotões suficientes para obter um espectro de qualidade para análise. Eles tiveram de fazer isso várias vezes ao longo das 5h pelo que as exposições individuais não podiam ser muito longas.

    Ab.

    Luis

  2. Este exoplaneta tem dado muito que falar 🙂

    Já tinhas escrito tudo isto sobre ele:
    http://www.astropt.org/2008/02/07/hd-209458b/

    e agora mais esta noticia 🙂

    ke ventinho jeitoso 🙂

  1. […] entre os 5 e os 10 mil quilómetros nas camadas superiores da atmosfera deste planeta. Podem ver essa notícia aqui. Posts relacionados:Hubble Fotografa Resultado da Colisão de AsteróidesVento Forte em […]

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