O futuro do modelo padrão

 
Traços de partículas numa câmara de bolhas. Fotografia colorida da interacção de um neutrino na câmara de bolhas no FermiLab, próximo de Chicago. O neutrino entra na câmara de bolhas na extremidade direita mas não deixa traço porque é electricamente neutro. Interage quase imediatamente com um protão produzindo um mistura de partículas que seguem para a esquerda, curvando no campo magnético da câmara.

Os neutrinos têm sido, desde sempre um motivo de angústia na comunidade científica. Levou décadas desde a primeira insinuação da sua existência até à detecção efectiva da sua presença. Então, quando estudaram os neutrinos oriundos do sol, os cientistas ficaram espantados porque a quantidade de neutrinos detectada era muito inferior àquela que deveria ser produzida. Esta diferença foi explicada por aquilo que se denomina a oscilação de sabor, que causa a mudança entre três tipos de neutrinos conhecidos: neutrino do electrão, neutrino do Muão e neutrino do Tau. Agora, os investigadores têm-se deparado com outro enigma: os antineutrinos sofrem uma oscilação de sabor a uma taxa diferente da dos seus “negativos”. Esta constatação juntamente com a impossibilidade de detectar o bosão de Higgs, peça fulcral neste modelo científico, têm posto em causa a continuidade do modelo padrão.

Nos últimos 25 anos, a previsão do modelo padrão tem correspondido aos dados experimentais, casa decimal por casa decimal com uma precisão impressionante. O modelo padrão tem sido testado com tudo, desde experiências básicas até experiencias em gigantescos aceleradores de partículas. As teorias e descobertas de milhares de físicos ao longo do último século têm criado uma representação extraordinária e extraordinariamente exacta da estrutura fundamental da matéria, o modelo padrão de partículas e forças. O modelo padrão descreve 4 forças, transmitidas por partículas elementares: O fotão transmite a força electromagnética; o gluão carrega a força nuclear forte que mantém os átomos unidos e os bosões W e Z transmitem a força fraca que actua no decaimento radioactivo.

As partículas fundamentais da matéria são os leptões, como o caso do electrão, e quarks, como aqueles que se encontrão no interior de protões e neutrões. Cada partícula elementar de matéria tem, também uma partícula parceira de antimatéria. Por exemplo, o positrão é o negativo do electrão, e cada quark tem um antiquark. Cada fenómeno observado na natureza pode ser interpretado como a interacção das forças fundamentais e partículas do modelo padrão. No entanto, os físicos sabem que o modelo padrão não é o fim da história. As questões têm aumentado mais do que as respostas. Actualmente, os cientistas estão à procura da física para além do modelo padrão que os guiará para uma teoria mais elegante e abrangente. Contudo, não sabemos se as poucas peças que faltam para completar este puzzle não se vão multiplicar à medida que o conhecimento aumenta. Podes consultar aqui mais artigos sobre este assunto.

15 comentários

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    • Emiliano Pinto on 27/04/2012 at 14:40
    • Responder

    Peço desculpa pelas sucessivas mensagens que me vejo obrigado a aqui deixar, e esta será a última.
    No comentário em que falo da wikipédia é claro que estou a dizer que não é uma fonte credível de informação. O sr. Paulo Cabrita deve ter mais cuidado na leitura, sob pena de fazer uma interpretação diametralmente oposta à correcta.
    Obrigado.

    • Emiliano Pinto on 27/04/2012 at 14:36
    • Responder

    Caro Paulo Polónio Cabrita:

    Um tão grande conhecedor de linguística devia ser capaz de identificar ironia e sarcasmo. Sugiro que leia novamente o meu comentário.

    • Paulo Polónio Cabrita on 27/04/2012 at 00:45
    • Responder

    Meu caro Emiliano, a jocosidade do meu comentário foi proporcional à sua afirmação de que a Wikipédia é fonte credível de informação e que possa ser incluída como referência em artigos científicos ou escolares (aliás pode sim, mas naqueles fraquinhos,fraquinhos)…ora quanto ao outro ponto do cuidado com a escrita, trata-se de uma questão de respeito pelo autor do post que teve cuidado ao elaborá-lo com acentuações devidas e sintacticamente correcto para que tanto o senhor como eu o possamos ler em condições.
    Bem haja.

    • Emiliano Pinto on 26/04/2012 at 23:50
    • Responder

    Só agora vi os comentários engraçados que se seguiram ao meu. Não pretendo prolongar a minha estadia no blog, uma vez que claramente não sou bem vindo e, a meu ver, sou mal interpretado. Venho apenas utilizar o meu direito ao contraditório.

    Em primeiro lugar dirijo-me ao Carlos Oliveira, a única pessoa que não me atacou. Não acho que revistas generalistas saibam mais de física de partículas do que físicos de partículas (salvo algumas excepções). Eu próprio o sou, mas não espero que quem não seja da área vá beber informação aos artigos científicos. Assim, para evitar o sensacionalismo que fontes como a wikipedia podem acarretar, sugiro revistas de divulgação. Não são tão boas quanto os artigos publicados em revistas como a Physical Review, mas são mais fáceis de ler e habitualmente traduzem o essencial.

    De seguida, respondo ao Paulo Polónio Cabrita que se manifestou indignado pela minha falta de cuidado na escrita, esquecendo que não estou a redigir um texto para publicação num livro ou num jornal mas sim numa caixa de comentários num blog. É também engraçado que sejam os meus erros gramaticais que tanto o incomodam, atendendo a que não escrevi “q” nem “ò”. Acho mau gosto que faça um comentário sobre um artigo científico sem se referir a ele e que ache que supostas piadas com o nome de outra pessoa sejam um assunto mais interessante. Proponho também que leia o seu antes de pensar em parodiar o de outra pessoa.

    Quanto à Ana Guerreiro Pereira, pergunto-lhe qual foi o insulto que lhe fiz e qual foi a “tirada ad hominem” que a atingiu. Pergunto-lhe qual foi a falta de educação que cometi ao referi-la quando respondi ao seu comentário. Pergunto-lhe qual foi a parte em que me manifestei superior a vocês e onde é que vos chamei burros. O mais próximo que encontro no meu comentário de algo que possa, com muita vontade, ser interpretado dessa forma, é a indicação de que a wikipédia não é uma fonte credível de informação, pelo menos quando se trata de algo especializado. Isto não está, de todo, errado. Basta pensar na quantidade de artigos e trabalhos, científicos ou escolares, que são de qualidade e apresentam a wikipédia nas referências.
    Quanto à sucessão de insultos que se achou no direito de me endereçar, nem sequer os irei comentar. Apenas cito uma das suas frases, “pessoalizou uma opinião que nem sequer compreendeu, entrou a insultar pessoas que não conhece”.

    Em última análise, resumo tudo aquilo que pretendi dizer, desta vez por tópicos, de modo a evitar respostas hostis:

    -> Não chamem partícula de Deus ao Bosão de Higgs. É um mau nome, nenhum Físico de Partículas sério o usa.
    -> O modelo padrão não tem muitas partículas. As primeiras “unidades fundamentais” da matéria foram consideradas as moléculas, cuja quantidade é infindável. De seguida foram os átomos, que há uns 120. No modelo padrão há, até ver, 25.
    -> Toda a ciência é baseada na colocação de hipóteses e verificação por experimentação. O bosão de Higgs foi uma hipótese que resolveu problemas na teoria, suportada pela experiência (o que, consequentemente, suporta indirectamente a existência do Bosão de Higgs) e cuja observação directa se procura. Devido às características desta partícula e a factores técnicos e económicos ainda não foi descoberta. Contudo, as experiências que o procuram podem afirmar, no momento que eu estou a escrever, com mais de 99.5% de certeza (Este número é credível, ver últimos resultados das experiências ATLAS e CMS no LHC) que ele existe. Assim é importante que fique claro que não se trata de um artifício para compatibilizar dados.

    Sem mais.

    • Ana Guerreiro Pereira on 13/09/2011 at 15:13
    • Responder

    Claro que, se eu tiver interpretado mal as coisas e o Emiliano não tivesse intenção de soar paternalista, arrogante e de pessoalizar um comentário de uma pessoa que não conhece de lado nenhum, e se fosse tudo uma Bazingada, admiti-lo-ei.

    O que não admito é ad hominems de desconhecidos que não souberam interpretar o que leram nem perceber q a conversa estava a ser direccionada para um tom que os leigos percebessem. Porque se falasse com leigos saberia que esta questão é uma FAQ.

    Uma coisa era, como eu pretendia, q se explicasse exactamente o q Emiliano disse. Outra coisa é ter adicionado comentários idiotas, ou que foram assim interpretados, pessoais, sobre uma pessoa que não conhece de lado nenhum. Falta de chá, mesmo. Ou tentativa de bazingar? Se queria brincar, digo-lhe que não me ri, lamento.

    • paulo polónio cabrita on 13/09/2011 at 14:54
    • Responder

    Caro Emiliano Pinto, (aqui abstenho-me de fazer a piada fácil com o seu nome, e que fácil era), peço-lhe encarecidamente que em futuros comentários use acentuação e sintaxe de acordo, pois é área onde não sou leigo e ver comentários assim faz-me sangrar os olhos e maldizer meio mundo enquanto rezo à Nossa Senhora da Gramática e Sintaxe.
    Obrigado.

    • Ana Guerreiro Pereira on 13/09/2011 at 14:18
    • Responder

    Já agora Emiliano, portou-se muito mal aqui. Não soube interpretar as coisas, não soube compreender que não se fala com leigos da mesma forma que se fala com técnicos, portou-se como se tivesse o rei na barriga e soubesse mais que todos os restantes físicos, pessoalizou uma opinião que nem sequer compreendeu, entrou a insultar pessoas que não conhece… realmente, 5 estrelas.

    • Ana Guerreiro Pereira on 13/09/2011 at 13:35
    • Responder

    Carlos, este senhor está aqui apenas para trollar. É o arrogante ignorante típico. Penso que o site não tem nada a ganhar em deixar-lhe passar comentários cujo único propósito é trollar, insultar…sem sequer ter percebido nada.

    Claro, claro, a Quero Saber nem sequer vai beber às fontes nem nada.

    Irra que estes trolls já chateiam. Por favor, peço-te, bloqueia os comentários desse anti-cavalheiro mal educadão e imbecil.

    • Emiliano Pinto on 13/09/2011 at 01:38
    • Responder

    Já agora, é engraçado que uma bioquímica que trate com mais de uma centena de átomos, um número incontavel de moleculas e 2 dezenas de aminoácidos, ache que 20 partículas são muitas….

      • Ana Guerreiro Pereira on 13/09/2011 at 13:30
      • Responder

      Se tivesse um pingo de humildade e entendimento, teria percebido q eu estava a direccionar a conversa para um patamar a que um leigo compreendesse. Mas pelos vistos nem você percebeu. Obrigada por nos levar a constatar isso, significa precisamente que não é patamar que seja atingido por todos.

      Se quer trocar argumentação ad hominem, abstenha-se.

    • Emiliano Pinto on 13/09/2011 at 01:32
    • Responder

    Olá Ana Guerreiro Pereira. Em primeiro lugar respondo a uma frase sua muito gira 🙂 está habituada à confirmação mediante a experimentação… você e toda a ciência xD. Essa frase é demasiado simplista e errónea e o termo “particula de deus” foi cunhado por jornalistas sencionalistas, que infelizmente são os que publicam no meio que o publico gosta de obter informação. Esta introdução serve para dizer que nao há nenhum deus inventado, com ou sem aspas, nem nada tem a ver com isso. Quanto à postulação, como todas as ciencias, a fisica baseia-se na colocaçao de hipoteses e na experimentação. A hipotese da existencia do bosao de higgs foi colocada porque resolvia imensos problemas de uma forma muito eficaz. Devido à sua massa ainda não foi possível detecta-lo porque os aparelhos para o encontrar são dispendiosos e muito complexos. Quanto à justificação da construçao de tais maquinas para encontrar o bosão de higgs, acho que basta lembrar outras das coisas que foram postuladas porque dava jeito à teoria e foram descobertas: planeta Neptuno, várias das outras partículas fundamentais, etc.

    Termino apenas aconselhando a que o publico sem conhecimento na area (99.99%) procure informação num local credivel, e aconselho por exemplo a revista “Quero saber” ou a “Science” para quem for capaz de compreender trabalhos cientificos, caso contrário acabam por tirar conclusões baseadas em citações da wikipedia

    1. Caro Emiliano que não quiz dar o seu endereço de e-mail,

      Concordo com tudo excepto no ultimo parágrafo.

      Acha mesmo que revistas em geral (como a Quero Saber) sabem mais que cientistas, incluindo físicos de partículas?

      abraços,
      Carlos

      • Ana Guerreiro Pereira on 13/09/2011 at 13:25
      • Responder

      Caro Emiliano, antes de comentar certifique-se que percebeu o que as pessoas disseram. E antes de argumentar com tiradas ad hominem, certifique-se q conhece a pessoa que está a insultar.

      Como tal, não perderei o meu tempo consigo, lamento. Se quiser conversar como deve ser, tudo bem. Se somente quiser armar-se em troll com a mania das grandezas e “eu sou o maior e sei mais que vocês todos juntos ò seus cientistas burros”, por favor dirija-se a outro lado ou a outra pessoa. Sabe, a vida é curta demais para a desperdiçar com asneirada e fritalhada.

      Passe bem e, por favor, não me incomode, ou solicitarei o bloqueamento dos seus comentários mal educados.

    • Ana Guerreiro Pereira on 20/04/2011 at 19:48
    • Responder

    Isto pode soar mal aos “ouvidos” (na verdade, são olhos… :D) de quem está por dentro deste Modelo Padrão, mas tendo em conta que não sou Física de Particulas e que mal me consigo entender com tantas partículas… :D… é o seguinte: a frase, na descrição da wikipedia sobre o bosão de higgs, a mítica partícula de deus (deus entre aspas, pessoal! :D), “The existence of the particle is postulated as a means of resolving inconsistencies in current theoretical physics” não nos leva a pensar que se inventou um deus (neste caso uma partícula) para explicar o que ainda não se consegue explicar? neste caso, as inconsistências científicas do actual modelo teórico? Ou a frase é simplista demais e não reflecte a natureza dessas inconsistências, na medida em que seriam perfeitamente explicadas com a existência de tal partícula? (os crentes poderão alegar q as inconsistências do nosso mundo podem ser perfeitamente explicadas pela existência de uma entidade hipotética :D)

    Não sei se me fiz entender, mas se ajudar… sou bioquímica e habituada à confirmação mediante a experimentação 😀

      • Manel Rosa Martins on 13/09/2011 at 03:53
      • Responder

      É uma frase simplista. mas se prosseguires a leitura mesmo só na própria wiki no portal de Física em inglês e noutras entradas da wiki podes aprofundar muito razoavelmente o teu tema. Basta manteres-te nele. Bosão, ver o que é um bosão, ver a definição de massa, o Higgs, quem foi e o que fez, onde goza a sua reforma. Em que Universidade ele ainda dá palestras e aparece de surpresa na aulas, etc. O artigo do Jorge Fonte tem um nível científico muito elevado, na minha modesta opinião bastante superiora a outras publicações. e apresenta um conjunto de representações que apenas requerem alguma reflexão.

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