Vida, mas não como a conhecemos

Uma das razões para as pessoas pensarem que ETs avançados nos visitam ou que se formos pelo Universo iremos encontrar ETs avançados, além da influência da ficção científica, é porque as pessoas sofrem de geocentrismo temporal: imaginam que o tempo de vida delas é o mais importante (por isso os ETs vêm agora) e imaginam que a Terra sempre foi assim e sempre será.
A maioria das pessoas não tem noção do calendário cósmico do Sagan, que podem ver aqui.
A Terra, em 4.000 milhões de anos, teve sempre vida, mas essa vida sempre foi bacteriana. Só nos últimos cerca de 500 milhões de anos passou a haver os animais tal como estamos habituados. E só nos últimos anos existimos nós. Em 4.000 milhões de anos, somos uma total insignificância.
Se os ETs visitarem a Terra, o mais provável é, obviamente, terem passado por aqui num tempo em que só existiam micróbios.
Se nós visitarmos outros planetas, o mais provável é acontecer o mesmo.

Isto vem a respeito de uma descoberta recente.

A imagem de cima é do que se pensa ser vida, numa altura em que o planeta tinha oceanos de côr verde à superfície, tinha um dia com menos horas, tinha uma atmosfera sem oxigénio, tinha um ar venenoso (para nós), e tinha um ambiente perfeito para… não existir Humanos.
O Inferno para uns… é o Paraíso para outros.

Como diz o artigo do Público:
“Descoberto fóssil na Austrália.
Havia vida há 3400 milhões de anos, e respirava enxofre.
A Terra de há 3400 milhões de anos seria alienígena para nós. Teria uma Lua mais próxima, marés muito altas, um oceano com temperaturas entre os 40 e os 50 graus, uma atmosfera sem oxigénio e pequenas ilhas aqui e ali. Um pesadelo para a espécie humana, mas aparentemente o ambiente certo para a proliferação de pequenas formas de vida que respiram enxofre.”

E no Expresso:
“Fósseis encontrados na Austrália podem ser os mais antigos da Terra.
Descobertos em rochas, os fósseis de micróbios podem ser a prova da existência de vida no planeta há 3,4 mil milhões de anos.
Um estudo publicado no jornal “Nature Geoscience” revela a descoberta de fósseis de micróbios com mais de 3,4 mil milhões de anos. Encontrados numa formação rochosa de Strelley Pool, na Austrália, estes fósseis pertencem a organismos que viviam sem oxigénio e alimentavam-se à base de enxofre. (…)
(…) A existência de vida na Terra à base de enxofre, numa altura em que o oxigénio era ainda um componente ausente, pode ser uma oportunidade para provar a existência de vida noutros planetas, defendem os autores do estudo. As características da Terra há 3,4 mil milhões de anos são semelhantes às de Marte no mesmo período, o que significa que futuras missões espaciais ao planeta vermelho poderão focar-se na procura deste tipo de organismos.”

Podem também ler, em inglês, aqui, aqui, e aqui. E o artigo científico.

Gostei também de ver este poster, que tem a ver com as descobertas que se vão fazendo nesta área.

3 comentários

  1. Infelizmente o geocentrismo, de uma forma global, está presente em quase tudo. Está tão presente que nem os cientistas se livram como provam o baptismo de pequenos seres de extremófilos. Estas micro criaturas que florescem em meios inóspitos ao ser humano, foram consideradas de vida extrema apenas e só porque a definição de vida envolve uma concepção da Terra tal qual nós a tradicionalmente conhecemos e não como ela realmente pode ser, tanto no espaço como no tempo. Aqui concordo perfeitamente com o Carlos.

    Quanto aos Et’s discordo porque o argumento é válido em ambos os casos, o de poderem vir ou de não vir. Por outras palavras, porque não podem vir eles também agora? Claro que a probabilidade seria maior anteriormente à existência do ser humano pelas razões descritas que se prendem com a nossa aparição recente mas nada nos indica que uma mui pequena parte não represente umas centenas ou mesmo milhares de visitas simplesmente porque não conhecemos o tamanho global da amostra.

    Mais grave é incorrer exactamente no mesmo erro da critica ou será que é tão alta a probabilidade dos seres da Terra serem os mais inteligentes ao ponto de ser tão improvavel encontrar seres mais avançados noutros planetas pelo o universo fora? Ou não compreendi bem ou esse é um exemplo perfeito de geocentrismo.

    Seja como for, desde cedo procuramos o começo da vida mas sempre sob a nossa definição. São as descobertas científicas que lentamente nos têm permitido alargar o leque do próprio termo de definição mas ainda são muito poucos os que pararam para pensar que a vida como estrutura pode ser apenas uma concepção tão válida como o nosso tempo, ou seja, um fruto da percepção humana.

    Abç.

    1. “será que é tão alta a probabilidade dos seres da Terra serem os mais inteligentes ao ponto de ser tão improvavel encontrar seres mais avançados noutros planetas pelo o universo fora? Ou não compreendi bem”

      Tendo em conta que a evolução leva tempo… alguns milhares de milhões de anos… então quando chegarmos a um planeta (ou lua), a probabilidade é infinitamente maior de o encontrarmos com formas de vida microscópicas 😉

  2. Até que enfim…. ufa!…um raciocício coerente com os crédulos e incrédulos sobre “vida que não seja o ego humano” neste espaço sideral.

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