A propósito de animais estranhos…

A propósito deste post e das espécies novas que se vão descobrindo em terras mais ou menos distantes e inacessíveis para a maioria de nós, deixem que vos apresente uma estranha criaturinha que existe bem ao virar da esquina: o urso-de-água!

Ursos-de-água (Tardígrados)

Não são ursos, mas é certo que vivem na água (ou em locais muito húmidos).

Como podem ver na fotografia, estes estranhos e crípticos seres que, quando observados numa lupa ou microscópio, têm, como o urso, um corpo arredondado e roliço. Mas, o verdadeiro motivo para o nome é a sua forma de locomoção, que se assemelha à do urso, com as devidas diferenças de escala.

Cientificamente são chamados de tardígrados, nome que deriva das palavras em latim tardus (lento) e gradus (passo). Estes minúsculos seres, com cerca de 1 mm, têm o corpo em forma de barril, quatro pares de patas, “pés” com 4 a 8 garras e alimentam-se maioritariamente de matéria vegetal. Têm diferentes estratégias reprodutivas e os seus ovos podem ter belas ornamentações.

Não são insetos (como as moscas, abelhas ou escaravelhos), nem crustáceos (como os camarões, caranguejos e lagostas), nem aracnídeos (como as aranhas e escorpiões)! São mesmo um filo completamente independente de invertebrados!

Existem mais de 1000 espécies ursos-de-água e são considerados dos animais mais resistentes da Terra, tendo sido encontrados desde os Himalaias até às profundezas do mar. Quando em condições adversas, podem entrar num estado de desidratação e dormência extremos e, deste modo, resistir a temperaturas extremamente baixas ou altas (de -200ºC a 150ºC), 1000 vezes mais radiação que outro animal e sobreviver quase uma década sem água!

Os leitores mais astronómicos deste blog possivelmente já ouviram alguma referência a estes seres, já que eles podem até resistir ao vácuo do espaço e, em Maio de 2011, foram passageiros na última viajem do vai-vem espacial Endeavour, como parte do projeto BIOKIS patrocinando pela Agência Espacial Italiana.

Quem sabe que surpresas ainda nos hão-de revelar estas criaturinhas?

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(Atualização)

Faltou acrescentar que temos em Portugal uma equipa de investigação que trabalha precisamente com estes bichinhos e que já descreveu várias novas espécies para a ciência, incluindo uma encontrada no Parque Biológico de Gaia. Está liderada pelo Professor Paulo Fontoura da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, membro da Unidade de Investigação em Eco-Etologia do Instituto Superior de Psicologia Aplicada, em Lisboa.

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