Estrela “Foge” do Enxame R136

Uma equipa de astrónomos liderada por Chris Evans do Royal Observatory Edinburgh e que inclui o conhecido especialista em estrelas maciças Nolan Walborn, do Space Telescope Science Institute, publicou um artigo na revista Astrophysical Journal Letters em que descreve a descoberta de uma estrela extremamente maciça que “foge” a grande velocidade do centro da Nebulosa da Tarântula, na Grande Nuvem de Magalhães, a cerca de 170 mil anos-luz.

O movimento da estrela designada de 30 Dor #016 (30 Doradus é outra designação para a Nebulosa da Tarântula) sugere que foi projectada do grande enxame R136 localizado no centro da nebulosa, a uma velocidade de cerca de 400 mil km/hora. Actualmente, a estrela encontra-se já na periferia da nebulosa a 375 anos-luz do enxame. Pensa-se que estrelas nestas condições, designadas pelo termo inglês “runaway” (tradução livre: fugitivas), resultam da instabilidade gravitacional em sistemas múltiplos ou em enxames de estrelas muito densos. Outra possibilidade consiste na explosão de uma supernova num sistema binário que altera de tal forma o campo gravitacional que a estrela companheira pode ser ejectada a grande velocidade.

A luz da 30 Dor #016 foi analizada com o espectrógrafo COS (Cosmic Origins Spectrograph) a bordo do Hubble o que permitiu determinar que a fotosfera da estrela é extremamente quente, com uma temperatura superior a 50 mil Kelvins, e que a estrela produz um vento estelar que é dos mais intensos conhecidos. Estes dados, juntamente com a sua evidente elevada luminosidade, apontam para uma estrela extremamente maciça com cerca de 90 vezes a massa do Sol. Observações realizadas com o VLT confirmaram tratar-se de uma estrela única e não de um sistema binário ou múltiplo. O enxame R136 é conhecido pela anormal abundância destas estrelas superlativas o que é consistente com a possibilidade do enxame ser a origem da 30 Dor #016.

A descoberta é particularmente relevante pois este processo de ejecção de estrelas em enxames densos e maciços tinha já sido previsto pelos teóricos há vários anos e esta é a primeira observação directa do fenómeno. A equipa detectou mais duas estrelas luminosas na região que poderão estar na mesma situação.

Podem ver o artigo original aqui e outra notícia aqui.

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