Plano de Missões Espaciais para a próxima década

max c
(MAX-C rover para Marte é a prioridade)

A NASA, em conjunção com o National Research Council e a National Science Foundation, produziu um documento com 400 páginas, que explica qual é a visão para explorar o Universo nos próximos 12 anos.
Chama-se Decadal Survey, e pode ser lido aqui, com sumários aqui, aqui, aqui, e aqui.

A NASA vai tentar que as missões sejam em conjunto com outras agências espaciais, nomeadamente a ESA.

As prioridades são:

Em 1º lugar, uma missão robótica a Marte (MAX-C) que recolha solo Marciano e o traga de volta à Terra. Pela primeira vez, uma missão irá trazer amostras de Marte. O objectivo é tentar ver se Marte realmente tem vida.

Em 2º lugar, uma missão à lua de Júpiter, Europa, de modo a estudar o oceano e quiçá tentar ver se realmente tem vida (JEO).

Em 3º lugar, uma missão ao sistema do planeta Urano. Já enviamos a sonda Galileu para o sistema de Júpiter, a sonda Cassini para o sistema de Saturno, por isso o próximo passo lógico será enviar uma sonda para o sistema de Urano.

Podem ler mais sobre isto, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, e aqui.

Fica também o testemunho do José S. que teve a amabilidade de nos dizer isto:


Embora a coisa seja um tanto complexa, aqui ficam as principais recomendações para o programa americano de exploração do Sistema Solar:

Missões Discovery (baixo custo):
O custo deve ser até US$500 milhões (dólares de 2015), e as escolhas devem ser feitas a cada 2 anos; os lançamentos devem ocorrer num período relativamente curto depois da escolha.
Missões desta categoria são a MESSENGER, a Dawn, a Kepler, a Deep Impact…
Este ano ainda deve ser lançada a GRAIL, duas sondas para medir com precisão a gravidade lunar.
Só há uma recomendação “dura”, a de que a missão marciana de 2016 em colaboração com a ESA, para estudo da atmosfera marciana, seja considerada, desde que se mantenha uma divisão de tarefas/custos estrita e não se atrase…

Missões New Frontiers (médias):
O custo deve passar a até US$1000 milhões, excluindo o lançador.
Está em curso a selecção de uma nova missão (a 3ª) desta categoria; já foram executadas duas: a New Horizons, e a Juno (lançamento futuro).
As 7 recomendações são: Cometa (recolha de amostras); Io; Geofísica Lunar; Bacia Polar Sul da Lua (recolha de amostras); Saturno (atmosfera); Troianos; Vénus (atmosfera e superfície)…
Mas duas delas são semelhantes a missões que podem vir a ser escolhidas na selecção actual. Depois, a recomendação fica mais estrita, e para a selecção da missão 4 só devem ficar 5, excluindo a geofísica lunar e Io, que só devem entrar para a selecção da missão 5. A comissão não estabelece prioridades…

Missões Flagship:
Há 5 candidatos para a década 2013-2022: Encelado; Júpiter-Europa (embora esta missão tenha uma parte ESA, para Ganimedes); Marte (MAX-C, missão com a ESA, incluindo rovers e amostragem), Urano; Vénus (incluindo balões!)…
o mais barato seria Encelado, o mais caro Júpiter.
Tendo em conta outras preocupações tb, a recomendação da comissão é: Marte! Desde que os custos não disparem, claro, ou seja, se fiquem pelos $2.5 mil milhões – o custo previsto actualmente é de $3.5… Ou seja, há coisas que terão que ser eliminadas, sob pena de cancelamento. E parece-me ouvir aqui um apelo a que a ESA não se acanhe…
Segunda prioridade: Júpiter-Europa, mas também com cortes…
Terceira: Úrano, com a recomendação de que deve começar a ser preparada mesmo com o envio da Marciana ou Joviana…

Estas recomendações serão exequíveis ou não conforme: presidente, senado, e mesmo decisões da administração da NASA. Mas têm por trás o peso da comunidade científica, e com sorte veremos algumas delas avançar mesmo na próxima dúzia de anos.

Só para concluir: tudo isto está dependente dos orçamentos (de $$ que a NASA receba), e da aprovação do Senado e Presidente americanos.

12 comentários

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  1. De facto, o plano menciona preocupações com a energia – muito precisamente, com a possibilidade de virem a faltar elementos essenciais para RTGs, fontes de energia imprescindíveis para missões no SS externo (se bem me lembro, a Rosetta é a única missão que vai operar muito longe do Sol com recurso a painéis solares, e se eles são grandes… isto porque a ESA estava – não sei se ainda está, confesso – formalmente proibida de utilizar fontes radioactivas nas suas missões). Esta questão pode vir a limitar fortemente algumas missões propostas. Portanto, sim, há uma preocupação com a energia… Mas eu sou anjinho, e acho que o Squyres e os outros estão de facto mais preocupados com questões científicas, como perceber os diversos caminhos da história geológica (e eventualmente biológica) de um objecto planetário… 😉 Mas enfim, com a febre do petróleo que anda por aí em depts de geociências, tudo é possível… Ah, mas eles querem lá saber da geologia planetária…

    • Ana Guerreiro Pereira on 16/03/2011 at 10:33
    • Responder

    Zé S, tem toda a razão, em Titã ou até mesmo Io não será de certeza “fóssil”! LOL! My mistake, é a força do hábito, tive de me desabituar de termos mais técnicos e apanhei a mania da “energia fóssil”. Claro, fóssil na Terra… duh. 😀

    Qto à busca de energia, parece-me mais do que plausível q tb está no plano. Mas dizer ao público q se vai em busca de vida é mais poético :D.

  2. Bom, então sejamos precisos: os hidrocarbonetos de Titã não são certamente de origem fóssil… Quanto à energia geotérmica, o seu aproveitamento directo é uma questão puramente local. Com certeza, se um dia a Humanidade realmente se espalhar pelos locais habitáveis do Sistema Solar, utilizará as fontes e métodos de produção de energia que conseguir. Não me parece é que Io seja um desses locais habitáveis: radiação extrema, superfície em constante renovação vulcânica – seria uma espécie de roleta “iónica” 😉
    Mas para voltar ao tema, há muitas críticas que se podem fazer à NASA e à comunidade científica, mas essa de disfarçar uma suposta busca por energia neste plano para a próxima década… hum, isso é mais com os políticos e militares americanos.

    • Ana Guerreiro Pereira on 15/03/2011 at 23:39
    • Responder

    E o Carlos, no seu comentário, referiu “novas energias”. 🙂

    O que não significa que não se procurem mais hidrocarbonetos, uma vez que toda a nossa economia actual gira em torno dos combustíveis fósseis.

    Huuum, será que no espaço há aquecimento global??? 😀

    • Ana Guerreiro Pereira on 15/03/2011 at 23:34
    • Responder

    Zé S, refiro que no meu comentário nomeei a energia geotérmica, que não é uma energia fóssil (queima de hidrocarbonetos, como diz).

  3. Não será uma economia baseada na combustão de hidrocarbonetos que permitirá a expansão da Humanidade pelo Sistema Solar com trocas comerciais entre as diversas colónias… de resto, não tenho qualquer problema com a ideia de explorar recursos naturais em asteróides, satélites e outros ambientes desprovidos de atmosfera e condições de habitabilidade humana. Quanto à esfera de Dyson, é uma construção esférica em torno de uma estrela, de forma a aproveitar toda (ou quase toda) a energia irradiada por essa estrela; e supostamente, uma coisa que qualquer civilização suficientemente avançada já terá elaborado, algures no Universo…

    • Ana Guerreiro Pereira on 15/03/2011 at 20:31
    • Responder

    Dificilmente, agora, no presente, Zé S. 🙂

    O q é uma esfera de Dyson?

  4. Com toda a certeza, entre todas as propostas recebidas pela comissão (e que podem ser vasculhadas online) deve haver várias a defender missões a Io… que é um mundo dos mais interessantes, com efeito… embora a existirem extremófilos por lá devam ter uma tremenda carapaça, tendo em conta a radiação que Júpiter lhes despeja em cima permanentemente. Quanto à energia, hum… diria que dificilmente se tornará económico importar hidrocarbonetos do espaço… e a construção de uma esfera de Dyson ainda está muito longe no futuro.

    • Ana Guerreiro Pereira on 14/03/2011 at 20:43
    • Responder

    ahahahaha, q mal queres tu a Io para pensares na hipótese de outras Anas por lá??? pobres Ioenses… 😀

    Mas não é quente para extremófilos :p E com aquela actividade vulcânica toda, olha a energia geotérmica q se aproveitava…

  5. A exploração espacial é também uma procura de novas energias e de mais energia.
    À medida que uma civilização se desenvolve precisa de mais e mais energia.
    Por isso, quando nos tornarmos uma civilização interplanetária precisaremos de mais energia do que agora.

    Io não interessa :P. É demasiado quente para existirem outras Anas por lá 😛

    • Ana Guerreiro Pereira on 14/03/2011 at 20:06
    • Responder

    O que respondariam aos que afirmam que se trata de uma procura disfarçada de combustível e não de vida?….

    😉

    E Io, não está contemplada porquê? 🙂

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