Tecnologia Extraterrestre

Desde que comecei a estudar astrobiologia que as ideias comuns sobre extraterrestres se desvaneceram. Ao mesmo tempo, passei a achar os filmes de ficção científica como uma completa falta de imaginação no que respeita a vida extraterrestre. Incluindo, por exemplo, o 2001, com o seu Monolito.

A tecnologia extraterrestre parece-me sempre pouco avançada, e feita por humanos (e não por seres completamente distintos de nós… em tudo).
Isto passa-se na ficção científica, mas até nas histórias de OVNIs, que são sempre testemunhos àcerca de objectos nitidamente humanos (e não por seres completamente distintos de nós… em tudo).

Pensei que fosse único a dizer isto. Mas não.
Paul Davies, no seu livro Eerie Silence, critica bastante o antropocentrismo humano, chegando mesmo a dizer que: “what if advanced super-intelligent life is no longer matter based? What if they exist at a higher level concept than matter. Five hundred years ago the very concept of a computer, a device manipulating information, or software, would have been incomprehensible. Might there still be a higher level he asks as yet outside all human experience that organizes information in the same way that information-processing organizes electrons. Davies envisions an alien technology that: Is not made of matter; has no fixed size or shape; has no well-defined boundaries or topology; is dynamical on all scales of space and time; or, conversely, does not appear to do anything at all that we can discern; does not consist of discrete, separate things; rather, it is a system, a subtle higher-level of things.”

Ou seja, a tecnologia extraterrestre pode não ser feita de matéria, pode não ter tamanho, pode não ter limites espaciais ou temporais, pode não ser separada do resto “do ar”, etc. Será certamente algo que nem sequer conseguimos imaginar.

24 comentários

Passar directamente para o formulário dos comentários,

  1. Fixe!
    Uma tecnologia sem “aparência” ou limites físicos neste Universo é como se fosse a intervenção Divina!
    Boing; Crash; Bang!
    Fora disso,mesmo com Ets “mais velhos que a Sé” neste Universo, a tecnologia deve ter uma forma!
    O que pode não acontecer é ser tão complexa como a nossa!
    Isso depende se o Universo tem um funcionamento mais simples do que nos parece e da possível arte de manobrar o seu potencial com simplicidade. Aí está implicado o Saber, o Conhecimento do que nos rodeia!
    A representação icónica do monólito é aquilo que não entendemos como funciona! Assim é identificado por uma forma geométrica simples!
    Quando não entendemos o funcionamento, então: “É mágico! Ou é Deus!”

    Uma boa tarde de Domingo.

  2. Uma civilização avançada o suficiente para chegar a vir até a Terra, certamente teria tecnologias surpreendentes, mas talvez não dominem todas tecnologias que conhecemos.
    .
    Acho legal um episódio do Futurama (eu acho) em que os ETs teriam trocado a dominação da Terra, pelo segredo da fabricação do “Velcro” que era algo que eles não conheciam.
    .
    E olhando pra Terra, podemos dar exemplos dos Maias, que tinham um conhecimento astronônico maior doq os Europeus, mas não sabiam o restante que os europeus sabiam.
    .
    Ou os Indianos que tinham conhecimento matemático gigantesco, já a muito tempo, mas que não evoluíram nas outras tecnologias..

    • Ana Guerreiro Pereira on 14/10/2011 at 23:52
    • Responder

    Já vi o Paul (acabei de ver :D)… ESPECTACULAR ihihihihihihih! com os clichés todos de um filme de ets (excepto o dos ets maus :P) mas com uma surpresas pelo meio (não vou spoilar) 😀 altamente! eheheheheheh, há mto que não me divertia tanto a ver um filme de fc 😀 e ainda por cima com o gaijo que fez de Sean no Sean of the Dead 😀 Paul Rula!!! quando for grande quero ir a uma convenção de nerds vestida ou de princesa leia ou de et com 3 mamas! 😀 ahahaha

  3. Acho que alguns vão gostar de ver esse vídeo, o pesquisador faz especulações sobre como se poderia encontrar vida onde não se pode imaginar que ela exista.

    Uma palestra recente no TED.

    “Christoph Adami: Finding life we can’t imagine”

    http://www.ted.com/talks/christophe_adami_finding_life_we_can_t_imagine.html

    1. Cool 😉

      Vou colocar num post 🙂

  4. Concordo com a ideia geral e vou fazer uma reflexão.

    Se pudéssemos voltar para trás no tempo, apenas 5.000 anos, quando os homens estavam nos primórdios da agricultura e do trato com cabras, perceberíamos que não haveria criatividade suficiente, no mais imaginativo dos cidadãos da época, para especular os tempos de hoje. Como eles poderiam imaginar algo chamado “computador” que funcionaria com algo chamado “energia elétrica”? Que nós lançaríamos algo chamado “foguete” para um lugar que para eles seria apenas um ponto luminoso no céu? E que lá andaria algo chamado “robô”, que nos enviaria resultados de análises químicas do solo de lá? Perguntariam, “o que é análise química”?. O nível de abstração não alcançaria tamanha magnitude, que para nós hoje é conhecimento intrínseco e cotidiano.

    O nível de tecnologia que se tem hoje é consequencia de um caminho evolutivo que tem um vetor que pode ser previsível à medida que acontece o próprio caminho da ciência (a tecnologia é consequencia do conhecimento cientifico), mas mesmo com exuberante novo conhecimento em relação há 5000 anos, também não podemos imaginar algo em larga magnitude de tempo para frente.

    A partir do conhecimento dos raios laser, hoje, podemos prever espadas de luz e hologramas, imaginamos viagens nos “buracos de minhoca” (apesar de ser, por enquanto, uma convicção teórica) e os filmes de ficção mostram isso, mas a concepção tecnológica do futuro sempre é limitada pelo escopo do próprio conhecimento científico vigente. E às vezes caduca-se, adianta-se no tempo, um exemplo: com a iminente entrada comercial dos hologramas nas comunicações humanas, os filmes Star Trek passarão a ser considerados “atrasados” com tão parca qualidade nos hologramas que mostraram.

    Sendo mais pontuais, localizando-nos daqui exatos e APENAS 5000 anos para a frente, seria possível pensar como será a tecnologia? Nem vendo os filmes do Doctor Who. Será tão estranha que poderia ser chamada de “alienígena” ou divina, tanto como uma pessoa de 5000 anos atrás diria da atual. Uma pessoa com um tablet mostrando a um cara chamado Moisés um video de um filme com figura barbuda com os 12 mandamentos, numa tela de lcd, poderia ser vista como um deus. E o arquétipo humano é praticamente o mesmo nesses 5000 anos.

    Então o fato de não podermos ter capacidade de imaginarmos o que seria uma tecnologia alienígena tem a ver com o nosso próprio tempo de evolução da consciência. Vamos fazer uma especulação que não deixa de ter algum sentido? Mesmo que as formas de vida no universo sejam exponencialmente possíveis em bases quimicas diferentes da nossa, podemos também dizer que com alguma chance haveria casos de vida consciente comparados à nossa mesma base DNA, e supor que nessa situação em especifico haveria chance deles terem a mesma evolução (cientifica) tecnológica que nós.

    Nesse caso, só perceberíamos a tecnologia dos nossos “parentes” evolutivos em algum outro planeta se, por acaso, esse ser estivesse na mesma linha do tempo evolutivo ou anterior a nós. Um ser com a mesma base evolutiva que a nossa, mas um milhão de anos na frente, teria uma tecnologia fantasticamente longe de qualquer tentativa de especulação que pudéssemos fazer. Não é lógico? Tudo que estiver muito na frente em nível de consciência da nossa atualidade será impossível de imaginar, pois nem nós conseguimos imaginar o que será aqui em 500 anos, se os conspiroides não nos extinguirem antes.. kkkk…

    A questão é estatística. Só teremos chance de conhecer algo alienigena de verdade que estiver no mesmo nível, “atrás” de nós, ou um pouco adiante, dentro da nossa linha de especulação do futuro que imaginamos (filmes de ficcao), que se pode imaginar algo rarissimo, só não sendo raro se o universo fervilhar de vida. Mas pode complicar-se totalmente se imaginarmos que a vida consciente pode ter outras bases evolutivas, que geram capacidades cognitivas diferenciadas, e, por consequencia, ciencia e tecnologia muito diferenciadas da nossa.

    “Viajei” muito?? kkkkk

    1. Concordo 😉

    • 8Manik Grabowski on 14/10/2011 at 21:30
    • Responder

    “O que penso é que não será “inteligência humana”.
    Caso exista, penso que não a iremos reconhecer, muito menos compreender”

    Penso que uma inteligência “não-humana” seja uma inteligência muito mais esclarecida que a nossa, mais velha e mais experiente. Acredito que a inteligência humana esteja a serviço das incertezas da razão do universo e priorizando a aquisição e desenvolvimento de recursos, como também a serviço de um egoísmo cego calcado no conceito da seleção natural e geocêntrica. Uma consciência coletiva enraizada na crença de que a vida sô se dá aqui nesse planeta, não tem muitas opções e nosso estágio evolutivo pouco nos permite vislumbrar outros horizontes, assim como nossos recursos tecnológicos estão a serviço desse egoísmo ignorante. (salvo: telescópio Kepler, colisor de partículas suíço – Higgs, mensagem de Arecibo etc)

    Entendo que os seres que habitam o planeta Terra são aprendizes do universo e pensantes dissonantes. Estamos cursando a disciplina de coexistência e valores fundamentais, que no decorrer do curso intensivo nos faz vivenciar com toda a força que a experiência vivida provém.

    Entendo também que seja perfeitamente normal e previsto para o planeta, estabelecer uma harmonia global, uma banda de consciência coletiva onde cada partícula(vida) vibre de acordo com a satisfação de existir e colaborar, uma vez que a tecnologia já tenha alcançado recursos para a manutenção da vida por meios renováveis e limpos. Hoje esse planeta queima o carma das etapas passadas e vive a quimioterapia necessária para a saúde global, onde os portadores do egoísmo e da ganáncia são sentidos como células concerígenas e as catástrofes e tragédias são como a perda de cabelo e outras debilidades do tratamento..

    Enfim, acredito que a inteligência humana, a inteligência que habita o foco de vida, a individualidade, seja contínua, eterna, e o aprendizado é que é constituído de etapas, de períodos, de formas, e as etapas sejam constituídas por tempo, por dimensões, por compreensões, sutilezas.

    1. Eu não sei o que é uma consciência colectiva… mas pode-se pensar na net como uma consciência colectiva…

      “Penso que uma inteligência “não-humana” seja uma inteligência muito mais esclarecida que a nossa, mais velha e mais experiente.”

      Como a nossa é em relação às formigas?

      É que se assim é, quer dizer que somos mais esclarecidos que as formigas, mas mesmo assim não conseguimos explicar às formigas o que são seres humanos.
      Desta forma, também nunca conseguiremos compreender inteligências ETs 😉

  5. No StarTrek até se faz ás vezes bem isso, mas não se pode exagerar senão deixa de ter piada a história.

  6. Carlos, eu já li alguns post de sua autoria e, se não me falha a memória, você era bastante cético com relação à existência de inteligência alienígena. Qual não foi minha surpresa ao ler:

    “(…) Ou seja, a tecnologia extraterrestre pode não ser feita de matéria, pode não ter tamanho, pode não ter limites espaciais ou temporais, pode não ser separada do resto “do ar”, etc. Será certamente algo que nem sequer conseguimos imaginar.”

    Por favor, explica-me melhor. Perdoe-me a lenta capacidade de raciocínio – às vezes o trabalho nos consome.

    Abraço 🙂

    1. Eu não nego que possa existir 😉

      O que penso é que não será “inteligência humana”.
      Caso exista, penso que não a iremos reconhecer, muito menos compreender 😉

      abraço

    • Ana Guerreiro Pereira on 13/10/2011 at 23:14
    • Responder

    Oh pah, agora é uma boa altura para lerem a Mente do Universo (Heaven) 😛 fala precisamente disso e o q não lhes falta é imaginação. 😉 Toma!

  7. Por mais que eu queira que a tecnologia alienígena seja incrível acredito que ela será extremamente familiar para nós. O Paul menciona computadores como algo inimaginável, mas o conceito já existia desde a calculadora mecânica. Tornar computadores acessíveis a todos resultou em internet, que nada mais é que uma aplicação do bom e velho telefone. Então o que se faz com a tecnologia é que define se ela será revolucionária ou não.

    Duvido muito que ets sejam feitos de energia ou que tenham uma tecnologia etérica como a que Asimov descreveu em O Fim da Eternidade. O universo é mágico, mas nem tanto. Podemos é encontrar formas totalmente inesperadas porém compreensíveis de existência. Por exemplo, nanotecnologia + biologia sintética resulta em naves que respiram ou em seres que são naves?

    O problema da ficção não é bem falta de imaginação, mas apenas uma questão de tornar as coisas mais interessantes. Afinal, qual é a graça de encarar uma onda de pensamento? No final acabamos por procurar uma forma para o que não tem forma…

    Alias, tem muita série por aí especulando sobre morfologia e fisiologia alienígena, mas nada sobre tecnologia. Agora seria bem vinda 😉

    1. “O Paul menciona computadores como algo inimaginável, mas o conceito já existia desde a calculadora mecânica. ”

      Pois, mas isso é uma visão de curto prazo 😉

      Em 13 mil milhões de anos, podemos pensar numa civilização com somente 1 milhão de anos mais avançada que nós. (há 1 milhão de anos atrás, não existiam Humanos)
      Mesmo sendo pouco tempo (1 milhão de anos) já teriam tecnologia incompreensível para nós… como televisões serão para macacos, e nada parecidas a coisas do dia-a-dia deles.

      abraços

    2. Esse exemplo das calculadoras é também algo que critico na ficção científica 😉

      Os ETs estão sempre dentro de uma bolha de 2000 anos em relação a nós… é um geocentrismo temporal 😉

      abraços

  8. como tive oportunidade de partilhar convosco na altura, li este livro há coisa de um ano e achei-o fantástico porque nos dá de facto uma visao original do conceito de vida extra-terreste, mesmo que nao lhe seja original.

    espero que o eerie silence possa ser traduzido para português, embora seja fácil de ler em inglês.

    1. o Paul Davies é bom 🙂

      a não ser quando cai, ele próprio, nos antropocentrismos 😛 (ex: religião 😉 )

    • Renato Romão on 13/10/2011 at 22:29
    • Responder

    Será que podem ser também onipresentes?

    Extra assunto, já viram o filme “Paul”, sobre um extraterrestre?
    Recomendo vivamente.

    Abraço

      • Ana Guerreiro Pereira on 13/10/2011 at 22:44
      • Responder

      Tenho-o ali ao lado para ver 😛 o Carlos já fez um post sobre o Paul (não estou a encontrá-lo…)

    1. Paul 😉
      http://www.astropt.org/2011/01/10/paul/

      Quanto a serem omnipresentes, penso que isso terá mais a ver com dimensões… penso eu 😉
      http://www.astropt.org/2011/10/05/a-4%c2%aa-dimensao/
      http://www.astropt.org/2011/10/03/flatland/

      abraços

        • Renato Romão on 13/10/2011 at 23:28

        “Quanto a serem omnipresentes, penso que isso terá mais a ver com dimensões”.
        Ouvir falar o Michio Kaku sobre este assunto é algo de indescritivel. A forma apaixonante como ele explica, faz qualquer um “passar da dimensão dos filmes e livros” e perdermo-nos na dimensão do pensamento, (metafóricamente falando).

        Hasta

    • Ana Guerreiro Pereira on 13/10/2011 at 21:56
    • Responder

    aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaah, sacriléeeeeeegioooooooooooo!!!!!!!!!!!!! 😀 não te esqueças que tem de se ver a altura em que as coisas foram escritas. O que hoje é falta de imaginação, podia ser mais vanguarda na altura. Em que ano foi escrito o 2001? 1968 😀 idade da pedra, portanto e com o clima da guerra fria e da corrida ao espaço em cima.

    “Ou seja, a tecnologia extraterrestre pode não ser feita de matéria, pode não ter tamanho, pode não ter limites espaciais ou temporais, pode não ser separada do resto “do ar”, etc.”

    Mas tb pode ser feita de 😛 😀

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado.

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.

Verified by MonsterInsights