Marte: Um Mundo em Constante Transformação

 

Crédito: NASA/JPL/University of Arizona

Marte é um mundo em constante transformação: uma imagem de 2010 da sonda Mars Reconnaissance Orbiter mostrou-nos marcas deixadas por um pedregulho que rolara ao longo de uma cratera ; 1 ano marciano depois, uma nova imagem do mesmo local mostra que estas marcas desapareceram.

Ao ver estas imagens, lembrei-me da resposta que oferecemos sempre que nos perguntam, no Observatório Astronómico de Santana, se gostaríamos de viajar até à Lua. Esclarecemos que, para além dos desconfortos da viagem em si, ao chegar à Lua seriamos confrontados com um ambiente inóspito e estranho, retirando qualquer prazer turístico a tal passeio.

Na inexistência de uma atmosfera, tememos que a Lua será um local calmo, demasiado calmo: não chove, não há vento, não há brisa, não há movimento, não há mudança. A beleza de ser um lugar incomparável e “exótico” seria-nos rapidamente roubada pela imobilidade e “intemporalidade” próprias do nosso satélite. Trata-se, obviamente, de uma interpretação pessoal mas parece-nos que a lua será sempre mais bela e fascinante vista de longe.

O mesmo não se poderá prever em Marte. A sua atmosfera é rarefeita mas esta, inevitavelmente, entrega a este planeta “vida” e “movimento”: algo a que nós, habitantes da Terra, estamos condenados e dependentes. Assim, Marte, ao contrário da Lua, é um mundo em constante mudança. Esta imagem aqui apresentada mostra isso mesmo.

Em 2010, a sonda Mars Reconnaissance Orbiter (MRO) capturou marcas deixadas no solo avermelhado por um  pedregulho que rolou naturalmente ao longo de uma cratera, condenado pela inclinação desta. Estas marcas ficaram tão vincadas na superfície que a câmara HiRISE da MRO conseguiu uma imagem que as descrevia perfeitamente. Um ano marciano depois, a sonda voltou a olhar para o mesmo local apenas para descobrir que as marcas haviam desaparecido. Mais um testemunho que comprova que Marte é um mundo em constante transformação.

Se o vento marciano, carregando constantemente pequenas partículas de pó, pode explicar o desaparecimento destas marcas, como poderemos explicar que uma enorme pedra seja movida no planeta vermelho?

Ross A. Beyer, cientista deste projecto, afirma que “existem duas possibilidades”. “Uma, poderá ser explicado por um tremor, ou natural do solo ou do impacto de algum meteorito, que conseguiu libertar esta enorme pedra. Ou então, avalanches, como as já vistas pela MRO, resultantes do descongelamento primaveril do dióxido de carbono que se solidificou durante o inverno marciano.” Este último fenómeno poderá provocar o deslizamento de rochas e escombros com força suficiente para arrastar consigo pedregulhos como aquele que deixou as marcas, agora desaparecidas.

Marcas também as tem a Lua. Fica a imagem da pegada de Neil Armstrong, que foi a primeira feita na Lua. O solo lunar, milenarmente solitário, abraçou-a tão bem que não a irá perder durante um milhão de anos. Sem vento, sem chuva, pouco há que a apague.

Mais informação sobre as duas imagens aqui.

 

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