Divergente

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No futuro, a sociedade está dividida em 5 fações/grupos:
– Abnegação: altruísmo, generosidade, ajudar os outros, governo.
– Amizade: harmonia, paz, perdão, amável, cordiais, felizes, agricultores, trabalhadores.
– Audácia: coragem, ousadia, destemidos, loucos, valentes, intrépidos, guerreiros, polícias, soldados.
– Franqueza: verdade, justiça, objetividade, imparcialidade, honestidade.
– Erudição: conhecimento, lógica, inteligência, cientistas.

Cada fação tem um determinado papel na sociedade. Todas as pessoas têm uma função na sociedade.
Não pertencer a nenhuma fação é: ser invisível na sociedade, viver abandonado em extrema pobreza, não ter quaisquer direitos sociais.

É uma sociedade bastante estruturada, como a nossa. É uma crítica social.

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Beatrice vive em Chicago e faz 16 anos.
Nessa altura, tem que fazer um Teste de Aptidão para se saber a que fação irá pertencer. A sua fação/grupo será representativa da sua personalidade, das suas características/virtudes.
Beatrice passa a pertencer à classe da Audácia (surpreendentemente não pertence à Abnegação, como toda a sua família) e passa a ser chamada de Tris.
Nesse grupo conhece Four, um rapaz de quem ela passa a gostar.

No entanto, na verdade, ela é divergente: não se encaixa em qualquer fação, mas tem um pouco de várias, no caso dela é Abnegação, Audácia e Erudição.
Além disso, ela quer mais da vida do que aquilo que se lhe é apresentado. Ela não segue as regras sociais que lhe impõem.

Beatrice entra numa viagem de auto-descoberta, para superar os seus medos e descobrir quem é de verdade.
Essa viagem, a sua vida, também lhe permite descobrir segredos na sua sociedade aparentemente perfeita. Assim, ela é uma ameaça para essa sociedade e para o status quo – o que é uma característica dos Divergentes (os Divergentes pensam de forma independente e por isso o Governo não os consegue controlar, o que os torna uma ameaça para a ordem social – todas as fações são controladas socialmente e mentalmente).

Enquanto isso, a fação Erudição planeia um ataque a Abnegação, de modo a ficar encarregue do Governo (que se encontra na fação Abnegação). Mas o plano falha.

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É um bom filme de entretenimento, com uma excelente premissa: de pensar diferente, por si próprio, sem ser dominado pelo controlo social.
Aliás, estas são as grandes mensagens do filme: o controlo social, o pensamento diferenciado, e a (não) conformidade.

Na prática, o filme diz-nos que somos mais complexos do que um simples rótulo.

O filme tem algumas semelhanças (estrutura social e combates) com os filmes The Hunger Games e Ender’s Game. Percebe-se que tem o mesmo público-alvo.

Gostei do plano falhar: o Governo não é para os inteligentes, mas sim para os altruístas que ajudam os outros. É uma ideia utópica, claro.

Não entendi para que é preciso tanto treino mental para os controlar. Afinal, têm o soro que faz isso facilmente. Parece-me que existe este paradoxo no filme.

2 comentários

    • João Pedro Lobato on 15/07/2014 at 06:30
    • Responder

    Utópica? Do ponto de vista da evolução humana, talvez não seja bem assim 🙂

    Tal como explica o biólogo e naturalista Edward O. Wilson, em “A Conquista da Terra: A Nova História da Evolução Humana”:

    “Que força dinâmica nos elevou a este elevado estado? Esta é uma questão de enorme importância para o nosso autoconhecimento. A resposta aparente é a selecção natural multinível. Ao nível mais elevado dos dois níveis relevantes da organização biológica, os grupos competem com grupos, privilegiando os traços sociais cooperantes entre membros do mesmo grupo. Ao nível mais inferior, membros do mesmo grupo competem entre si de uma forma que conduz a um comportamento egoísta. A oposição entre os dois níveis de selecção natural tem resultado num genótipo quimérico em cada pessoa, que transforma cada um de nós em parcialmente santo e parcialmente pecador.

    A interpretação das forças de selecção humanas que apresentei em A Conquista da Terra, com base em pesquisa recente, opõe-se à teoria da aptidão inclusiva e substituía-a por modelos padronizados de genética populacional, aplicados aos múltiplos níveis da selecção natural. A aptidão inclusiva baseia-se na selecção de parentesco , na qual os indivíduos tendem ou não a cooperar entre si, conforme a sua proximidade genealógica. Este modo de selecção, quando definido de forma suficientemente abrangente, foi pensado para explicar todas as formas de comportamento social, incluindo a organização social avançada. A explicação contrária, incluindo uma crítica matemática à teoria da aptidão inclusiva, foi inteiramente desenvolvida de 2004 a 2010. […]

    [C]aso a teoria da aptidão inclusiva continue a ser amplamente usada, isso deverá ter pouco efeito na percepção do da selecção de grupo como a força condutora de onde temos estado e para onde vamos. Os próprios teóricos da aptidão inclusiva argumentaram já que a selecção de parentesco pode traduzir-se como selecção de grupo, mesmo que agora aquela convicção tenha sido desaprovada matematicamente.

    Mais importante, selecção de grupo é claramente o processo responsável pelo comportamento social avançado. Possui também os dois elementos necessários para a evolução. Primeiro, descobriu-se que as características do nível de grupo, incluindo cooperação, empatia e padrões de constituição de redes sociais, são hereditárias nos humanos – ou seja, variam geneticamente em algum grau de uma pessoa para outra. Segundo, a cooperação e a unidade manifestamente afectam a sobrevivência dos grupos em competição.”

    pps 297-298

    Abraço,

    J.

      • Samuel Junior on 16/07/2014 at 18:25
      • Responder

      Interessante este conhecimento que o João Pedro compartilha aqui. Na verdade eu me pergunto se o fato da população em geral ser desinteressada com assuntos importantes na política por exemplo e ser tão interessada em pão e circo, se isto, além do componente ambiental (que induzido propositadamente ou não) não teria o componente genético aprimorado por gerações? Por gerações, por questão de sobrevivência, foi muito importante as pessoas não se importarem com assuntos como política por receio de sofrerem algum tipo de retaliação dos governantes. Me pergunto se o fato da grande maioria das pessoas agirem como ovelhas, prontas para obedecer e até lutar cegamente por algo ou alguma coisa se não tem um fator genético aprimorado durante gerações por necessidade de controle social.

      No meu ver quando olhamos para cães e outros animais domesticados é totalmente compreensível e explicável também pela via genética este comportamento do ser humano.

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