7 minutos depois da meia-noite

A Monster calls (7 minutos depois da meia-noite) é um filme que promove várias reflexões.

O filme tem um elenco de luxo: Sigourney Weaver é a avó, Felicity Jones é a mãe e Liam Neeson é a voz do monstro.

Conor O’Malley, de 13 anos, tem uma infância triste: é maltratado pelos colegas na escola, a mãe está doente com cancro e a relação com a avó é fria.
Ele tem de fazer tudo em casa: lavar roupa na máquina, fazer o pequeno-almoço, vestir-se sozinho, etc.
Por isso, para escapar desses problemas do dia-a-dia, refugia-se num mundo de fantasia.

7 minutos depois da meia-noite, ele começa a ver um monstro que o chama.
O monstro vem de uma casa antiga vizinha abandonada.
O monstro é uma enorme árvore que ganha vida.

O monstro conta-lhe 3 histórias. Depois disso, Conor tem que contar ao monstro qual é o seu pesadelo.

A primeira história, com reis, rainhas, príncipes, bruxas e filhas de agricultores, mostra que por vezes as pessoas que achamos serem más são boas e as que achamos serem boas são más. As pessoas não são o que parecem.
Por vezes, as bruxas merecem ser salvas.
Além disso, não há uma divisão clara entre pessoas boas e pessoas más. A maioria das pessoas está algures pelo meio.
A última lição desta história é que as pessoas morrem sem razão.

A segunda história é sobre um homem que só pensava em si próprio, e por isso é severamente castigado.
O boticário era ganancioso e mal-educado. O padre destruiu o negócio do boticário. Quando foi pedir ajuda ao boticário para curar as suas filhas, o padre perdeu as suas convicções. Por isso, o padre perdeu as filhas (morreram) e a sua casa.

A história acaba, e o miúdo percebe que partiu quase tudo em casa da avó.

A terceira história é sobre um homem invisível que estava farto de não ser visto (ele não era mesmo invisível, mas socialmente era ignorado por todos).
Um dia, ele não conseguiu aguentar mais, e partiu para a violência. Em resultado disso, ficou ainda mais solitário.

A quarta história é o pesadelo de Conor: ver a mãe morrer e ele não conseguir salvá-la.
Ele sente-se responsável pela morte da mãe, e quer morrer também.
Na verdade, ele quer que todo aquele sofrimento de ambos termine: Conor quer que a mãe morra, para ele não estar sempre a sofrer, com a indefinição. Ele quer que a dor termine, a sua própria dor. E sente-se mal com isso.

Ele passa a dar-se bem com a avó, porque percebem que têm a mãe em comum.

No final (após a mãe morrer), percebe-se que a mãe, em criança, também sonhava: também imaginava o mesmo monstro (a árvore gigantesca humanizada). E a mãe também era amiga do monstro.

O filme promove a imaginação das crianças, até pelos sonhos.

O monstro não é um verdadeiro monstro.
O monstro funciona como um excelente psicólogo para o miúdo.
O imaginário monstro é o único amigo do miúdo – o único que o compreende, que o reconforta, que o desafia e que o faz olhar de frente para os problemas.

As histórias são lições sociais e psicológicas para o miúdo.

A primeira história ensina que a avó é boa pessoa.
Também ensina que morrer, por vezes acontece, sem existir uma razão, um inimigo.
E, por fim, transmite a ideia que o pai (que vive em Los Angeles) não é uma pessoa má. Do ponto de vista de Conor, o pai abandonou-o.

A segunda história parece dar a ideia de que as pessoas podem ter comportamentos errados, mas quando tentam ter o comportamento certo (por motivos egoístas) pode ser tarde demais.
O pai de Conor parece tentar fazer o correto, mas sempre tarde demais…

A terceira história é sobre Conor. Conor sentia-se invisível e estava farto de ser ignorado: bateu no bully.

A quarta história é um problema comum nas crianças: elas sentem que a culpa é delas, quando algo corre mal com os pais.
Por outro lado, as crianças precisam de estabilidade.

Gostei da citação sobre os Humanos serem criaturas complicadas.

Os Humanos acreditam em mentiras reconfortantes. Mas sabem bem a verdade dolorosa que torna as mentiras necessárias.

A solução é dizer a verdade.

Uma das mensagens deste filme é que as coisas podem ser difíceis, mas temos que saber ultrapassar os problemas, com a comunicação e com a verdade.

Também devemos responsabilizar as crianças pelo que fazem.
Os professores, o pai e a avó, não o castigam quando ele faz coisas erradas. Eles dizem que isso não serviria para nada. Eles têm pena dele, do que ele sofre com a mãe.
Conor sente que não existem consequências para as suas acções. Sente-se abandonado.

Conor anda sempre cansado.
Ninguém o compreende na escola, porque não sabem quão mal está a sua vida caseira, familiar.

Ao verem o filme King Kong, Conor pergunta porque as pessoas estão a tentar matar King Kong.
A mãe responde que as pessoas não gostam daquilo que não percebem, ficam com medo.
Conor diz que o King Kong devia esmagar as pessoas.

O monstro parece que provoca uma grande atracção gravitacional.
Sempre que ele está prestes a aparecer, os objectos da casa são atraídos para ele.

Não gostei da citação: “acreditar é metade da cura”. Esta é uma treta pseudo.
É verdade que se deve ter pensamento positivo, mas não é isso que leva à cura.

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