2:22

O controlador aéreo de Nova Iorque, Dylan Branson, está habituado a detectar padrões.
Dylan gosta de encontrar ordem no caos. Ele detecta padrões. E consegue fazer a matemática muito rapidamente, calculando algoritmos.

Ele começa a perceber que todos os dias uma sequência de eventos leva-o até à Grand Central Station. O padrão acaba precisamente às 2:22 da tarde.
Ele vê as mesmas pessoas, ouve os mesmos sons, e percebe que acontecem sempre as mesmas coisas.

Ele sonha que dois homens disparam uma arma na Grand Central Station às 2:22 da tarde. Eles disparam um contra o outro, e matam-se mutuamente.

Dylan vai fazer 30 anos.
As notícias na televisão dizem que é possível ver no céu uma explosão de supernova, que se encontra a 30 anos-luz de distância da Terra.
O brilho mais intenso da supernova será no dia de anos dele.

Nos dias seguintes, faz a mesma rotina de ir para o trabalho.

No trabalho, às 2:22, Dylan fica sem reacção e quase leva ao embate de 2 aviões, quase matando 900 pessoas.
O chefe suspende Dylan.

Num espectáculo de Aerial Ballet, Dylan conhece Sarah, uma jovem mulher que teria morrido se tivesse acontecido a colisão entre aviões.
Mas ela vê a falha dele como algo positivo: ela interpreta que ele a salvou – já que ele, após “acordar”, consegue evitar o desastre.

Às 2:22 acontece sempre alguma coisa onde ele está, como vidros partirem na Grand Central Station.
Noutro dia, às 2:22, na Grand Central Station, as luzes entram em curto-circuito.
Ainda noutro dia, cai um candelabro na mesma Grand Central Station.

Dylan e Sarah envolvem-se romanticamente.
Eles ficam a saber que ambos nasceram a 18 de Abril de 1986.
Vão ambos fazer anos na semana a seguir.

Dylan percebe que, pelo terceiro dia consecutivo, de manhã, há um acidente na rua do seu apartamento.

Dylan vai num táxi e tem um acidente à porta da Grand Central Station.
Ele entra na estação.
Ele vê as mesmas pessoas que das outras vezes… ou similares: por exemplo, sempre uma grávida diferente.
E existe um curto-circuito às 2:22 da tarde.

No dia seguinte, 14 de Abril, Dylan começa a registar tudo o que vê e acontece, desde que acorda às 9:10 da manhã.
Ele quer detectar o padrão diário.

Em casa, Dylan encontra cartas e o passaporte de Jake Redmond, que nasceu a 18 de Abril de 1956 (30 anos antes de Dylan nascer).
Ele fica a saber que há 30 anos (no dia em que Dylan e Sarah nasceram), na Grand Central Station, por ciúmes, o criminoso Jake Redmond matou a ex-namorada (Evelyn) e o namorado da altura.
Jake Redmond e a ex-namorada também tinham nascido no mesmo dia.

Afinal, o sonho de Dylan não era sonho: era o que se tinha passado 30 anos antes.

Dylan acha que ele é Jake e Sarah é Evelyn.
Está tudo a acontecer novamente. É cíclico.
Ele acha que vão ambos morrer no dia de anos.

Para não matar Sarah, Dylan pensa em suicidar-se.

Chega, finalmente, o dia de anos de ambos.
A supernova Hamil está brilhante nos céus.
O campo magnético da Terra está a ser afectado.

Sarah está grávida!

E tudo se torna a passar novamente.
Mas desta vez, sobrevivem.

2:22 (Hora Fatídica / Encontro Marcado) é um filme que proporciona algum entretenimento.

O filme tem uma primeira parte muito boa, em que se dá valor ao mistério, ao suspense, à tentativa de detecção de padrões.
Infelizmente, a segunda parte é muito má, com os eventos passados a repetirem-se e com as respostas para os mistérios.

A premissa deste filme é excelente: muito criativa.
Infelizmente, a sua execução é uma desilusão.

Existiu demasiado foco nos 30 anos: não era necessário Jake Redmond ter nascido 30 anos antes do assassinato.

Dylan devia ser alguém racional, a tentar encontrar padrões.
No entanto, ele é mostrado como sendo paranóico. Pior do que isso, é um paranoico que acaba por ter razão.
Credível é o facto dele ser um pouco estranho em situações sociais e românticas.

Dylan afirma que o pai lhe disse que desde sempre as pessoas olhavam para os padrões nas estrelas para preverem o que iria acontecer nas suas vidas.
Isto é verdade. Mas essas pessoas estavam erradas.
Essa é a definição de astrologia, que é uma pseudociência, uma vigarice.

No filme, para descrever a supernova, são mencionados “astrological experts”.
Este é um enorme erro! As supernovas são estudadas pelos astrofísicos, que são especialistas astronómicos (e não astrológicos).

Dylan percebe que estava a sonhar com o passado e a “ver” os eventos no futuro (o que se ia passar com ele). Esta é mais uma pseudociência, mais uma vigarice: a vidência.

O filme dá a entender que os eventos são cíclicos, e que tudo se passa de forma similar 30 anos depois. O rapaz e rapariga nascem na mesma data, 30 anos após os originais, e vão terminar da mesma forma.
Mas 30 anos depois, apesar de ser o mesmo dia e o mesmo mês, a Terra está muito longe do local onde estava 30 anos antes. O sistema solar não é estático. O Sol (com os planetas) orbitam a galáxia. E a própria galáxia também se movimenta.
Ou seja, o filme dá a entender que tudo está no mesmo local, tudo se passa de forma similar, mas a Terra está muito longe do sítio original.

A supernova Hamil está brilhante nos céus.
No filme é dito que o campo magnético da Terra está a ser afectado. Mas como? Não é explicado.

Supostamente, a supernova faz com que os eventos se repitam como há 30 anos atrás. Não é explicado como estas “forças cósmicas” funcionam. Na prática, não funciona. É tudo treta.

Sarah acha que Dylan tem uma interpretação de paranóia, já que numa cidade com 8 milhões de pessoas, é normal que existam pessoas semelhantes a fazer coisas iguais. É tudo uma questão de probabilidades e pensamento racional, científico. Isto é excelente!!! Infelizmente, esta versão racional perdeu no filme.
Por outro lado, os números dela estão errados. Não só porque a cidade de Nova Iorque tem mais do que 8 milhões de pessoas, mas também porque ela devia contar as pessoas que tinham existido em NY nos últimos 30 anos!

O final do filme é uma enorme treta pseudocientífica.
Mas o pior de tudo é que não é consistente. Durante todo o filme, é passada a mensagem que os eventos são cíclicos, e depois no final, ele consegue mudar o evento sem qualquer esforço.

Gostei da ideia de tudo se passar novamente: dos eventos serem cíclicos.

Adorei as explicações do pai de Dylan sobre a supernova: a luz de cada estrela demora muitos anos a chegar à Terra. E as estrelas são sempre mais brilhantes antes de morrerem: o que é uma característica da explosão em Supernova.

Nas notícias televisivas (dentro do filme) também explicam uma outra característica da astronomia: quando olhamos para o espaço não estamos só a olhar para mais longe, mas também estamos a olhar para o passado.
Excelente!

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