A Revolução Genética

“A exploração do emocionante mundo da engenharia genética!

Um grupo de cientistas de todo o mundo usa novas e poderosas tecnologias de seleção de genes de forma nunca antes imaginada.

A tecnologia está a possibilitar alterar de maneira rápida e barata o ADN de todos os seres vivos, incluindo os humanos.
Os genes podem ser alterados, editados, quase tão facilmente quanto as palavras no ecrã do computador.

Esta nova capacidade de alterar o nosso ADN mantém a promessa de curar doenças, salvar espécies ameaçadas, reduzir a fome no mundo e talvez até alcançar a perfeição humana.
Mas será que a promessa vai ser cumprida?”

Crédito: Sábado

The Genetic Revolution é um documentário da CBC, que também passou na RTP.

É um excelente documentário, que recomendo fortemente.

O futuro… está aqui.
Apesar dos potenciais problemas, hoje a engenharia genética já é utilizada, e no futuro provavelmente fará parte integrante da nossa vida, ainda antes de nascermos.

No documentário, existe quem defende que “certas caixas devem se manter fechadas”.
Mas isso não é possível, porque o progresso, o desenvolvimento, a procura do conhecimento será sempre uma constante.
Além disso, a caixa já está aberta, porque já utilizamos a engenharia genética actualmente.

Este documentário mostra os avanços nesta área da engenharia genética, mas também levanta questões éticas e sociais sobre a sua aplicação.

Por exemplo, a engenharia genética pode salvar milhões de vidas.
Mas como poderemos controlar os defeitos humanos, da ganância, do egoísmo, ou da beleza?

A verdade é que podemos estar a transformar o planeta (a vida) para melhor (acabando com as doenças) ou para pior (interferindo na natureza).

Assim, o documentário contém um equilíbrio na discussão, mostra os dois lados: a investigação e as questões éticas.

Crédito: National Geographic

CRISPR é como um corretor ortográfico para o ADN.
É como se existisse um bilião de letras em vários livros, e o CRISPR detectasse a palavra mal escrita e corrigisse o erro.
O sistema CRISPR tem um potencial enorme, sobretudo na cura de doenças.

A técnica do Gene Condutor, baseada no CRISPR, pode até modificar o rumo da evolução.
Pode acabar com todos os problemas de saúde, com todas as doenças, transmitidas por animais.

A manipulação genética permite um sem-número de opções.
Podemos ter bebés saudáveis, sem serem propensos em adultos para alcoolismo, cancros, calvície, engordar, serem baixos, etc.
Podemos escolher o sexo, a cor do cabelo, a cor dos olhos, etc, dos bebés. Até podemos querer um bebé que venha a ser um bom jogador de basquetebol!
Assim, vamos poder desenhar bebés (baby design), criar bebés a gosto.
No futuro, pais ricos vão poder comprar atualizações genéticas caras para os seus filhos.

Tudo isto é somente manipulação do ADN.

Nas cirurgias plásticas já fazemos um pouco isto. Já manipulamos o físico da forma que queremos.
Também já estamos a modificar a nossa evolução natural com as vacinas, ao curar doenças, etc.
A nossa evolução natural seria morrer jovens e feios, como aconteceu durante centenas de milhares de anos.

Mesmo as ecografias pré-natais já nos ajudam a prevenir que a próxima geração possa herdar genes anómalos.

Estamos também a modificar os animais para o nosso prazer, por motivos egoístas – para nós.
Seleccionamos cães de focinho curto, plantas que nos dão mais comida, etc.
Todo o mundo natural pode ser manipulado.
Por exemplo, podemos ajustar mosquitos para não transmitirem doenças.

Mas não fizemos sempre isto?
Os lobos passaram a ser cães, por exemplo. Se bem que nesse caso também foi vantajoso para os lobos.
Basicamente, como diz a Bíblia, estamos acima dos animais. We rule the world.

É verdade que existem algumas preocupações, mas também existiram preocupações com os primeiros bebés in vitro.
Há 40 anos discutia-se se os seres criados em laboratório seriam humanos.
Hoje, a fertilização in vitro é um processo rotineiro e completamente aceite.

Há quem diga que estamos a tentar ser deuses, mas na verdade, só estamos a ajudar Deus, ao curar doenças e a não deixar crianças e adultos sofrerem.

Faz tudo parte da nossa evolução cultural e tecnológica.

O outro lado da discussão diz:

Sabemos que existe um enorme risco nesta técnica. Até porque não sabemos o que não sabemos.
Sendo assim, não é um método com resultados seguros.

Ao desenhar bebés e ao “fazê-los” da forma como queremos, de forma a que a sociedade os aceite, isso vai fazer com que se eliminem os extremos.
Ao eliminar os extremos, então todas as pessoas vão-se comportar todas da mesma maneira, da maneira desejada.
Estaremos a evitar que existam pessoas bastante criativas e produtivas – como aquelas que celebramos da História da Humanidade.

Além disso, na natureza vemos que está tudo interligado.
Mesmo seres aparentemente insignificantes podem estar a desempenhar um papel muito importante no ecossistema (em que nós também estamos inseridos).
Não entendemos completamente a natureza complexa do ecossistema em que estamos inseridos… mas queremos modificá-lo, ao alterar o ADN de algumas espécies.
Assim, isto tem tudo para dar problemas…

Por outro lado, como o documentário mostra, já existem “kits” acessíveis, à venda, para pessoas sem formação científica.
Estas terapias genéticas caseiras podem ser mezinhas com grande impacto: podem até levar à morte das pessoas.
Sem querer, ou de forma terrorista, estas pessoas podem criar geneticamente uma doença para a qual não existe cura.
A biotecnologia pode ser uma enorme arma!

A técnica CRISPR pode levar à criação de super-atletas… e de super-soldados (para fins militares).

Até pode levar a um género de Planeta dos Macacos: com macacos falantes e super-inteligentes (e também de porcos falantes e super-inteligentes, tendo em conta as experiências atuais com porcos).
Será que é ético fazermos isto aos animais?

Além disso, quem dita o que deve ser o design ideal dos bebés?
Quem determina qual é a melhor característica?
Quem é o “juiz”? Quem é o deus?

Estaremos a atravessar um limite?
Estaremos a brincar aos deuses?

Este é um debate ético que devemos ter!

Porque basicamente, estamos a caminhar para uma sociedade que foi retratada no filme Gattaca!

A verdade é que tememos sempre o desconhecido.

A invenção do fogo também foi um avanço revolucionário na altura.
O fogo dá para cozinhar alimentos (prevenindo doenças) e para afugentar animais (prevenindo mortes).
Mas também é uma invenção perigosa, já que podemos incendiar-nos a nós próprios e aos outros. O fogo pode ser utilizado como arma.

Dependemos da electricidade todos os dias. Sem ela, não existiria mundo moderno.
Mas a electricidade também mata, e pode ser utilizada como uma arma.

É sempre uma faca de dois gumes.
Todas as ferramentas humanas podem ser utilizadas para algo bom e para algo mau… e para algo que não prevemos/antecipamos que as pessoas venham a fazer com elas.

Tal como é dito no final do documentário:
Mais do que poder tecnológico, precisamos de sabedoria para utilizar essas tecnologias.

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