Frankenstein, de Mary Shelley

Mary Shelley começa por dizer:
“Propus-me imaginar uma história que abordasse os misteriosos medos da nossa natureza e despertasse emoção e horror.”

E a introdução do filme, escreve:
“Estamos no início do século 19, num mundo à beira de mudanças revolucionárias.
Juntamente com convulsões políticas e sociais, surgiram avanços científicos que mudaram profundamente a vida de todos.
A sede de conhecimento nunca foi tão grande.”

Genebra, 1773.
A família rica de Victor Frankenstein adota uma rapariga orfã, que passa a ser a sua irmã, Elizabeth.
Justine, a filha da criada dos Frankenstein, fica com ciúmes, porque gosta de Victor.
Com cerca de 6 anos, Victor tem uma enorme sede de conhecimento, apanhando e experimentando com seres vivos (pássaros, insectos, etc).

15 anos depois, percebe-se que ele estuda bastante e torna-se médico, como o seu pai.
A mãe, Caroline Frankenstein, fica grávida, e morre durante o parto. O bebé sobrevive e chama-se William.

A morte prematura da mãe durante o parto, leva a que Victor Frankenstein fique obcecado com a ideia de travar/vencer/superar a morte.

3 anos após a morte da mãe, ele percebe que a energia nunca desaparece, simplesmente muda de forma.
Ele começa a estudar a energia dos relâmpagos e a energia estática.
Victor e Elizabeth (irmã adotiva) são namorados. Posteriormente, casam.

Victor vai para a Universidade de Ingolstadt estudar Medicina, em 1793.
Em casa, ele constrói um laboratório para fazer experiências.
Henry Clerval é outro aluno de medicina, que se torna seu amigo.

Victor conhece o professor Waldman, que quando era novo fazia experiências ilegais e foi preso: ele tentava reanimar tecidos mortos.
Este professor diz a Victor que o corpo humano é um motor movido por correntes de energia. A eletricidade é a chave para o funcionamento do corpo humano.

Victor passa a acreditar que a ciência poderá em breve criar um ser humano imune ao envelhecimento e à doença (será sempre jovem e saudável). O ser será mais forte e melhor que os humanos “normais”. E será mais inteligente e mais civilizado que o resto dos humanos.

O professor Waldman é voluntário para administrar vacinas numa pequena povoação, que tem poucos meios económicos.
Como as pessoas estão desconfiadas e têm pouca cultura geral, tornam-se relutantes em ser vacinadas.
Um dos homens grita que os médicos são assassinos e querem matá-lo com a vacina, por isso esfaqueia o professor/médico Waldman. Waldman morre.

Victor Frankenstein fica com os apontamentos do professor Waldman, e percebe que a energia elétrica é essencial nos seus experimentos.

O professor Waldman já tinha reanimado um ser humano. Mas o homem era deformado e o seu aspecto era grotesco. Ele considerou-o uma aberração/abominação. E deu o resultado da experiência como um falhanço.

Victor junta diversas partes dos corpos de diferentes cadáveres.
E com a ajuda de enguias elétricas e muita eletricidade, consegue fazer com que o seu monstro passe a estar vivo.

O monstro é perseguido e maltratado pelas pessoas.
Mas consegue fugir.

O monstro ajuda uma família de camponeses a sobreviver, sem eles saberem que é ele que os ajuda.
Mas quando eles o veem, batem-lhe. Ele foge.

O monstro vai até Genebra para encontrar o seu criador.
William morre, supostamente morto por Justine. A população mata Justine.
Mas foi o monstro que matou William.
O monstro também mata o pai de Victor.

O monstro captura Victor Frankenstein.
O monstro diz a Frankenstein que se sente muito sozinho.
Ele precisa de uma companheira. De alguém como ele (feita de partes de mortos), para que não o odeie.
Mas Victor não lhe dá isso. Em vez disso, passa a perseguir o monstro para o matar.

O monstro mata Elizabeth, a esposa de Victor.
Victor constrói um novo laboratório. Ele junta partes das defuntas Elizabeth e Justine, e dá vida a esse novo ser feminino.

A “monstra” (monstro do género feminino) incendeia a casa dos Frankenstein e suicida-se.
Victor perde tudo e todos.

Victor persegue o monstro para o matar.
Mas entretanto, Victor morre de pneumonia.
O monstro vê isso, e suicida-se.

Este filme de 1994, com uma versão da história de Frankenstein, é mau.

O monstro nem sequer é assim tão feio, tão assustador.

Detesto os constantes ataques ao conhecimento e ao desenvolvimento científico.
É verdade que eles fazem parte da história original, mas continuo a não gostar dessas mensagens.

Originalmente, Victor Frankenstein tem o sonho de utilizar o desenvolvimento científico para o bem (para criar humanos saudáveis, jovens e eternos), mas as coisas correm mal.

Há uma constante exploração do medo em face das novas descobertas científicas.

São até lidas supostas palavras de Deus, na Bíblia, onde é dito que “muita sabedoria acarreta muito desgosto. E quem acumula conhecimento, acumula sofrimento”.

É uma história de precaução, de modo a colocar as pessoas de sobreaviso: Victor perdeu tudo, na sua ânsia pelo conhecimento, na sua procura por algo mais, pelo avanço científico, pelo avanço da Humanidade.
A história avisa assim que as pessoas devem ser felizes com o que têm, e não ansiar por algo mais. Esta parece-me ser uma péssima mensagem.

Existem algumas discussões filosóficas interessantes neste filme.

Por exemplo, quem é o verdadeiro monstro?
Por diversas vezes, Victor sente-se o monstro.

Será ético fazer este tipo de experiências, obrigando os “ex-mortos” a viverem como monstros e com uma identidade confusa?

Também foi interessante quando o monstro perguntou se tem alma.

E, na mesma linha, Henry diz a Victor que ao fazer isto, Victor poderá perder a sua alma.

Não entendi algumas coisas.

Por exemplo, o monstro pensa que por ser feito de partes de outros, ficou com recordações e com características/talentos de outros.
Isto é uma ideia absolutamente pseudo.

Quando o monstro matou Elizabeth, retirou-lhe o coração. Assim, Victor só precisava de um coração de outra mulher e poderia tentar reavivá-la. Em vez disso, cortou-a e juntou-a a outra mulher (Justine).
Não faz sentido. Seria muito mais fácil simplesmente colocar-lhe um coração.

Adoro a frase: It’s alive!

Victor faz experiências com sapos e depois com o monstro, em que parece que usa uma forma de desfibrilação (que se usa no hospital para fazer bater o coração novamente).
Aliás, a história de ficção científica poderá vir dos primeiros usos, ainda primitivos, desta técnica.

É interessante a análise histórica à história: a eletricidade era uma coisa nova na altura, que permitia pensar em muitas aplicações, incluindo dar vida aos mortos.
Era uma descoberta recente, que provocava medo mas também deslumbramento.

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