Matemática para estimar a pandemia

Gostei de ler este artigo do matemático Jorge Buescu, a 15 de Março de 2020.

Realço estes excertos:

“(…) A epidemiologia estuda a forma de propagação de doenças contagiosas. Tratando-se de números, a Matemática tem de intervir. Ora, tal como acontece em Meteorologia ou em Climatologia, a situação é a de estarmos de posse dos dados numéricos actuais e de pretendermos conhecer a evolução futura: no caso da Meteorologia, se vai chover ou fazer sol na próxima semana; no caso da epidemiologia, o que devemos esperar da evolução de uma doença, como é o caso deste vírus. Em resumo: de posse dos dados presentes, queremos prever o futuro.
(…)
Isso é feito através de modelos matemáticos. Em ambos os casos existem leis matemáticas que regem os fenómenos e que se traduzem em equações diferenciais. Resolver essas equações diferenciais, que em geral tem de ser feito por métodos computacionais, permite-nos conhecer a evolução futura dos fenómenos em avanço. (…)”

Note-se, no entanto, que os modelos que permitem fazer as estimativas, dependem dos valores iniciais introduzidos – ou seja, dependem das condicionantes que assumimos e que introduzimos inicialmente.

Por exemplo, neste caso, mesmo os valores mais otimistas (inferiores) baseavam-se nas medidas de mitigação parcial adoptadas pelo Governo na sexta-feira anterior, e nos resultados que essas medidas tinham tido noutros países.

Crédito: Jorge Buescu

Felizmente, as projeções não se concretizaram.

As estimativas para Portugal não se confirmaram, porque se tomaram rapidamente as medidas certas e a população ajudou (as pessoas mantiveram-se em casa), e assim os números desceram bastante (em relação ao que podia ter sido).
Exemplo: as estimativas diziam que, a 30 de Março, Portugal teria entre 16 mil e 48 mil casos, mas felizmente teve somente 6 mil casos nessa altura.

Lembro que no dia 18 de Março de 2020 foi decretado o estado de emergência em Portugal. 3 dias após a publicação do artigo, provavelmente após ler estas estimativas deste e de outros especialistas, o Governo decidiu tomar medidas drásticas de modo a baixar os números.
Assim, entrou em vigor o lockdown (confinamento) do país: fechando o comércio, bares, restaurantes, cafés, etc. Todos os eventos sociais foram cancelados. Conseguiu-se o isolamento social completo, com limitações drásticas à circulação de pessoas.
Ou seja, alteraram-se as condicionantes iniciais que foram introduzidas no modelo. E com isso, os números finais também se modificaram.

Um ponto interessante: o artigo foi publicado quando não existiam mortes em Portugal devido ao novo coronavirus.
Infelizmente, neste momento, existem 380 mortes confirmadas devido à COVID-19.

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