À Descoberta da Lua

Chasing the Moon (À Descoberta da Lua) é um excelente documentário sobre a corrida à Lua: sobre toda a evolução que culminou na missão Apollo 11.

O documentário foca muito mais a parte social, e não propriamente os avanços tecnológicos.

A melhor parte do documentário é, para mim, a inclusão de imagens reais (novamente, com muita parte social).

O documentário está muito bem feito, contando a história de forma linear, de uma forma histórica.

A única desvantagem é que se foca exclusivamente na experiência norte-americana: a partir de um ponto de vista dos EUA.
É verdade que inclui, por vezes, o ponto de vista Soviético, mas muito pouco.

O resumo da série, com 3 episódios, diz:

“Series exploring the space race between the Soviet Union and the USA including the first manned mission to the Moon.
The series uses archival footage to tell the story of political calculation, media spectacle, innovation, and even the personal struggles of all those involved.”

“Série documental sobre a corrida espacial, desde os seus primórdios até à aterragem lunar em 1969.
Em 2019, comemorou-se o 50º aniversário da aterragem da Apollo 11 na Lua.
Neste documentário, reformula-se a Era Espacial como uma fascinante mistura de inovação científica, cálculo político, intervenção dos meios de comunicação, impulsos visionários e drama pessoal, recorrendo a imagens de arquivo anteriormente negligenciadas ou julgadas perdidas.”

Antes de começar o episódio propriamente dito vê-se o culminar de todo o esforço.
Existe um fabuloso sentimento de “feira”, de concerto ao ar livre, de alegria, das pessoas para verem o lançamento da Apollo 11 em 1969.
Todos os americanos sentiram que faziam parte do programa espacial. O programa espacial era também fruto do seu esforço. Era um objetivo da nação.


1º episódio: A Place Beyond the Sky (Um Lugar para Lá do Céu).

O episódio começa em 1957, com o lançamento do Sputnik, por parte da União Soviética.
Existem muitas imagens da população norte-americana em geral, chocada com o que os Soviéticos tinham conseguido.

Os EUA tentaram apanhar os Soviéticos. Mas claramente estavam em dificuldades.
Vários lançamentos americanos falharam. Mas os desastres não eram vistos como resultados negativos, mas sim como uma oportunidade para aprenderem.

Os EUA foram buscar Wernher von Braun. E o seu contributo foi crucial.
Apesar de ser alemão, todo o programa espacial americano dependeu dele. Sem ele, os EUA nunca teriam conseguido alcançar a União Soviética.

Uma outra coisa que foi crucial, foi a publicidade, as relações públicas.
A ideia da exploração espacial começou a ser disseminada nas revistas, filmes, etc. A população norte-americana “comprou” esse sonho.

Além da Corrida Espacial, os EUA e a URSS também tinham que lidar com a Guerra Fria.

Seguidamente, o episódio falou do Projeto Mercury.
Foram apresentados os 7 astronautas originais.
Infelizmente, continuaram a existir muitos falhanços: vários lançamentos não-tripulados que terminaram em desastre.
E os astronautas estavam a candidatar-se a isso: a explodirem no lançamento.

Depois, foram mostradas imagens reais do Primeiro Homem no Espaço: Yuri Gagarin.
Existiu um desfile de vitória, com Gagarin, pelas ruas de Moscovo. Exatamente como, posteriormente, fizeram os americanos com os seus sucessos.
Gagarin também fez viagens de celebração por todo o mundo, visitando vários países (de ocidente a oriente) e sendo recebido como um herói (tal como fizeram posteriormente os americanos).

Os Soviéticos tiveram vários primeiros lugares: primeiro satélite (Sputnik), primeiro ser vivo no espaço (Laika), primeiro homem no espaço (Yuri Gagarin), primeira mulher no espaço (Valentina Tereshkova), primeira tripulação com vários elementos, primeiro homem a caminhar no espaço (Aleksei Leonov).

Os americanos assistiam aos soviéticos ficarem sempre em primeiro lugar…

Então, em Maio de 1961, John F. Kennedy faz um dos seus famosos discursos, dizendo que pretendia colocar norte-americanos na Lua.
Nesta altura, ainda não existia apoio popular. A maioria da população (60%) não queria gastar tanto dinheiro na ida à Lua.

O facto dos EUA transmitirem em direto os lançamentos e as missões, deu-lhes muita publicidade. Já dos Soviéticos, nunca víamos nada.
A abertura dos EUA conquistou a população.

Além disso, a NASA abraçou os jornalistas.
Walter Cronkite era a face dos jornalistas a cobrir as missões.
Walter Cronkite foi um excelente comunicador que adorava anunciar as maravilhas do espaço e da astronáutica.
Desta forma, o Governo conseguiu “vender” este produto, da exploração espacial.

O que conquistou o público, foi a parte social.
O público não estava interessado nos satélites, mas sim nos astronautas – nas histórias humanas, e não tecnológicas.

Seguidamente, o episódio foca a história de Ed Dwight.
Ele ia ser o primeiro astronauta negro, mas não chegou a ser.

Depois, veio Kennedy novamente, com o seu memorável discurso em Houston, em 1962, onde expõe as razões para “we choose to go to the moon”.

Por fim, o episódio relata que Kennedy falou com Khrushchov em 1962, de modo a fazerem uma missão conjunta à Lua. Em vez de competirem, cooperarem. EUA e USSR chegarem juntos à Lua. Khrushchov ia aceitar.
Mas Kennedy foi morto em 1963. E Khrushchov foi retirado do poder em 1964.
E, desta forma, a ideia de cooperação morreu.

(se os dois países tivessem ido à Lua conjuntamente, e os dois presidentes se tivessem mantido no poder mais alguns anos, imagino que o mundo (incluindo a Europa) tivesse uma história muito diferente – estou-me a lembrar do Muro de Berlim, que provavelmente não teria existido durante quase 30 anos, por exemplo)

2º episódio: Earthrise (O Nascer da Terra).

Este episódio cobre os anos de 1964 a 1968, focando-se sobretudo nas missões Apollo 1 e Apollo 8.

Em 1964, a NASA tinha um grave problema de financiamento.
Assim, tinha que manipular os Congressistas de modo a conseguir financiamento.
Além disso, tinha também que fazer muitas atividades de relações públicas de modo a conquistar a população americana.

Seguidamente, falou-se do Projeto Gemini.
Sobretudo da missão Gemini 8, que quase terminava em desastre. Mas Armstrong provou que era um excelente piloto durante crises de emergência. Essa foi uma das razões para ser escolhido para a missão de alto risco, Apollo 11.

Depois, foi descrito o desastre, em terra, em testes, da missão Apollo 1, matando os 3 astronautas, a 27 de Janeiro de 1967.
Curioso que tinha acontecido o mesmo na União Soviética: um incêndio na nave, durante um teste, que matou o cosmonauta. Mas a União Soviética ocultou isso, porque não divulgava os fracassos.

O ano de 1968 foi de convulsões sociais, com muitos tumultos nos EUA.
Várias batalhas raciais, alguns assassinatos muito importantes, e a Guerra do Vietname, colocavam o país a “ferro e fogo”.
No entanto, os astronautas viviam à parte disto tudo. Sabiam o que se passava, mas comportavam-se como se fizessem parte de outro planeta – ignorando o que se passava fora da NASA, no país real.

Posteriormente, foi descrito o desenvolvimento do melhor foguetão alguma vez construído: Saturn V – Saturno 5.
E o mérito foi todo de von Braun, e da sua equipa.
Existiram 13 lançamentos do foguetão Saturno. Nenhum deles explodiu. Isto mostra a competência das equipas lideradas por von Braun.

Depois, foi realçado o papel de Poppy Northcutt, engenheira e a única mulher no controlo da missão.

Por fim, foi dado grande destaque à missão Apollo 8, a primeira missão a sair da órbita da Terra. Eles saíram verdadeiramente da Terra, do campo gravitacional terrestre.
Na terceira órbita lunar, viram o nascer da Terra. A icónica imagem da Terra a nascer por trás da Lua.

Tendo em conta tudo o que se estava a passar nos EUA em termos sociais, este feito tecnológico levou uma mulher a escrever para a tripulação da Apollo 8, dizendo aos astronautas: Obrigado, vocês salvaram o ano de 1968.

3º episódio: Magnificent Desolation (Desolação Magnífica).

Todo este episódio é dedicado à missão Apollo 11.
O sonho, a prioridade de Kennedy, foi concretizado.

O episódio começa pelo acidente com o simulador do módulo lunar, pilotado por Armstrong.

A 15 de Julho de 1969, 1 milhão de pessoas foi até Cabo Canaveral para assistir ao vivo ao lançamento da missão Apollo 11.
Existe um fabuloso sentimento de “feira”, de concerto ao ar livre, de alegria, das pessoas para verem o lançamento da Apollo 11.

A 16 de Julho de 1969, deu-se o lançamento da missão Apollo 11.

A 20 de Julho de 1969, foi realizada a alunagem.
O episódio mostra belíssimas imagens da Lua.

A 24 de Julho de 1969, os astronautas voltaram sãos e salvos à Terra, após completarem a missão com sucesso.

Existiram desfiles de vitória, com os 3 astronautas, por todo o mundo.
O impacto cultural internacional deste sucesso foi incalculável.

Infelizmente, após conseguirem esta vitória, a população americana ficou desinteressada nas outras missões Apollo.
O objetivo estava cumprido: tinham ido à Lua.

Mas von Braun queria continuar. E até planeou um projeto para ter Humanos em Marte em 1985.
Mas os políticos (incluindo Governo) não quiseram saber. E retiraram os fundos à NASA.

Atualmente, a exploração espacial é feita por um programa robótico: sondas e rovers.

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