Bio-segurança Planetária

Com o incremento da exploração espacial feita por empresas privadas, algumas preocupações começam a aparecer.

Esta semana foi publicado um artigo no journal BioScience que discute a possibilidade da exploração espacial contaminar ambientes extraterrestres e de missões espaciais tripuladas trazerem organismos terrestres para a Terra.

Segundo a equipa internacional de cientistas que se debruçou sobre esta questão, é preciso criar regras para que a Terra não seja invadida por organismos (micróbios) extraterrestres, dando como exemplo o que aconteceu na Terra quando os humanos levaram organismos para novos ambientes terrestres promovendo uma invasão biológica e alterando a evolução natural do ecossistema.

Eles também dão como exemplo a sonda lunar Israelita (denominada Beresheet) que acidentalmente colidiu com a Lua. A sonda foi enviada por uma empresa privada (SpaceIL). O problema é que a sonda levava milhares de tardígrados, que sobrevivem em condições infernais (sem água, com temperaturas geladas e enormes doses de radiação). Supondo que os tardígrados sobreviveram ao acidente, podem ficar adormecidos/inativos na superfície lunar. Se o mesmo tipo de acidente acontecer em Marte, quiçá os organismos até podem sobreviver e prosperar no planeta vermelho.

Assim, argumentam eles, é preciso termos um plano para nos prepararmos contra acidentes que provoquem vazamentos biológicos.

O artigo, a discussão, parece-me excelente e muito detalhado. E está baseado numa longa e esplêndida bibliografia.
Mas também me parece um pouco precoce.

Até porque já existem protocolos de segurança biológica, de descontaminação/esterilização, nas sondas que enviámos para outros planetas.

Obviamente que quando os Humanos forem novamente à Lua e começarem a ir a outros planetas (como Marte), nessa altura também teremos que ter protocolos de modo a não trazer potenciais microorganismos de volta à Terra.
Nessa altura de missões tripuladas a Marte, provavelmente o maior problema será de saber se as companhias privadas irão (ou não) cumprir realmente os protocolos de bio-segurança.

No excelente artigo científico, além de planeamento antecipado e de protocolos, e da colaboração de especialistas internacionais em diferentes áreas, os autores sugerem que, em caso de acidente biológico, é essencial que haja uma deteção dessa invasão o mais rápido possível (early detection) e que a resposta a essa invasão seja bastante rápida (rapid response). Estas são características cruciais para se conseguir conter a invasão extraterrestre microbiana (apesar de poder ser extremamente difícil detectar/identificar organismos extraterrestres desconhecidos).

Fontes: artigo científico, Science Daily.

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