Planetas Hycean

Créditos: Amanda Smith, Nikku Madhusudhan, University of Cambridge

Recentemente, tem se falado num novo tipo de planeta, uma nova sub-categoria convencionada pelos Humanos, a que se decidiu chamar Hycean planet: um planeta quente, coberto de água, com uma atmosfera rica em hidrogénio, que seria capaz de conter vida tal como a conhecemos.
Neste momento, ainda é um planeta hipotético, já que não descobrimos qualquer planeta deste género…. a não ser na ficção científica, claro. Assim de repente, lembro-me do Planeta de Miller (no filme Interestelar) ou alguns planetas de Star Wars, como Kamino e Manaan.

São planetas oceânicos, em que o oceano de água cobre todo o planeta.
São mini-Neptunos, cobertos de água, em que as condições nesses oceanos extraterrestres são semelhantes às condições habitáveis dos oceanos da Terra.

Dos quase 5000 exoplanetas já descobertos, os mais comuns têm sido os mini-Neptunos e super-Terras, com diâmetros entre o terrestre e o de Neptuno.

Ao estudarem o exoplaneta K2-18b, os astrónomos da Universidade de Cambridge perceberam (aqui) que este mini-Neptuno pode ser um Hycean Planet.

Assim, os astrónomos perceberam que poderíamos alargar a procura de vida extraterrestre a estes planetas.
Em vez de nos restringirmos a pequenos planetas rochosos como a Terra a uma certa distância da estrela, buscando indicadores de vida como o oxigénio, metano, etc, poderíamos alargar essa procura de vida extraterrestre a planetas cobertos de água, com atmosferas ricas em hidrogénio (que é o elemento mais abundante do Universo).
E foi isso que eles publicaram num artigo científico (aqui e aqui).

Depois, é tentar encontrar bio-marcadores nesses mundos ricos em hidrogénio, como cloreto de metila (clorometano), sulfato de dimetila, sulfato de carbonila, ou outros compostos químicos que entendamos como essenciais à vida como a conhecemos (se bem que poderão ter outra explicação, que não biológica). O objetivo é tentar encontrar vida aquática microbiana semelhante à que se formou nos nossos oceanos.

Estes Hycean Planets (Planetas Hiceânicos = Hidrogénio + Oceanos), devem ter diâmetros entre 2 a 3 vezes o diâmetro da Terra, e até 10 vezes a massa da Terra. Eles poderão ter temperaturas atmosféricas até 200ºC, e uma enorme pressão atmosférica (permitindo a existência de água líquida). As suas atmosferas serão ricas em hidrogénio. E, claro, deverão ter oceanos globais (um oceano que cobre todo o planeta) mais amenos, capazes de suportar vida microbiana tal como existem alguns extremófilos nos nossos oceanos.
As vantagens de estudar biologicamente estes planetas (em vez de planetas como a Terra) é que além de serem maiores, potencialmente poderão ter zonas habitáveis muito mais largas que os planetas como a Terra, o que aumenta a probabilidade de encontrarmos vida como a conhecemos.

K2-18b deverá ser um dos alvos do Telescópio Espacial James Webb quando estiver totalmente operacional.
Afinal, apesar de estar localizado a 124 anos-luz de distância da Terra e de orbitar uma estrela anã vermelha, este planeta tem uma massa 8 vezes superior à da Terra, sendo classificado como uma super-Terra ou um mini-Neptuno, e tem sido considerado um Planeta Hiceânico. Curiosamente, está na zona habitável da sua estrela (o seu ano tem 33 dias), e em 2019, os astrónomos descobriram que ele tem muito vapor de água na sua atmosfera.

Fontes: comunicado de imprensa, Many Worlds, Smithsonian Magazine, Earth Sky, Science Alert.

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