Dietas da moda ridículas

O jornal Sunday Telegraph publicou uma história muito interessante sobre as dietas da moda.

Quando tinha 21 anos, Ella Mills criou um blog onde colocava as receitas que ia fazendo, sempre com a descrição de que eram dietas saudáveis: era a chamada comida saudável, baseada sobretudo nas plantas.
O blog chama-se Deliciously Ella.

O blog foi crescendo, e ela foi-se tornando mais profissional, tentando aprender bastante sobre a comida que ia fazendo.
Com isto, ela própria foi evoluindo, promovendo o pensamento crítico, confiando nos especialistas, bebendo conhecimento, etc. Ela diz que as suas suas opiniões são, atualmente, baseadas em dados empíricos.
Assim, o blog evoluiu, tendo entrevistas com médicos, nutricionistas, investigadores, psicólogos e demais profissionais-especialistas que trabalham nesta área.
Posteriormente, ela própria tirou um curso de nutricionismo.

Munida desse conhecimento dos especialistas, e com a sua própria experiência, ela foi percebendo o que funcionava e o que não funcionava.

Atualmente, apesar de deter um império empresarial na área do bem-estar, ela é uma feroz crítica das dietas da moda, que ela diz que só servem para confundir e enganar as pessoas (já que não servem para nada, a não ser para as pessoas gastarem dinheiro).

Por exemplo, ela afirma que a dieta 5:2, promovida pelos evangélicos – que diz que as pessoas devem comer normalmente durante 5 dias e depois nos outros 2 dias não comerem nada durante 18 horas por dia – é uma moda atual que não faz qualquer sentido.

Sobre a dieta Keto – que defende o baixo consumo de hidratos de carbono, sendo que as calorias vêm das proteínas e da gordura -, ela afirma que é uma dieta ridícula. Esta dieta tornou-se popular como uma ferramenta para perder peso; no entanto, a pessoa depois ganha ainda mais peso. Além da pessoa poder desenvolver pressão arterial baixa, pedras nos rins, doenças cardíacas, distúrbios alimentares, etc.
O problema é que esta dieta – como muitas outras – são vendidas para perda de peso, em vez de serem ferramentas da pessoa comer de forma saudável.
Mills explica que esta dieta foi criada na Austrália para certas pessoas com necessidades médicas especiais. Sem supervisão médica, esta dieta pode ser um desastre, porque as pessoas deixam de consumir fibra, por exemplo.

Várias dietas, como a Keto, só são benéficas por razões médicas especiais, para algumas pessoas, e sob supervisão médica.
Aplicar à população em geral é uma ideia terrível.


A mensagem dela é: siga a dieta que fôr melhor para si, para o seu corpo.
Mas primeiro, consulte os especialistas. Aconselhe-se junto de médicos e nutricionistas.
Depois de seguirem uma dieta saudável, adaptem essa dieta à vossa vida.


Mills diz que o importante é a pessoa alimentar-se de forma saudável (e não para perder peso).

Atualmente, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, 71% das mortes prematuras são devido a doenças causadas pelo estilo de vida (lifestyle) da pessoa.
60% da alimentação no Reino Unido é baseada em comida ultra-processada.
A grande maioria das pessoas só ingere metade da fibra que necessita diariamente.
Só 25% das pessoas come 5 vezes por dia. A regra devia ser comer mais vezes por dia.

Mills não confia nos produtos baseados em plantas que se fazem passar por carne, já que são comida demasiado processada.

Ela também diz que a dieta afeta as alterações climáticas: se queremos diminuir o nosso impacto no clima, temos que deixar de comer tanta carne: as condições para os animais nessas “fábricas de produção de carne” são péssimas.


Por fim, ela segue uma dieta baseada em plantas, porque funciona para ela.
Mas ela não pretende convencer ninguém a fazê-lo: cada pessoa deve seguir o que quiser.

Além disso, segundo Mills, uma dieta baseada em plantas não quer dizer que só se coma plantas.
Baseada em plantas quer dizer que se come mais plantas, que outros produtos.
E, segundo ela, cada vez mais pessoas estão a comer mais plantas. E isso é ótimo.

Ela é contra os extremismos/fundamentalismos de se dizer: “só como plantas”, “a partir de amanhã, só como X”, “a partir de amanhã, não como mais Y”, etc.
Segundo Mills, estes extremismos só têm o efeito inverso: as próprias pessoas fartam-se dessas dietas uni-dimensionais.

Mills afirma: comer alimentos baseados em plantas não leva – nem deve levar – as pessoas a excluírem outros alimentos saudáveis.

Podem ler o artigo completo, no The Sunday Telegraph, aqui.

2 comentários

    • Nuno José Almeida on 23/09/2022 at 08:14
    • Responder

    60% da alimentação no Reino Unido é baseada em comida ultra-processada.

    Fiquei chocado com esta informação. 60% é mesmo muito.

    1. Eu não confirmei a informação. Baseei-me no que é dito no artigo.

      No entanto, procurei agora no Google…

      Este artigo é de 2018, refere um estudo, e na altura já era 50%.
      https://www.theguardian.com/science/2018/feb/02/ultra-processed-products-now-half-of-all-uk-family-food-purchases

      Em Portugal eram só 13% 😉
      https://www.cambridge.org/core/journals/public-health-nutrition/article/household-availability-of-ultraprocessed-foods-and-obesity-in-nineteen-european-countries/D63EF7095E8EFE72BD825AFC2F331149

      abraço!

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