James Webb Space Telescope obteve fantásticas imagens de Neptuno

Com a descoberta no polo sul do gigante de gelo duma faixa de nuvens que encima um vórtex já conhecido, o James Webb presenteou-nos com uma série de imagens do oitavo planeta que são duma nitidez e beleza fascinantes.

Créditos NASA, ESA, CSA, STSCI (Space Telescope Science Institute)

Desde 1989, quando a Voyager 2 fez um “fly-by” por Neptuno, que não observávamos estes detalhes no planeta. Desde logo os seus discretos anéis (que o James Webb revela em plenitude), passando pelas faixas de nuvens polares, sendo a do polo sul uma novidade para nós, e as magníficas bandas de poeiras que envolvem com certa suavidade todo o Planeta, cruzando-o em vários sentidos e expandindo-se com relevância pelo espaço circundante.

Muito subtil, surge uma linha brilhante e muito fina que percorre o Equador, e que poderá ser uma assinatura de grande interesse para melhor se entender a circulação atmosférica de Neptuno, que por sua vez alimenta os poderosos ventos de velocidades por norma de 1.120 km/h e as muito dinâmicas tempestades que atingem cerca de 2.000 km/h.

Mas… porque é Neptuno branco e não azul nas imagens do James Webb?

É que Neptuno é rico em elementos mais pesados do que o Hidrogénio e o Hélio, o que o faz aparecer azul nas imagens do Telescópio Espacial Hubble.

Nas observações obtidas a 7 de setembro de 2021, os cientistas notaram que a mancha escura de Neptuno, que recentemente se descobriu que inverteu o rumo em direção ao equador, ainda é visível nesta imagem, juntamente com um hemisfério norte escurecido. Há também um círculo escuro e alongado notável que abrange o polo sul de Neptuno. A cor azul de Neptuno e de Úrano é resultado da absorção da luz vermelha pelas atmosferas ricas em metano dos planetas.
Crédito: Telescópio Espacial Hubble.

Ora o instrumento NIRCam do James Webb capta os fotões na faixa do infravermelho próximo, nos comprimentos de onda de 0,6 a 5 micra, pelo que Neptuno não surge azul nessas imagens.

Na realidade o GÁS de metano absorve tão fortemente a luz vermelha e infravermelha que o Planeta fica muito escuro no infravermelho próximo, excepto quando se captam nuvens de alta altitude.

Estas nuvens de GELO de metano são conspícuas e assumem formas de faixas e de manchas muito brilhantes  que reflectem a luz do Sol antes que  esta seja absorvida pelo gás de metano.

Há agora todo um acervo de vários telescópios, espaciais e terrestres, que registam a rápida evolução destas nuvens, pelo que a galeria do James Webb possibilita um melhor estudo dessa evolução.

E uma Lua, Tritão, que parece ser uma estrela? 

Créditos: NASA, ESA, CSA, STSCI

O James Webb também captou 7 das 14 luas de Neptuno: Galateia, Náiade, Talassa, Despina, Larissa, Proteu e Tritão.

O que em cima parece ser uma estrela com os picos de difração de  luz característicos de muitas imagens do Webb é na realidade a lua Tritão.

Esta lua reflecte cerca de 70 % da luz que recebe do Sol, brilhando muito mais do que Neptuno já que a atmosfera deste é escurecida pela absorção do metano no Infravermelho Próximo, onde opera este instrumento do Webb (que tem outra instrumentação no Infravermelho Médio).

Tritão tem este albedo tão elevado de 0.70, idêntico ao dos gelos dos nossos oceanos, em virtude de estar coberto por um condensado de Azoto (Nitrogênio, no Brasil) gelado que emite este brilho resplandecente.

Créditos: NASA, ESA, CSA, STSCI.

Tritão tem ainda uma órbita retrógrada incomum (no sentido dos ponteiros do relógio), sendo que a larga maioria das órbitas das luas do Sistema Solar são prógradas, no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio.

Por este motivo, especula-se que Tritão terá sido num distante passado um objecto do Cinturão de Kuiper (onde está o nosso amigo Plutão) que terá sido gravitacionalmente capturado pelo fotogénico Neptuno.

Créditos: NASA, ESA, CSA, STSCI.

Esta imagem magnífica de grande angular revela centenas de galáxias distantes da Via Láctea.


Em baixo, por comparação, vemos os anéis de Neptuno em imagens captadas pela Voyager 2, em 1989, no seu fly-by.

1 comentário

  1. “Em baixo, por comparação, vemos os anéis de Neptuno em imagens captadas pela Voyager 2, em 1989, no seu fly-by.”

    Em somente 30 anos, a diferença é estonteante!

    E em 1989, a sonda passou perto do planeta… agora, o telescópio está a mais de 4 biliões de quilómetros de distância.
    O que torna a comparação ainda mais impressionante!

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