Nocebo das estatinas

Crédito: Christina Victoria Craft, Unsplash

As estatinas são uma classe de fármacos que se utilizam por exemplo para controlar os níveis de colesterol. Os medicamentos reduzem o risco de doenças cardio-vasculares, enfartes, AVCs, etc.

O problema é que as pessoas que tomam estes fármacos reportam diversos efeitos secundários adversos, como dores musculares, fadiga, etc.

Apesar de já existirem estudos que tiveram resultados no mesmo sentido, foi feito recentemente um enorme estudo (com uma amostra bastante grande) que permitiu confirmar que alguns desses efeitos secundários eram devido ao nocebo.

No Hospital da Luz, aqui, é referido o estudo clínico SAMSON, que analisou 60 doentes. Durante 3 meses, eles foram divididos em pacientes que tomavam medicação com estatina, pacientes que tomavam um placebo (comprimido sem qualquer efeito) e pacientes que não tomavam qualquer medicação. Foi-lhes pedido que reportassem os sintomas. Os doentes que reportaram mais efeitos secundários foram aqueles que durante esse período não tomaram qualquer medicação. Os doentes que tomavam o placebo tiveram os mesmos sintomas daqueles que tomaram os comprimidos com estatina. A conclusão foi que 90% das queixas atribuídas ao medicamento, eram na verdade fruto do nocebo: expectativa pessimista da pessoa que acha que se estiver a tomar X deve ter o efeito nocivo Y.

Recentemente, no Reino Unido, através de investigadores da Universidade de Oxford, foi feito um estudo com informação de quase 155 mil pacientes que tomavam medicamentos com estatina, avaliados durante 2 anos.
As conclusões foram claras: 90% dos relatos de dores musculares não eram devido à estatina.
Grande parte das dores musculares eram fruto da idade adulta mais avançada, e não devido aos medicamentos.
Assim, os medicamentos tinham benefícios na prevenção da doença cardiovascular muito superiores aos efeitos adversos da medicação.
Podem ler o artigo científico, aqui, e o comunicado de imprensa, aqui e aqui.
A comunicação social inglesa deu grande destaque a este estudo, como se pode ver aqui e aqui.

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